Graça Machel: “O medo é a maior barreira para as liberdades”

A ativista moçambicana Graça Machel diz que o medo é a principal barreira para as liberdades em Moçambique. Durante uma palestra, Graça Machel disse que os opressores, "esses sim é que devem ter medo do povo”.

A viúva do primeiro Presidente da República de Moçambique, Samora Machel, e ativista moçambicana, Graça Machel, defende que os cidadãos devem perder o medo e apropriarem-se do direito de cidadania.

Durante uma palestra em Maputo, Graça Machel lembrou que, na sua tomada de posse, o Presidente Filipe Nyusi assumiu que o “seu patrão é o povo”.  Assim, diz ela, este povo deve responsabilizar os seus funcionários.

“Nós temos que lembrar a estes que estão a nos oprimir, não são todos, a esses que estão a substituir o que o Estado deve ser, um Estado servidor. Nós temos que lembrar que nós somos o patrão”, disse.

“Povo no Poder”, slogan inspirado num dos temas do falecido rapper Azagaia – Foto: Madalena Sampaio/DW

É por isso que é importante perder o medo, para exigir responsabilidades, acrescenta a ativista: “Eu não vou dizer como, porque não tenho especialidade para isso, mas todos nós temos que pensar; temos que desmantelar o medo e temos que fazer sentir àqueles poucos que oprimem o cidadão, que eles é que devem ter medo do povo e não nós medo deles.”

Graça Machel: “Vamos organizar-nos” 

Segundo Graça Machel, esse despertar de consciência abrirá a porta à libertação do espaço cívico, para que os cidadãos gozem dos seus plenos direitos. Mas, para tal, todos devem estar organizados, afirma a ativista.

“Como não sei, cada um usa a sua massa cinzenta para saber como é que se faz. Mas vamos organizar-nos e libertar o espaço cívico, para que possamos exercer a cidadania sem medo.”

Graça Machel lembra que o povo é o detentor do poder e chefe dos detentores dos cargos políticos – Foto: Madalena Sampaio/DW

O Provedor da Justiça de Moçambique, Isaque Chande, diz que o país está a avançar na defesa dos direitos humanos, apesar das dificuldades: “Hoje temos, apesar de tudo, maior espaço de liberdade de expressão. Naturalmente, gostaríamos de ter muito mais. Vamos chegar lá, porque as liberdades conquistam-se.”

O provedor reitera que as pessoas estão a ganhar consciência sobre os seus direitos e o exercício da cidadania.

“Não podemos estar desesperados. Nós é que temos que continuar a lutar pelos direitos que a Constituição da República nos atribui e, por essa via, vamos construir melhor um Estado, um país.”

Estas constatações foram feitas durante um debate sobre os “Desafios da Construção do Estado Democrático em Moçambique” e como tornar o Provedor de Justiça de Moçambique mais atuante na defesa dos direitos e liberdades fundamentais, organizado pelo próprio Provedor de Justiça.

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