Envie seu texto para o Portal
domingo, janeiro 24, 2021
Portal Geledés
  • Home
  • Geledés
    • O Geledés
    • Quem Somos
    • O que fazemos?
    • Projetos em Andamento
      • PLPs em Ação – Geledés no Enfrentamento ao coronavírus
    • Apoiadores & Parceiros
    • Geledés no Debate
    • Guest Post
    • Gęlędę na tradição yorubá
    • Publicações de Geledés
    • Geledés 30 anos
    • Memória Institucional
    • Worldwide
  • Questões de Gênero
    • Todos
    • LGBTQIA+
    • Marielle Franco
    • Mulher Negra
    • Sueli Carneiro
    • Violência contra Mulher
    DAVE KOTINSKYGETTY IMAGES

    Quem é Amanda Gorman, a poeta de 22 anos convidada para a posse de Biden

    Barbie de Maya Angelou || Reprodução Instagram

    Escritora e ativista Maya Angelou ganha Barbie em sua homenagem no mês da História Negra

    Anielle Franco (Foto: Bléia Campos)

    Mulheres pretas acadêmicas

    Mônica Calazans tem 54 anos e trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (Foto: Arquivo pessoal)

    Primeira a ser vacinada é mulher, negra e enfermeira do Emílio Ribas em SP

    Primeira vereadora negra eleita na Câmara de Curitiba, Carol Dartora recebeu ameaças de morte por e-mail (DIVULGAÇÃO/Imagem retirada do site El País)

    Ameaças de neonazistas a vereadoras negras e trans alarmam e expõem avanço do extremismo no Brasil

    Ingrid Silva é a primeira bailarina negra e brasileira a ser palestrante principal em Harvard

    Pesquisadoras também produziram livreto em homenagem às profissionais que atuam no combate ao coronavírus - Ilustrações: Marcelo Jean Machado

    Projeto dá visibilidade ao trabalho de cientistas negras brasileiras de forma lúdica

    Divulgação

    2º Festival Frente Feminina abre inscrições e seleciona artistas negras para residência artística virtual

    A cantora Alaíde Costa Kazuo Kajihara/ Sesc-SP

    ‘Não tenho muito o que me queixar da vida’, diz a cantora Alaíde Costa

    Trending Tags

      • Mulher Negra
      • Violência contra Mulher
      • LGBTQIA+
      • Sueli Carneiro
      • Marielle Franco
    • Questão Racial
      • Todos
      • Artigos e Reflexões
      • Casos de Racismo
      • Cotas Raciais
      • Violência Racial e Policial
      Imagem: Júlia Rodrigues/Divulgação

      Emicida e o direito de sermos quem somos

      Comissão ARNS (Divulgação )

      Brasil: etnocracia branca contra a maioria negra

      Aliyyah e Yasmeen Koloc/ Imagem retirada do site UOL

      Irmãs de 16 anos são alvos de racismo e sexismo no Rally Dakar; FIA repudia

      Reprodução/Facebook

      O que será dos profissionais de saúde que distorcem a ciência?

      Bianca Santana - Foto: João Benz

      “Mas morreu esse tanto de gente por covid-19 mesmo?”

      Arquivo Pessoal

      O Sol de Cada Um

      Alicia Keys (Foto: Rob Latour/Shutterstock)

      Alicia Keys pede para Joe Biden lançar iniciativa de justiça racial nos EUA

      Enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, é a primeira brasileira a receber dose da vacina Coronavac (Foto: Governo do Estado de São Paulo / Divulgação)

      “Precisa dizer que Mônica é negra?”: o racismo à brasileira e a CoronaVac 

      Em foto de 2019, Ananda Portela segura a mão da avó, internada com covid-19 Imagem: Acervo Pessoal

      Após o final do ano, a covid-19 explodiu em minha família – e no país

      Trending Tags

      • #memoriatemcor
      • Artigos e Reflexões
      • Casos de Racismo
      • Cotas Raciais
      • Violência Racial e Policial
    • Em Pauta
    • Discriminação e Preconceitos
      • Todos
      • Casos de Preconceito
      • Defenda-se
      Maíra Vida: Advogada, Professora, Conselheira Estadual da OAB BA e Presidenta da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa (Foto: Angelino de Jesus)

      Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

      GettyImagesBank

      13 palavras e expressões da língua portuguesa para não usar mais

      Racismo e desigualdades: o que há de democrático na Covid-19?

      Trending Tags

        • Defenda-se
      • África e sua diáspora
        • Todos
        • Africanos
        • Afro-americanos
        • Afro-brasileiros
        • Afro-brasileiros e suas lutas
        • Afro-canadenses
        • Afro-europeus
        • Afro-latinos e Caribenhos
        • Entretenimento
        • Esquecer? Jamais
        • Inspiradores
        • No Orun
        • Patrimônio Cultural
        A historiadora e militante negra Beatriz Nascimento (1942-1995), cuja vida e pensamento conduzem a narrativa do documentário 'Ôrí' (Foto: REPRODUÇÃO/ORI)

        Antes de ‘AmarElo’ de Emicida, estes documentários já contavam a trajetória do negro no Brasil

        Rainha Abla Pokou (Foto: Imagem retirada do site DW)

        Rainha Abla Pokou: Mãe do povo Baoulé da Costa do Marfim

        Jessica Ellen em foto de divulgação do single Pomba Gira (Foto: Gabriella Maria)

        Jéssica Ellen canta a Umbanda e celebra ancestralidade em ‘Macumbeira’: ‘Conexão espiritual’

        Tatiana Tibúrcio levou o prêmio APCA de Melhor Atriz por sua interpretação da doméstica Mirtes Souza, no especial 'Falas Negras' — Foto: TV Globo/Victor Pollak

        Tatiana Tibúrcio ganha o prêmio APCA de Melhor Atriz por atuação em ‘Falas Negras’

        Edneia Limeira dos Santos - Foto: Nego Júnior

        Samba Rock na Cidade de São Paulo: Uma Análise da Evolução do Gênero Desde os Anos 1970 nos Bailes Blacks, até o Registro Como Patrimônio Cultural Imaterial

        Francisco Ribeiro Eller (ou Chico Chico), 27 anos (Foto: Marina Zabenzi)

        Chicão, filho de Cássia Eller: ‘Batalha das minhas mães é parte do que sou’

        Elenco de 'Uma Noite em Miami' (Foto: Patti Perret/Amazon)

        ‘Uma Noite em Miami’: Regina King celebra o homem negro em encontro estelar

        O protagonista de "Os Intocáveis", Omar Sy, (Foto: Jordan Strauss/Invision/AP - Jordan Strauss)

