A Corregedoria da Polícia Militar vai apurar a conduta de dois policiais militares que agrediram um jovem negro de 18 anos dentro de um shopping no Rio de Janeiro. Matheus Fernandes tentava trocar um relógio que comprou para o pai.
Os homens que arrastam Matheus e depois o agridem na escadaria de um shopping são policiais militares. Eles estavam à paisana e, segundo investigadores, são conhecidos como PM Silva e PM Esaú. Mas os dois ainda não foram identificados formalmente. E a Polícia Militar também não divulgou o nome completo dos PMs. Informou apenas que a Corregedoria abriu uma apuração sumária para verificar a conduta dos policiais.
Matheus, de 18 anos, foi abordado pelos policiais na quinta-feira dentro da loja Renner do shopping Ilha Plaza, na Ilha do Governador, quando tentava trocar um relógio. Matheus contou que os PMs não quiseram olhar a identidade dele, nem a nota fiscal do relógio.
“Em nenhum momento, ele foi abordado para mostrar a nota. Ele já teve um julgamento ali com relação ao roubo”, diz Jaime Fernandes, advogado.
Nas imagens da agressão, aparece um segurança uniformizado acompanhando tudo e sem socorrer Matheus. O segurança prestou depoimento neste sábado.
“O segurança do shopping que estava uniformizado chegou lá depois de toda aquela movimentação tentou acalmar as pessoas que estava filmando, mas dá para ver no vídeo que eu ainda estava imobilizado. Ele não ajudou em nada”, conta Matheus Fernandes Biondi Correia, entregador.
O jovem só foi liberado depois que um amigo chamou a atenção de outras pessoas.
O delegado responsável pelo caso informou que o depoimento dos dois policiais militares está marcado para a próxima segunda-feira. Disse que eles trabalham para a empresa que presta serviços de segurança ao shopping. E que eles devem responder pelos crimes de racismo e abuso de autoridade.
“Temos que ouvi-los para esclarecer alguns pontos, como a motivação, enfim, tudo o que levou a acontecer essa violência contra o Matheus”, diz Marcus Henrique Alves, delegado.
Em uma nota divulgada na sexta (7), o Ilha Plaza negou que os agressores fossem funcionários do shopping ou da empresa de vigilância.
Neste sábado, o shopping disse que os PMs são funcionários de uma empresa contratada, que faz consultoria de segurança, e que avisou as autoridades assim que soube desse vínculo. Disse ainda que nenhum funcionário ou empresa terceirizada tem orientação para abordar de forma truculenta os clientes, conduta que o shopping repudia.
A loja Renner declarou que espera que o shopping assuma sua responsabilidade no episódio de agressão a Matheus Fernandes, e que tome atitudes para que a situação não se repita.