Feminismo é melhor avaliado entre homens que entre mulheres, diz pesquisa

Mais de 50% dos homens e 38% das mulheres consultados se declararam favoráveis ao movimento

Da Claudia

Imagem de uma mão segurando um papel com o simbolo da igualdade de genero.
(nito100/Getty Images)

 

Uma pesquisa realizada pelo DataFolha demonstrou que, no Brasil, o feminismo é mais bem visto entre a população masculina que a feminina. Entre eles, 48% dos consultados afirmaram ver mais benefícios que prejuízos para as mulheres, enquanto 41% apontou o inverso. Já entre as mulheres, as porcentagens são próximas: 43% enxergam mais benefícios e 41% mais prejuízos.

Realizado entre os dias 2 e 3 de abril, o levantamento consultou 1.095 mulheres e 991 homens, todos maiores maiores de 16 anos, em 130 municípios brasileiros. Sua margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Com relação ao apoio às causas feministas, os homens também ficaram em maior número. Foram 52% deles contra 39% delas. Mas, independentemente de simpatizar ou não, mais de dois terços dos entrevistados demonstraram concordar com algumas teses do movimento, como a de que é necessário aumentar a efetiva ocupação feminina em cargos políticos, por exemplo.

Em entrevista à Folha de São PauloMarina Ganzarolli, presidente da comissão de diversidade sexual da OAB-SP, explica que a divergência entre apoio e identificação com o feminismo se dá por causa do próprio termo em si. “A palavra vem carregada de esteriótipos, e o avanço do conservadorismo cria barreiras para que as pessoas se reconheçam como feministas.”

Além disso, certas visões caricatas de que o movimento está ligado à falta de feminilidade ou ao ódio aos homens contribuem para afastar, sobretudo, mulheres mais pobres, o que concentra o apoio entre membros das classes mais abastadas.

Apesar de pequena, a parcela de brasileiras que se consideram feministas (38%) ainda é maior que a de britânicas e americanas. Aqui, a maior concentração de feministas mulheres e homens apoiadores concentra-se nas faixas etárias jovens, sendo que de cada 10 brasileiros entre 16 e 24 anos, 6 enxergam o movimento como mais positivo que maléfico.

Fazendo um recorte de raça, a pesquisa ainda demonstrou que pretas e pardas acreditam mais que as brancas nos benefícios do movimento. Quanto ao espectro político, foi observado que o número de feministas convictas é maior entre as eleitoras do candidato Fernando Haddad (49%) que de Jair Bolsonaro (32%). Entre os homens, 49% dos bolsonaristas são pró-feminismo contra 59% dos votantes de Haddad.

 

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Mulheres contra o feminismo – Lola Aronovich

Feminismo: onda conservadora exige força das mulheres

 

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