        Além de Lupin: conheça a carreira de Omar Sy em 5 filmes

        O escritor nigeriano Wole Soyinka, durante visita ao Brasil em 2015 - Bruno Poletti/Folhapress

        ‘Aké’ é oportunidade de ler Wole Soyinka, um dos maiores nomes da África

        Trending Tags

          • Africanos
          • Afro-americanos
          • Afro-brasileiros
          • Afro-brasileiros e suas lutas
          • Afro-canadenses
          • Afro-europeus
          • Afro-latinos e Caribenhos
          • Entretenimento
          • Esquecer? Jamais
          • Inspiradores
          • No Orun
          • Patrimônio Cultural
        Sem resultados
        Ver todos os resultados
        • Home
        • Geledés
          • O Geledés
          • Quem Somos
          • O que fazemos?
          • Projetos em Andamento
            • PLPs em Ação – Geledés no Enfrentamento ao coronavírus
          • Apoiadores & Parceiros
          • Geledés no Debate
          • Guest Post
          • Gęlędę na tradição yorubá
          • Publicações de Geledés
          • Geledés 30 anos
          • Memória Institucional
          • Worldwide
        • Questões de Gênero
          • Todos
          • LGBTQIA+
          • Marielle Franco
          • Mulher Negra
          • Sueli Carneiro
          • Violência contra Mulher
          DAVE KOTINSKYGETTY IMAGES

          Quem é Amanda Gorman, a poeta de 22 anos convidada para a posse de Biden

          Barbie de Maya Angelou || Reprodução Instagram

          Escritora e ativista Maya Angelou ganha Barbie em sua homenagem no mês da História Negra

          Anielle Franco (Foto: Bléia Campos)

          Mulheres pretas acadêmicas

          Mônica Calazans tem 54 anos e trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (Foto: Arquivo pessoal)

          Primeira a ser vacinada é mulher, negra e enfermeira do Emílio Ribas em SP

          Primeira vereadora negra eleita na Câmara de Curitiba, Carol Dartora recebeu ameaças de morte por e-mail (DIVULGAÇÃO/Imagem retirada do site El País)

          Ameaças de neonazistas a vereadoras negras e trans alarmam e expõem avanço do extremismo no Brasil

          Ingrid Silva é a primeira bailarina negra e brasileira a ser palestrante principal em Harvard

          Pesquisadoras também produziram livreto em homenagem às profissionais que atuam no combate ao coronavírus - Ilustrações: Marcelo Jean Machado

          Projeto dá visibilidade ao trabalho de cientistas negras brasileiras de forma lúdica

          Divulgação

          2º Festival Frente Feminina abre inscrições e seleciona artistas negras para residência artística virtual

          A cantora Alaíde Costa Kazuo Kajihara/ Sesc-SP

          ‘Não tenho muito o que me queixar da vida’, diz a cantora Alaíde Costa

          Trending Tags

            • Mulher Negra
            • Violência contra Mulher
            • LGBTQIA+
            • Sueli Carneiro
            • Marielle Franco
          • Questão Racial
            • Todos
            • Artigos e Reflexões
            • Casos de Racismo
            • Cotas Raciais
            • Violência Racial e Policial
            Imagem: Júlia Rodrigues/Divulgação

            Emicida e o direito de sermos quem somos

            Comissão ARNS (Divulgação )

            Brasil: etnocracia branca contra a maioria negra

            Aliyyah e Yasmeen Koloc/ Imagem retirada do site UOL

            Irmãs de 16 anos são alvos de racismo e sexismo no Rally Dakar; FIA repudia

            Reprodução/Facebook

            O que será dos profissionais de saúde que distorcem a ciência?

            Bianca Santana - Foto: João Benz

            “Mas morreu esse tanto de gente por covid-19 mesmo?”

            Arquivo Pessoal

            O Sol de Cada Um

            Alicia Keys (Foto: Rob Latour/Shutterstock)

            Alicia Keys pede para Joe Biden lançar iniciativa de justiça racial nos EUA

            Enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, é a primeira brasileira a receber dose da vacina Coronavac (Foto: Governo do Estado de São Paulo / Divulgação)

            “Precisa dizer que Mônica é negra?”: o racismo à brasileira e a CoronaVac 

            Em foto de 2019, Ananda Portela segura a mão da avó, internada com covid-19 Imagem: Acervo Pessoal

            Após o final do ano, a covid-19 explodiu em minha família – e no país

            Trending Tags

            • #memoriatemcor
            • Artigos e Reflexões
            • Casos de Racismo
            • Cotas Raciais
            • Violência Racial e Policial
          • Em Pauta
          • Discriminação e Preconceitos
            • Todos
            • Casos de Preconceito
            • Defenda-se
            Maíra Vida: Advogada, Professora, Conselheira Estadual da OAB BA e Presidenta da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa (Foto: Angelino de Jesus)

            Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

            Foto: Deldebbio

            Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

            FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

            Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

            A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

            Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

            Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

            Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

            (Jonathan Alcorn/AFP/)

            Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

            Imagem: Geledes

            Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

            GettyImagesBank

            13 palavras e expressões da língua portuguesa para não usar mais

            Racismo e desigualdades: o que há de democrático na Covid-19?

            Trending Tags

              • Defenda-se
            • África e sua diáspora
              • Todos
              • Africanos
              • Afro-americanos
              • Afro-brasileiros
              • Afro-brasileiros e suas lutas
              • Afro-canadenses
              • Afro-europeus
              • Afro-latinos e Caribenhos
              • Entretenimento
              • Esquecer? Jamais
              • Inspiradores
              • No Orun
              • Patrimônio Cultural
              A historiadora e militante negra Beatriz Nascimento (1942-1995), cuja vida e pensamento conduzem a narrativa do documentário 'Ôrí' (Foto: REPRODUÇÃO/ORI)

              Antes de ‘AmarElo’ de Emicida, estes documentários já contavam a trajetória do negro no Brasil

              Rainha Abla Pokou (Foto: Imagem retirada do site DW)

              Rainha Abla Pokou: Mãe do povo Baoulé da Costa do Marfim

              Jessica Ellen em foto de divulgação do single Pomba Gira (Foto: Gabriella Maria)

              Jéssica Ellen canta a Umbanda e celebra ancestralidade em ‘Macumbeira’: ‘Conexão espiritual’

              Tatiana Tibúrcio levou o prêmio APCA de Melhor Atriz por sua interpretação da doméstica Mirtes Souza, no especial 'Falas Negras' — Foto: TV Globo/Victor Pollak

