Ensaio poderoso explora a identidade de pessoas albinas na África

Sentir-se como um estranho, mesmo que em terras familiares, pode ser característica essencial do ser humano. Para algumas pessoas, porém, isso é mais do que uma metáfora – é a realidade que enfrentam os albinos em certas regiões da África, como no Quênia, onde são tratados com preconceito e desdém, e até mesmo como seres mágicos, e que por isso podem ser literalmente caçados e mortos por partes de seu corpo como amuletos, principalmente na região da Tanzânia.

Do Hypeness 

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Enfrentar tais estigmas foi a tarefa a que se propôs a fotógrafa Sarah Waiswa, a fim de registrar “os desafios que emanam do sol e da sociedade” na vida dos albinos na África subsaariana. Para isso Sarah registrou a jovem ativista albina Florence Kisombe pelas ruas da favela de Kibera, em Nairobi, no Quênia (a maior favela urbana em tamanho de toda o continente).

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A sensação de isolamento e rejeição, que tanto marcam a identidade mais profunda dos albinos por lá, tornam-se gritantes em cada uma das belas imagens que formam o ensaio precisamente intitulado Stranger in a Familiar Land (“Estranho em uma terra familiar”). A maneira extravagante com que Florence se veste, suas tranças roxas, seus óculos e maquiagem se impõem como espécie de máscara e, ao mesmo tempo, nudez de sua própria condição.

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O ensaio já trouxe alguns prêmios à Sarah, e através de sua fotografia a artista procura explorar o que chama de “nova identidade africana”, a partir de uma geração menos concebida sob as expectativas e tradições do passado africano. A própria ideia de ser albino em um continente em que a cor da pele é símbolo de todo horror sofrido e cada maravilha criada como resposta a esses horrores torna-se metáfora poderosa sobre a tudo que diz respeito às diversidades e adversidades da condição humana em convívio.

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Todas as fotos © Sarah Waiswa 

 

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