Adolescente de 17 anos foi encaminhada para Hospital Salgado Filho.
Polícia vai ouvir policiais que utilizaram armas na manifestação.
Por: Lívia Torres
Uma jovem de 17 anos foi baleada em uma manifestação na favela de Manguinhos, Subúrbio do Rio, em repúdio à morte do jovem Paulo Roberto Pinho, que teria sido espancado e morto por PMs, na tarde desta quinta-feira (17). Ela foi encaminhada ao Hospital Salgado Filho, no Méier, também no Subúrbio, onde foi visitada pelo coordenador da Área de Polícia Pacificadora, Coronel Cláudio Halick.
O comandante da UPP Manguinhos, Capitão Gabriel Toledo, vai tomar depoimento dos policiais que utilizaram arma de fogo durante manifestação de moradores na comunidade As armas utilizadas por PMs serão encaminhadas para perícia.
O enterro do corpo de Paulo Roberto Pinho, de 18 anos, será realizado às 15h desta sexta-feira (18), no Cemitério de Inhaúma, também no Subúrbio. O delegado José Pedro da Silva, titular da 21ª DP (Bonsucesso), afirmou que os exames preliminares do Instituto Medico Legal (IML) dizem que a causa da morte do jovem não foram lesões, supostamente causada pelos policiais. Fátima Menezes, mãe da vítima, afirma que as agressões aconteceram em um beco da comunidade. Segundo ela, Paulo Roberto era “perseguido” por um dos agentes.
Os médicos legistas afirmam que mesmo que ele tenha levado socos, isso não foi o motivo da morte. Segundo o delegado, a lesão visível no corpo do jovem é do lado direito da boca. A polícia trabalha com a hipótese de lesão seguida de morte.
“Os policiais disseram que abordaram os quatro rapazes e que Paulo Roberto se negou a ser revistado, correu para o beco e caiu desmaiado”, disse o delegado.
PMs negam espancamento
Paulo Roberto morreu na madrugada desta quinta feira em Manguinhos. O delegado já ouviu os cinco policiais que abordaram o jovem na comunidade e todos negam terem espancado o rapaz. A família e uma testemunha que estava com Paulo Roberto já foram ouvidas. A testemunha afirmou em depoimento que o jovem levou uma joelhada no tórax e foi espancado. Duas testemunhas ainda não foram ouvidas.
O delegado disse que Paulo Roberto chegou com vida na UPA de Manguinhos. Ele também afirmou que o jovem tinha sete passagens pela policia, 4 por furto e 3 por assalto a mão armada. José pedro disse ainda que o jovem estava drogado ao ser abordado na comunidade. Ainda segundo José Pedro, havia sangue no “beco do Loló” onde o jovem foi encontrado desmaiado e, por isso, exames de DNA estão sendo feitos para confrontar com os padrões genéticos de Paulo Roberto.
“A gente já tem uma linha de investigação, mas precisamos aguardar exames do IML e de DNA. O que posso afirmar é que não há marcas de tiro nem de facada no jovem.”
Versão da família
De acordo com a doméstica Regina Pinho, tia da vítima, Paulo foi levado para uma UPA na comunidade e estava com uma bermuda que não era dele amarrada na cabeça para estancar o sangue.
“Pegaram ele e levaram para um beco. Espancaram até a morte. Vim aqui para reconhecer o corpo porque a mãe dele não teve condições psicológicas para vir aqui. Quando vi o corpo no meu sobrinho na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ele estava com uma bermuda amarrada na cabeça e tinha muito sangue”, disse.
Preso em Bangu
Regina, que esteve no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo de Paulo Roberto, disse que o jovem tinha passagem pela policia e estava preso em Bangu este ano. Segundo ela, ele foi solto pois pagou fiança. A doméstica também afirmou que os policiais conheciam Paulo Roberto.
“Eles conheciam meu sobrinho e só arrastaram ele pro beco. A comunidade está em guerra agora. Queremos justiça.”
Segundo o comando da UPP Manguinhos, a morte de Paulo Roberto ocorreu durante uma abordagem seguida de perseguição a pé, ocorrida por volta das 3h15 na localidade Barrinho. A PM informou que os agentes avistaram quatro jovens suspeitos, que fugiram em direção a um beco.
O comando da UPP disse, ainda, que Paulo Roberto caiu desmaiado, “visivelmente alterado”, antes de ser capturado. Ele foi socorrido pelos policiais até a UPA de Manguinhos, onde chegou morto, conforme confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Ainda de acordo com o comando da UPP Manguinhos, o policial acusado pela mãe do jovem não estava trabalhando durante o ocorrido e que ele está cumprindo serviço no Lins de Vasconcelos.
O caso foi registrado na 21ª DP (Bonsucesso). Seis policiais de plantão no momento do ocorrido foram ouvidos, assim como o comandante da UPP de Manguinhos, capitão Gabriel Toledo, a mãe da vítima, seus familiares e testemunhas. Uma perícia era feita no local no início da tarde desta quinta-feira.
Fonte: G1