              Tatiana Tibúrcio ganha o prêmio APCA de Melhor Atriz por atuação em ‘Falas Negras’

              Edneia Limeira dos Santos - Foto: Nego Júnior

              Samba Rock na Cidade de São Paulo: Uma Análise da Evolução do Gênero Desde os Anos 1970 nos Bailes Blacks, até o Registro Como Patrimônio Cultural Imaterial

              Francisco Ribeiro Eller (ou Chico Chico), 27 anos (Foto: Marina Zabenzi)

              Chicão, filho de Cássia Eller: ‘Batalha das minhas mães é parte do que sou’

              Elenco de 'Uma Noite em Miami' (Foto: Patti Perret/Amazon)

              ‘Uma Noite em Miami’: Regina King celebra o homem negro em encontro estelar

              O protagonista de "Os Intocáveis", Omar Sy, (Foto: Jordan Strauss/Invision/AP - Jordan Strauss)

              Além de Lupin: conheça a carreira de Omar Sy em 5 filmes

              O escritor nigeriano Wole Soyinka, durante visita ao Brasil em 2015 - Bruno Poletti/Folhapress

              ‘Aké’ é oportunidade de ler Wole Soyinka, um dos maiores nomes da África

              Trending Tags

                • Africanos
                • Afro-americanos
                • Afro-brasileiros
                • Afro-brasileiros e suas lutas
                • Afro-canadenses
                • Afro-europeus
                • Afro-latinos e Caribenhos
                • Entretenimento
                • Esquecer? Jamais
                • Inspiradores
                • No Orun
                • Patrimônio Cultural
              Sem resultados
              Ver todos os resultados
              Portal Geledés
              Sem resultados
              Ver todos os resultados

              Entrevista: “A gente tem um projeto de liberdade e transformação para a nossa cidade”, afirma Vilma Reis, pré-candidata a prefeitura de Salvador

              04/08/2019
              em Mulher Negra
              Tempo de leitura: 16 min.

              Segunda pré-candidata negra à Prefeitura de Salvador a ser entrevistada pelo portal Mídia 4P, a socióloga Vilma Reis, que é filiada ao PT, teve sua candidatura lançada no dia 2 de julho, maior data cívica do Estado (e data de nascimento desta plataforma), por uma articulação de mulheres negras reunidas no Fórum Marielles. Dona de uma extensa história de militância, Vilma abordou, neste bate-papo, temas como os planos políticos do grupo caso não tenham a candidatura aceita pelo PT, os projetos dela para a cidade de Salvador, as possibilidades de criar aliança em torno de um nome para as eleições de 2020, além de falar sobre a construção feita, até aqui, para concretizar o desejo de eleger uma negra para o Thomé de Souza.

              Por Yuri Silva, Do Mídia 4P

              Vilma Reis- mulher negra, de cabelo preso, vestindo camiseta e casaco branco e um cachecol vermelho- sentada gesticulando com as mãos.
              Vilma Reis conversou com o Mídia 4P no café e na biblioteca do ICBA (Foto: Midiã Noelle/Mahin)

               

              ArtigosRelacionados

              Atila Roque (Foto: Reprodução Fopir/Youtube)

              Radicalismo inaceitável

              20/01/2021
              Arquivo Pessoal

              Mulheres negras, política e cultura do cancelamento no Brasil republicano

              20/01/2021
              Imagem: Arquivo Pessoal

              “Lutei e provei inocência do meu filho, hoje ajudo mães em penitenciárias”

              18/01/2021

              Lutas como a do Quilombo Rio dos Macacos, da implantação das ações afirmativas na UFBA, a construção do Ceafro e de outras iniciativas antirracistas na cidade também foram lembradas pela professora, filha do bairro de Marechal Rondon, nesta entrevista exclusiva.

              Essa é a primeira vez que Vilma Reis fala à imprensa, neste formato de entrevista ping-pong, após o lançamento da sua pré-candidatura.

              Vilma aproveitou a ocasião para elogiar a entrevista do presidente e fundador do bloco afro Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô, quadro do PDT que também é pré-candidato ao comando do Executivo municipal, que inaugurou esta sequência de entrevistas.

              Na ocasião, ele decretou: “Se for uma mulher negra, é melhor ainda”.

              Para Vilma, a afirmação de Vovô é fruto da “organização matrifocal” da qual ele é originário. E ela sentencia, ao comentar a ebulição de pré-candidaturas negras a cargos eletivos na capital baiana: “Nós mudamos as eleições de 2020, mudamos a história do ano de 2020. Atiramos uma pedra ontem num pássaro que só vai chegar amanhã”.

              AGENDA DA SÉRIE DE ENTREVISTAS

              Conforme divulgado pelo Mídia 4P, as entrevistas serão publicadas na ordem e à medida em que forem feitas, com todos os candidatos negros que colocarem o próprio nome oficialmente na disputa pelo cargo de prefeito.

              Até então, além de Vovô e Vilma Reis, já lançaram oficialmente seus nomes para o posto o vereador de Salvador Moisés Rocha (PT) e o deputado federal do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra Valmir Assunção (PT).

              Por um erro, Rocha e Assunção não haviam sido citados inicialmente na primeira reportagem publicada pelo Mídia 4P anunciando a série de entrevistas especiais. Contudo, os leitores sempre atentos da plataforma nos alertaram para o equívoco e, na sequência, convidamos os dois parlamentares para compor a rodada de entrevistas.

              A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) e o vereador de Salvador Sílvio Humberto (PSB) também foram convidados para a série de entrevistas. Embora não tenham lançado suas pré-candidaturas, ambos são postulantes naturais dentro das suas legendas à Prefeitura e não escondem o desejo de disputar o comando do Executivo Municipal soteropolitano.

              O presidente do PSOL Bahia, o sociólogo Fábio Nogueira, informou à reportagem que a sigla não tomou definição sobre o pleito do próximo ano. Além disso, nenhum nome da legenda colocou-se publicamente como pré-candidato, até então. Por isso, nenhum quadro do partido foi convidado.

              Outros pré-candidatos negros que por ventura coloquem seus nomes na disputa pela Prefeitura, mesmo que isso aconteça após o início das publicações, também serão convidados a dar entrevista para esta série, que tem o objetivo de dar voz a essas lideranças políticas de Salvador.

              Moisés Rocha dará entrevista ao Mídia 4P na próxima segunda-feira, dia 5, e sua entrevista será publicada no dia seguinte. Até o momento, ainda aguardamos resposta dos outros pré-candidatos convidados.

              Agora, vocês leem a entrevista com Vilma Reis.

              MÍDIA 4P – A candidatura da senhora foi lançada no dia 2 de julho por uma articulação de mulheres negras. Existem movimentos na cidade pra lançar outras candidaturas negras para o Executivo e para o Legislativo municipal. Qual a intenção de lançar a candidatura de Vilma Reis, que tem uma história de militância, numa cidade que nunca elegeu um prefeito negro e que, à exceção da ex-prefeita Lídice da Mata (à época no PSDB), nunca elegeu um candidato de esquerda?

              Vilma Reis – Essa é a primeira entrevista que estou concedendo como pré-candidata nesse formato. Então quero falar da minha emoção de fazer essa entrevista contigo, pois é selar muitas lutas que estão em curso e que somos parte. O movimento de mulheres negras lançou nossa pré-candidatura no dia 2 de julho, maior data cívica da Bahia, é verdade, pois para nós é um ato de interromper a colonização no território politico da nossa cidade. Nós entendemos que a proposta que a gente colocou sobre a mesa é irreversível. Nós estamos interrompendo um capítulo dos colonizadores. Há uma adesão nacional a essa proposta e nós não estamos entrando porque depois temos dois, três, quatro ou cinco planos. O movimento de mulheres apresenta esse projeto para nós disputarmos a Prefeitura e esse não é um projeto que a gente vai tirar de cima da mesa caso alguém chegue e fale “olha, será que não é depois?”. Não. A gente está fazendo um debate político e, para a gente, é um debate civilizatório. É inaceitável o que ocorre nessa cidade, onde uma mãe disputa uma vaga de creche num sorteio com mais 150 mães. Isso é pior que África do Sul durante os anos de chumbo do Apartheid. É pior do que ser submetido aos bantustões de Joanesburgo. Então nós não podemos aceitar essa violência colonial atualizada, aquilo que na literatura a gente chama de colonialidade. Eu penso que o que os movimentos de mulheres negras que se organizam em torno do Fórum Marielles em Salvador, e hoje se espalhando por toda a Bahia, (fez) foi decidir interromper o racismo institucional. Nós colocamos todos os partidos políticos num debate que, pela primeira vez, a gente não está reagindo para responder a uma pauta. Todos se movem para construir respostas para debater com a pauta que nós colocamos. Isso é muito forte. É importante a gente estar conversando no início de agosto, pois é Agosto de Búzios (Revolta dos Búzios), mês em que nossos revolucionários e revolucionárias, inspirados no Haiti, nossos jacobinos negros, lutaram. É a gente lembrar de toda a rebelião negra do Haiti, de Luiza Mahin, de que eles e elas estavam em conexão. É lembrar de Zeferina, que está lá no livro de João Reis, e que se reconstrói com a juventude negra do Quilombo do Urubu, em Cajazeiras. Pois bem, (foi inspirado nesses heróis que) nós estabelecemos um debate para interromper esse racismo brutal onde as pessoas pensam que podem decidir o destino dessa cidade sem a gente.

              A senhora é filiada ao PT, mas a candidatura e o Fórum se apresentam sem identidade partidária, pois tem gente de várias legendas, de diversas entidades do movimento negro. Como está o diálogo sobre isso? A candidatura de Vilma Reis será por qual partido?

              É público que eu sou filiada ao Partido dos Trabalhadores. Minha filiação foi em ato público, no dia 13 de julho de 2007, junto com mais 156 mulheres, na sede da Rua da Independência, sob a liderança da nossa companheira Luiza Bairros. Nós criamos um campo de atuação dentro do Partido dos Trabalhadores, denominado Expressão Feminista. Muita coisa aconteceu nesses 12 anos. Naquele ano mesmo, disputamos de forma muita sadia e importante politicamente o Setorial de Mulheres do PT. O encontro do setorial nós vencemos a tese, mas depois não vencemos a eleição por pouco. Mas nós vencemos, pois, depois de muito tempo, nós estabelecemos um debate necessário. Eu penso que nesses 12 anos – Kabecilé, que seja 12 – a nossa caminhada sempre foi no campo da esquerda. E quando Sueli Carneiro diz para a gente que, entre direita e esquerda, nós somos pretas, o que Sueli está dizendo é que quem empurra a esquerda para a esquerda realmente somos nós, a esquerda negra. Esse país insiste em não reconhecer a existência de uma esquerda negra, mas nós somos a esquerda espalhada em vários partidos. Eu me mantive filiada ao Partido dos Trabalhadores e toda a nossa ação política contundente se dá no campo da esquerda. Nós estamos dialogando. Nossa primeira reunião foi com o presidente municipal do nosso partido, que é o Gilmar Santiago. Nós dialogamos com Gilmar porque é uma questão de respeito e o debate deve se dar para dentro do partido. A gente está fazendo a discussão e vai saber que decisões serão tomadas. Nós estamos aqui para respeitar as decisões coletivas. Mas é importante deixar claro que o Fórum Marielles dialoga com um amplo campo da esquerda, porque tem mulheres de vários partidos. E nós estamos numa luta para que não apenas tenhamos êxito na eleição majoritária, mas também que a gente constitua uma ampla bancada de mulheres para a Câmara de Vereadoras de Salvador. Eu uso essa força do léxico, porque pronunciar essa Câmara de Vereadores, essa Câmara de Deputadas, (pronunciar) senadoras, prefeitas, para a gente é muito importante, pois a gente luta para apoiar a chegada de mulheres negras aos espaços de poder. Essa candidatura e todas essas pré-candidatas à Câmara de Vereadoras tem um projeto político para toda a sociedade. Nosso projeto é para os homens negros, para as mulheres brancas, para os homens brancos. A gente entende que o que acontecer em Salvador será mais uma vez régua e compasso para o conjunto do país. O país clama por uma resposta e nós estamos construindo uma resposta. Na hora que nós equilibrarmos a distribuição da riqueza e o reposicionamento do nosso povo nos espaços de poder, a gente vai dar uma boa organizada na sociedade. As pessoas brancas são 15% dessa cidade, os homens brancos são 8% dessa cidade, mas quando você olha as representações de poder, parece que são 80%, (eles) se agigantam em 1.000%.

              Essa distorção racial na representação política se dá inclusive nos partidos de esquerda, que tem direções brancas. A senhora disse na resposta à minha primeira pergunta que esse é um projeto eleitoral irreversível. Considerando isso, caso a candidatura não seja levada à frente pelo partido, qual o plano de vocês?

              O nosso plano, que está sobre a mesa, é o da candidatura majoritária e nós temos que lutar por esse projeto. Lutar, lutar, lutar. Nós acreditamos muito na construção de base que estamos fazendo. Às vezes, parece que a gente colocou a proposta antes (da hora). A gente fica muito feliz de ter colocado e a gente acha que colocar no 2 de julho, com a força que tem o 2 de julho, consideramos que colocamos na hora certa. Talvez a gente precisasse ter colocado 10 anos antes. Mas as condições objetivas, e aqui nós estamos falando dialeticamente, a construção toda que nós fizemos e a possibilidade que nós tivemos foi exatamente agora. E nós não antecipamos em absolutamente nada. Nós estamos aqui cumprindo o que as nossas mais velhas ensinaram. Mãe Stella disse para nós que nosso tempo é agora. Esse capítulo e essa vitória é nossa. Colocamos a proposta sobre a mesa. A gente precisa acreditar em toda a possibilidade de aliança dos que lutam contra o racismo, dos expoentes do movimento negro, dos movimentos de mulheres negras, movimentos feministas, movimento LGBT, o movimento que irrompe nos quilombos, movimento das pescadoras e pescadores que estão nas ilhas, a gente conta com a força da Ilha de Maré e de tudo que cerca essa Salvador, para dizer que queremos agora a resposta dos brancos antirracistas. Sabemos que tem pessoas brancas que querem uma mudança para Salvador e elas estão dentro dos nossos partidos e elas não aguentam mais os projetos convencionais, que se apresentaram no mesmo desenho. Nós acreditamos e temos conversado com muitas pessoas brancas que acreditam numa transformação política. E elas estão dizendo aquilo que está nesse texto de Marielle Franco: “Uma nova estética política, na perspectiva de articular gênero, raça, classe e territórios populares, para que a vida seja colocada acima do lucro”. Tem pessoas brancas que acreditam nessa nova estética política junto com a gente. Mas, para além disso, o Rio de Janeiro criou respostas diferenciadas nas eleições de 2018. Minas Gerais criou as gabinetonas (mandato coletivo do PSOL e do PCB). Em São Paulo, uau, Érika Malunguinho. Eu vi a incidência do movimento negro reunido em Brasília. Eu vi a força de um mandato como o de Orlando Silva, por São Paulo. A gente vê a força de Renata Santos, de Mônica Francisco, daquelas mulheres que eram o mandato de Marielle no Rio. A gente vê a força, com tanta potência, de Marília Arraes no Congresso. E a gente vê a força que vem com Ingrid Farias em Pernambuco. Como que Salvador não vai criar um projeto diferente? Aí está o desafio para a esquerda branca e soteropolitana. Aqui a gente está propondo algo que é histórico e que é realmente transformador. Essa é uma proposta de pré-campanha que é realmente civilizatória. Tem pessoas brancas comprometidas com esse projeto. Pessoas dos movimentos de direitos humanos, da agricultura familiar, muitas pessoas brancas envolvidas nisso, que apoiam um outro tipo de economia, pensando como a gente vai desonerar a conta de energia das mulheres negras na periferia de Salvador, pensando em lavanderias como política pública, tão importante como posto de saúde, para que a conta de luz da mulher negra não venha parecendo que ela é de uma família de classe média, pensando na proposta de Marielle de fazer creche para que a mulher vá para o emprego em paz, em creches noturnas para que essas mães possam estudar após o trabalho.

              Além da candidatura da senhora, existem outras pré-candidaturas negras à Prefeitura de Salvador, de outras mulheres e homens negros. Como a senhora avalia esses outros nomes?

              São fantásticos. São fantásticas as propostas, porque pela primeira vez nós quebramos os grilhões. Não tem mais um grupo colonial dizendo quem vai ser. Nós, em nossos movimentos e organizações, nós partimos para um nível de desobediência racial, a gente quebrou. Eles querem a nossa obediência e a gente desobedeceu. Em uma cidade em que somos 85%, era para ter muito mais. O segmento negro LGBT que lance (pré-candidatura), todos são legítimos para lançar. E que a gente junte toda essa força e que, se a gente puder fazer debate em todas as convenções dos nossos partidos, que a gente faça, porque aí a gente quebrou os grilhões. Nós não somos uma invenção, então é legítimo que todas as pré-candidaturas lançadas aconteçam, porque são pessoas que estão construindo há anos. O que é um acinte é que pessoas que não sabem nada sobre o nosso povo e que nunca passaram nos lugares onde a gente vive, de repente (apareçam como candidatos). Essas propostas eram as que apareciam. Chega! Chega disso! Espero que tenham mais (candidaturas negras). É tudo legítimo. Que em todos os partidos nosso povo se rebele. É necessário interromper, então tem que ter proposta em todos os partidos. Esse povo tem que nos ver com respeito. Não é possível que se decida o futuro dessa cidade sem sequer se dar ao trabalho de nos ouvir. Nós somos 85% da cidade.

              A direção do PT, o governo, alguma dessas lideranças que costumam historicamente decidir quem é o candidato a prefeito chegou a procurar a senhora após o lançamento da candidatura?

              O PT é um partido, tem tendências. Nós temos dialogado com vários segmentos. A gente está se colocando como um projeto de base e estamos fazendo o debate para dentro do partido, pois é a esse partido que eu sou filiada. Eu acho que tudo está no início ainda. Tudo está começando. A gente tem ouvido coisas tão respeitosas, tem se surpreendido positivamente com lideranças do partido. O movimento social, de mulheres negras, surpreendeu também esse campo partidário. Eles e elas estão processando essa história. E eu acho importante que processem mesmo. Eu acho importante que lideranças, ao falarem aos jornais, já tenham citado nossa pré-candidatura como possibilidade, porque antes não estava no horizonte. No dia que eu abri o jornal, eu falei “uau, é a primeira vez na história”. A gente plantou uma semente que vai dar muitos frutos. Dará fruto nesse processo eleitoral, mas também a gente plantou (para o futuro), a gente fez um florescer, pois nós somos pólen no futuro flor do nosso povo. A gente fez acender uma luz com muita força nas pessoas que talvez nunca pensaram que elas são uma possibilidade eleitoral, quando as pessoas, no jogo da ciência política, do everyday, do todo dia, dizem assim “não, não tem densidade eleitoral, nunca foi testado”. A gente quer tirar tudo isso da nossa frente, porque para os projetos convencionais essas não são as regras. Nós somos as possibilidades para a nossa cidade e a gente tem um projeto de liberdade e transformação para a nossa cidade. E nós queremos muitas pessoas envolvidas nesse projeto. Muitas.

              Temos na Bahia muitos políticos negros, muitos de direita, ligados à Igreja Universal, por exemplo. A senhora acha que é possível dialogar com esses grupos evangélicos nesse projeto racial e antirracista para Salvador?

              Eu considero que tem um campo evangélico progressista, que cultua o seu sagrado e que respeita a diversidade religiosa, e eu acho que é muito importante a gente dialogar com todos que se propuserem a esse campo de liberdade religiosa e respeito à diversidade religiosa e, principalmente, no campo institucional, à afirmação da laicidade do Estado. Eu cresci em comunidades em que as pessoas podiam ser de candomblé, católicas e os chamados crentes, que a gente denominava naquela época. Eu nasci em Marechal Rondon. A gente sempre conviveu com famílias de congregações religiosas cristãs, a gente não tinha essa situação de intolerância. A gente fazia caruru, as crianças que eram daquela família sempre foram. Para a gente foi tão importante aquela convivência. Tem um campo para dialogar. Sempre vimos a postura de Padre Lázaro, de Pastor Djalma, do pessoal da Igreja de Nazaré e de outros lugares, então tem muita gente para construir junto. Tem campos para dialogar com os segmentos progressistas que são contra a intolerância, contra a demonização do nosso povo, e eu acho muito importante construir esse diálogo. E elas querem que a gente chegue perto para trazer esses debates de libertação das mulheres, de afirmação de negritude. Tem comunidades que têm debatido a questão dos direitos sexuais e esse debate nos interessa muito. É importante esse caminho.

              A senhora foi lançada por um campo amplo e majoritário de mulheres negras, de maioria esmagadora de mulheres negras. Diante disso, eu queria pergunta qual a importância, na avaliação da senhora, dos homens negros para esse projeto político?

              Eu acho fundamental. Nós estamos iniciando uma série de diálogos com lideranças históricas do movimento negro, que são homens negros que construíram, eu diria nos últimos 40 anos, nessa cidade e que fizeram combate ao racismo. E que através deles muitas lutas irromperam e nós fomos bem-sucedidos e bem-sucedidas. E nós temos sempre que lembrar deles, dialogar com eles, inclusive estabelecer um tipo de debate, pois sabemos da importância dessas pessoas, para elas construírem para dentro dos partidos e fora dos partidos o projeto político que nós estamos afirmando. Por isso eu fiquei tão feliz com a fala de Vovô (ao Mídia 4P na estreia da série de entrevistas com pré-candidatos, quando o presidente do Ilê Aiyê e pré-candidato à prefeito pelo PDT defendeu que “se for uma mulher negra, é melhor ainda)). Quando eu abri, eu falei “olha!”. (Risos) Ele vem de uma organização matriarcal com uma atuação política que tem, porque a gente não morre, Mãe Hilda Jitolu, que tem Arany Santana, que tem Ana Célia, que tem Dete Lima, essa potência. Então ele vem de um projeto matrifocal bem-sucedido. Nós acreditamos que esses homens que tem construído historicamente, homens negros que tem construído ao lado de mulheres negras, eles vão caminhar rente com a gente.

              O movimento negro tem suas idiossincrasia, digamos assim. Tem suas divisões, matizes, organizações. E os brancos gostam de explorar essa pecha de que nós não nos entendemos entre a gente. O racismo sempre explora isso. Como a senhora acha que será possível mostrar para a sociedade uma unidade em torno das eleições de 2020?

              Eu considero que o tipo de projeto que o movimento de mulheres negras colocou sobre a mesa unifica todos os movimentos negros na Bahia, porque o nosso sonho sempre foi esse. Quando Vovô, em diversas edições da Noite da Beleza Negra, disse “eu quero ela, a Prefeitura”, foi lindo porque ele nunca deu um nome. Então ele estava dizendo para todos e todas nós que podia sair de qualquer um de nós, de qualquer uma de nós. Eu tenho visto manifestações de tantos segmentos do movimento negro, tanto na Bahia quanto nacionalmente. É tão bonito o que está acontecendo. Você acompanhou as redes sociais, foi algo explosivo. Você encontrou a gente na reunião do (café do Cinema) Glauber (Rocha, na Praça Castro Alves) em que estávamos definindo a pré-candidatura. Você juntou as peças ali, né? (Risos) Ali foi a reunião que a gente estava pensando “poxa, vamos mesmo?”. E foi tão maravilhosa a forma como a cidade se manifestou. Eu penso que você me construiu, eu construí você, Vovô me construiu, a gente construiu o Ilê Aiyê. A gente, cada um do nosso jeito, construiu Olívia (Santana, deputada estadual e pré-candidata do PCdoB a prefeita). Eu, desde muitos anos atrás, todos e todas nós construímos Sílvio (Humberto, vereador de Salvador e pré-candidato do PSB a prefeito). E Sílvio construiu a gente. O orgulho que a gente teve quando viu Sílvio vereador de Salvador. O orgulho que a gente teve de ver a potência de Olívia na campanha de 2012. E a gente imagine o quanto foi difícil para todas essas pessoas que se colocaram antes de nós. O Ilê tem uma música que diz “Sem dividir, seremos sempre mais”. Essa conta que o Ilê faz é a conta que vai nos levar ao Palácio Thomé de Souza. É tão lindo o que está acontecendo. Todas essas lideranças políticas negras construíram. Eu não seria a socióloga e a professora que eu sou sem o apoio do Ceafro e da Steve Biko. Eu vi Ceafro, Steve Biko, Vida Brasil e Gapa se juntaram no Consórcio Social da Juventude e a gente ocupou a Estação da Calçada com todos aqueles jovens de Salvador. E as pessoas não entendiam, (falavam) “Oxe, como é que essas organizações se juntaram?”. E a gente venceu o consórcio, se espalhou em todo o Subúrbio de Salvador. Os nossos passos são de longe mesmo. E tudo que a gente trouxe até aqui foi de aliança negra. O mundo que a gente inventou para existir em Salvador só foi possível por alianças negras. Pela colonização, nós estaríamos todos mortos e aqui seria o lugar perfeito para que os racistas vivessem sem a gente. Como disse Antônio Godi, e ele disse isso aqui no ICBA, a luta sempre foi para desafricanizar Salvador. E Salvador é uma vitória africana, Salvador é África. Ele disse isso naquele livro Ritmos em Trânsito. Então, tudo que nós fizemos nessa cidade foi de aliança negra. Tudo deu certo nessa cidade é a potência negra de pensamento. E só foi possível porque a gente caminhou junto. Eu lembro nos tempos difíceis do Ceafro, em que a gente tinha dificuldade de garantir o lanche e a passagem, a gente ia no Ilê conversar com Jonatas Conceição e Vovô reunia os diretores e dizia para resolver. As pessoas não têm ideia do que tem de unidade. As políticas de ações afirmativas na UFBA… Foi no auditório Milton Santos do CEAO, com o Ceafro liderando junto com a Steve Biko, com o Neno UFBA, com o Atitude Quilombola. É tudo aliança negra. As pessoas não tinham ideia se a gente ia ganhar ou ia perder. Quando a gente viu a juventude negra dessa cidade tomar a frente da Reitoria daquele jeito… Vocês são vitórias nossas, dessa aliança. Tudo isso é aliança, sem muitas vezes a gente falar. E outras vezes precisamos falar. Nossa geração está dando resposta ao que todos os negros e negras passaram. E a gente não vai recuar. O que me choca é que em as pessoas ainda fiquem perplexas com a atitude revolucionária que a gente tomou. O que o movimento de mulheres fez, o que as organizações fazem ao lançar Vovô, o que o campo político que sustenta as pré-candidaturas de Sílvio e de Olívia fazem é muito importante como exemplo de poder para o nosso povo. E isso só é possível, como diz Conceição Evaristo, fruto da nossa milenar resistência. Nós mudamos as eleições de 2020. Ela não terá o formato de sempre. Nós mudamos a história do ano de 2020. Eu penso que é a força de Exu. Atiramos uma pedra ontem num pássaro que só vai chegar amanhã. E que o fogo de Xangô nos sustente. E tem momentos em que vamos precisar muito das águas de Oxum. Porque, como diz a maravilhosa Mãe Ângela, é de Oxum porque mais de 70% de tudo que tem é água.

              Tags: Mulher NegrapolíticaVilma Reis
              PLPs em Ação - Geledés no enfrentando ao corona virus PLPs em Ação - Geledés no enfrentando ao corona virus PLPs em Ação - Geledés no enfrentando ao corona virus
              Postagem Anterior

              PGR propõe ADPF contra decreto que esvazia Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura

              Próxima Postagem

              Por que usamos o conceito de gênero?

              Deixe um comentário abaixo, sua contribuição é muito importante.

              Artigos Relacionados

              Atila Roque (Foto: Reprodução Fopir/Youtube)
              Em Pauta

              Radicalismo inaceitável

              20/01/2021
              Arquivo Pessoal
              Nossas Histórias

              Mulheres negras, política e cultura do cancelamento no Brasil republicano

              20/01/2021
              Imagem: Arquivo Pessoal
              Violência Racial e Policial

              “Lutei e provei inocência do meu filho, hoje ajudo mães em penitenciárias”

              18/01/2021
              Primeira vereadora negra eleita na Câmara de Curitiba, Carol Dartora recebeu ameaças de morte por e-mail (DIVULGAÇÃO/Imagem retirada do site El País)
              LGBTQIA+

              Ameaças de neonazistas a vereadoras negras e trans alarmam e expõem avanço do extremismo no Brasil

              12/01/2021
              África e sua diáspora

              Como cientista da Nasa de Uganda, Catherine Nakalembe, usa satélites para impulsionar a agricultura

              03/01/2021
              A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL), em retrato feito na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) Imagem: Bruno Santos/Folhapress
              LGBTQIA+

              Érica Malunguinho: “Trans têm mais a oferecer do que apenas pautas LGBTs”

              02/01/2021
              Próxima Postagem
              iStock / Getty Images Plus

              Por que usamos o conceito de gênero?

              Últimas Postagens

              A historiadora e militante negra Beatriz Nascimento (1942-1995), cuja vida e pensamento conduzem a narrativa do documentário 'Ôrí' (Foto: REPRODUÇÃO/ORI)

              Antes de ‘AmarElo’ de Emicida, estes documentários já contavam a trajetória do negro no Brasil

              23/01/2021

              Emicida e o direito de sermos quem somos

              Rainha Abla Pokou: Mãe do povo Baoulé da Costa do Marfim

              Posicionamento da Coalizão Negra por Direitos sobre a Comissão de Juristas da Câmara Federal destinada ao aperfeiçoamento da legislação de combate ao racismo

              Jéssica Ellen canta a Umbanda e celebra ancestralidade em ‘Macumbeira’: ‘Conexão espiritual’

              Brasil: etnocracia branca contra a maioria negra

              Artigos mais vistos (7dias)

              DAVE KOTINSKYGETTY IMAGES

              Quem é Amanda Gorman, a poeta de 22 anos convidada para a posse de Biden

              20/01/2021

              52 nomes africanos femininos e masculinos para o seu bebê

              31/03/2020
              Edneia Limeira dos Santos - Foto: Nego Júnior

              Samba Rock na Cidade de São Paulo: Uma Análise da Evolução do Gênero Desde os Anos 1970 nos Bailes Blacks, até o Registro Como Patrimônio Cultural Imaterial

              21/01/2021
              Alicia Keys (Foto: Rob Latour/Shutterstock)

              Alicia Keys pede para Joe Biden lançar iniciativa de justiça racial nos EUA

              19/01/2021
              Francisco Ribeiro Eller (ou Chico Chico), 27 anos (Foto: Marina Zabenzi)

              Chicão, filho de Cássia Eller: ‘Batalha das minhas mães é parte do que sou’

              19/01/2021

              Twitter

              Facebook

              • "O artigo inicia-se a partir do conceito de cultura no sentido geral, antropológico. Entre os tantos termos que são utilizados para definição de cultura. Neste artigo, cultura será analisada por meio dos próprios atores que a promovem, nas esferas sociais e políticas. Além disso, por ser o samba rock uma manifestação cultural contemporânea e em avanço, foi analisado o conceito de que para uma cultura em observação, as variáveis são muitas e estão em pleno acontecimento, construção e evolução." Leia o Guest Post de Edneia Limeira em www.geledes.org.br
              • A coluna NOSSAS HISTÓRIAS desta quarta-feira vem com a assinatura da historiadora Iracélli da Cruz Alves! O tema “Mulheres negras, política e cultura do cancelamento no Brasil republicano” é abordado no artigo e no vídeo nos quais ela oferece reflexões a partir de registros da atuação de mulheres negras integrantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) na década de 1940! Confira um trecho: “O que essas mulheres têm em comum? Todas eram comunistas, trabalhadoras e muito provavelmente negras, como é perceptível nas poucas imagens que até hoje encontrei. Além disso, não podemos esquecer que a classe trabalhadora brasileira tem sido majoritariamente negra, o que aumenta a probabilidade de essa pressuposição fazer sentido para os casos em que não acessei registros fotográficos. Outro ponto em comum em suas trajetórias é que todas participaram ativamente da vida política do país em meados do século XX, atuando significativamente no partido no qual escolheram militar. No entanto, foram praticamente esquecidas (ou silenciadas?) tanto pela historiografia política do Brasil quanto pelas narrativas históricas sobre o PCB. Os nomes delas, na maioria das vezes, nem sequer são citados.” Leia todo o artigo no Geledés: https://www.geledes.org.br/mulheres-negras-politica-e-cultura-do-cancelamento-no-brasil-republicano/ Veja o vídeo no Acervo Cultne: https://youtu.be/pS35-3RuNMc
              • Já que o mundo está em medida de contenção social, acredito estar diante de um dos maiores desafios que o ser humano possa receber da vida, que é o de ter a oportunidade de ficar sozinho e explorar a sua consciência, conhecer quem é essa pessoa que cohabita em meu corpo, ou seja tentar descobrir quem “eu dentro de mim”. Leia o Guest Post de Tatiane Cristina Nicomedio dos Santos em: www.geledes.org.br
              • Enfermeira Monica Calazans, primeira pessoa vacinada em território nacional
              • "Escolhi parafrasear no título do presente guest post a escritora brasileira, Conceição Evaristo, que constrói contos e poemas reveladores da condição da população negra no país. A intelectual operaciona a categoria de “escrevivência”, através de uma escrita que narra o cotidiano, as lembranças e as experiências do outro, mas sobretudo, a sua própria, propagando os sentimentos, as lutas, as alegrias e resistências de um povo cujas vozes são silenciadas." Leia o Guest Post de Ana Paula Batista da Silva Cruz em: www.geledes.org.br
              • ✊🏾 1960-1970: Grupo Palmares de Porto Alegre e a afirmação do Dia da Consciência Negra ✊🏾 Está disponível mais uma sala da Exposição “20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra” no Google Arts & Culture! Link: https://artsandculture.google.com/culturalinstitute/beta/u/4/exhibit/1960-1970-grupo-palmares-de-porto-alegre-e-a-afirma%C3%A7%C3%A3o-do-dia-da-consci%C3%AAncia-negra/tgLSJakjmcizKA 🙌🏿 Esta sala é especialmente dedicada à movimentação do Grupo Palmares em Porto Alegre, fundado em 1971, afirmando o Vinte de Novembro como Dia da Consciência Negra. Em 2021, o Vinte completa 50 anos! Conecte-se ao compromisso de ativistas negros e negras gaúchas em defesa de uma história justa sobre as lutas negras por liberdade por meio de depoimentos, fotografias, poemas, anotações, cartas, entre outros documentos. Vamos junt@s! 🖤 O material pode ser acessado em português e inglês e é mais um resultado da parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs(@historiadorxsnegrxs , Geledés Instituto da Mulher Nega e o Acervo Cultne! (@cultne) 🎉 Ao longo de todo 2021, muitas outras “Nossas Histórias” sobre vidas, lutas e saberes da gente negra serão contadas em salas de exposições virtuais!
              • "A história do indigenismo no século XIX tem importantes pontos de conexão com a história do tráfico escravista. A investigação dessas conexões permite compreender como possibilidades de branqueamento foram projetadas na nação brasileira, para além da mais conhecida: a imigração europeia ocorrida entre o último quartel do século XIX e 1930." Leia o artigo do historiador Samuel Rocha Ferreira publicado na coluna “Nossas Histórias” **A coluna “Nossas Histórias” é uma realização da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros em parceira com o Portal Geledés e o Acervo Cultne.
              • "Afirmar que este ano foi ganho para a EDUCAÇÃO parece beirar à cegueira. Escolas fechadas, estudantes, professores, gestores todos os servidores em casa e sem aulas presenciais." Leia o Guest Post de Jocivaldo dos Anjos em: www.geledes.org.br
              Facebook Twitter Instagram Youtube

              Geledés Instituto da Mulher Negra

              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

              Fique em casa

              A historiadora e militante negra Beatriz Nascimento (1942-1995), cuja vida e pensamento conduzem a narrativa do documentário 'Ôrí' (Foto: REPRODUÇÃO/ORI)

              Antes de ‘AmarElo’ de Emicida, estes documentários já contavam a trajetória do negro no Brasil

              23/01/2021
              Imagem: Júlia Rodrigues/Divulgação

              Emicida e o direito de sermos quem somos

              23/01/2021
              Rainha Abla Pokou (Foto: Imagem retirada do site DW)

              Rainha Abla Pokou: Mãe do povo Baoulé da Costa do Marfim

              23/01/2021

              1997 - 2020 | Portal Geledés

              Sem resultados
              Ver todos os resultados
              • Home
              • Geledés
                • O Geledés
                • Quem Somos
                • O que fazemos?
                • Projetos em Andamento
                  • PLPs em Ação – Geledés no Enfrentamento ao coronavírus
                • Apoiadores & Parceiros
                • Geledés no Debate
                • Guest Post
                • Gęlędę na tradição yorubá
                • Publicações de Geledés
                • Geledés 30 anos
                • Memória Institucional
                • Worldwide
              • Questões de Gênero
                • Mulher Negra
                • Violência contra Mulher
                • LGBTQIA+
                • Sueli Carneiro
                • Marielle Franco
              • Questão Racial
                • Artigos e Reflexões
                • Casos de Racismo
                • Cotas Raciais
                • Violência Racial e Policial
              • Em Pauta
              • Discriminação e Preconceitos
                • Defenda-se
              • África e sua diáspora
                • Africanos
                • Afro-americanos
                • Afro-brasileiros
                • Afro-brasileiros e suas lutas
                • Afro-canadenses
                • Afro-europeus
                • Afro-latinos e Caribenhos
                • Entretenimento
                • Esquecer? Jamais
                • Inspiradores
                • No Orun
                • Patrimônio Cultural

              1997 - 2020 | Portal Geledés

              Welcome Back!

              Login to your account below

              Forgotten Password?

              Create New Account!

              Fill the forms bellow to register

              All fields are required. Log In

              Retrieve your password

              Please enter your username or email address to reset your password.

              Log In

              Add New Playlist

              Utilizamos cookies para fornecer uma melhor experiência para os visitantes do Portal Geledés. Ao prosseguir você aceita os termos de nossa Política de Privacidade.OKVer Política de Privacidade