Juliana Ribeiro mostra Preta Brasileira no verão de Salvador

Das partituras para o palco, a poesia vira som e cena teatral no novo show da cantora Juliana Ribeiro, intitulado “Preta Brasileira”. São três linguagens reunidas que culminam numa experiência multi-artística, em que músicas são interpretadas por personagens e poesias se misturam com canções.

No Tribuna da Bahia 

O novo espetáculo terá três exibições, no Teatro Solar Boa Vista, com estréia no próximo dia 19 de dezembro (sexta-feira). A outras apresentações acontecem no dia 16 de janeiro e no dia 20 de fevereiro, sempre às 20h, com ingressos a R$ 20 e R$ 40 (meia para todos mediante doação de 1 kg de alimento).

O verão de Juliana Ribeiro mais uma vez utiliza a música como pano de fundo para reverenciar outras formas de arte e para falar de temas que, embalados pela poesia, ganham força.

“Preta Brasileira” é o nome do show e também uma das canções do repertório, de autoria da artista, que fala de miscigenação racial e das inúmeras denominações para os tons de pele do brasileiro.

A letra é irreverente e fala da mulher negra contemporânea, inspirada na própria vivência da compositora. “A ideia é abordar temas atuais e agregar várias linguagens dentro do show, dando vida aos personagens que compõem cada canção”, adianta Juliana.

Com direção artística da própria cantora, ‘Preta Brasileira’ traz duetos cênicos entre a artista e o ator Pedro Rosa de Moraes, casando teatro e música e imprimindo um clima divertido ao show.

Já Vinicius de Moraes, Paulo Leminski e Cecília Meirelles foram os parceiros poéticos escolhidos por Juliana para seu espetáculo multi-artístico. “O show tem a música como pano de fundo para dialogar com o teatro, a poesia e a arte performática”, destaca Juliana

No repertório, Juliana lança mais três canções inéditas, além da homônima ao show. São elas “Canto de Olorum”, de Gerônimo, “Cantador do Sertão”, de Seu Reginaldo Souza, e “Rainha Ginga”, uma homenagem da artista à eterna Clementina de Jesus, em parceria com Lia Chaves.

Entre as surpresas do show, também está um autêntico boas-vindas que Juliana escolheu para receber o público e iniciar o espetáculo. Como um presente de Olorum, ela surgirá do teto do Teatro Solar Boa Vista.

Em destaque, outras duas músicas consagradas no cenário nacional incrementam o repertório do show: “Carcará” (João do Valle e José Cândido, 1964), que ganha nova roupagem e ancora um discurso reflexivo da cantora contra a prostituição infantil no nordeste brasileiro; e “Galope”, canção composta por Gonzaguinha em 1974 e que remete ao Baião, ritmo universalizado no país por Gonzagão, pai do cantor.

A cada edição, a cantora promete convidar um artista do cenário local ou nacional. Projeções fotográficas de Gal Meirelles, doutora e antropóloga, farão parte da cenografia do espetáculo. Na estreia, a exposição ‘A Cor do Invisível’ vai dialogar com outros elementos cênicos escolhidos para compor o show. Em cada apresentação, uma exposição diferente.

A pesquisa focada nas raízes do samba permanece norteando o trabalho de Juliana Ribeiro. Desta vez, ela traz para o palco ritmos ancestrais como vissungo (dialeto ainda falado no sudeste brasileiro),o côco de roda, o  maxixe, chamado pela artista de avô do samba. Zé Ketti, Paulinho da Viola, Sinhô, Roque Ferreira fazem parte do set list da artista.

Uma homenagem afetiva também marca a temporada da cantora. Neta de Herondino Ribeiro, um dos 11 estivadores que fundaram o Afoxé Filhos de Gandhy, a cantora irá reverenciar os 66 anos de existência do grupo.

Os músicos André Tigana, Luciano Chaves, Tedy Santana e Sérgio Müller vão acompanhar a artista nessa odisseia poética e teatral, que tem direção musical de Duarte Velloso e Ricardo Hardmann.

+ sobre o tema

Gestantes receberão auxílio financeiro para deslocamento

A partir de sexta-feira (9), municípios poderão solicitar acesso...

Mulher, jovem, negra, latina e lutadora!

Alexandria Ocasio-Corteza, uma das mais novas mulheres eleitas para...

Débora, do Mães de Maio, luta por memória: “Meu filho morreu por ser preto”

No último domingo, Débora Maria da Silva completou 61...

Quem ama não mata, 40 anos depois

30 de dezembro de 1976. O Brasil inteiro se...

para lembrar

II Festival Frente Feminina Celebra as Mulheres Negras com o tema Afrofuturismo

Com patrocínio do Programa Pontes e prêmio Aldir Blanc,...

Calungas: vítimas de abuso sexual

Até que se prove o contrário, o substantivo “calunga”,...

Dia da Consciência Negra: conheça cinco cientistas que dão o tom

Pela primeira vez o dia 20 de novembro, o...

Oi, vamos transar?

Ou como comunicar, dialogar e mobilizar a partir dos...
spot_imgspot_img

Beatriz Nascimento, mulher negra atlântica, deixou legado de muitas lutas

Em "Uma História Feita por Mãos Negras" (ed.Zahar, organização Alex Ratts), Beatriz Nascimento partilha suas angústias como mulher negra, militante e ativista, numa sociedade onde o racismo, de...

Ausência de mulheres negras é desafio para ciência

Imagine um mundo com mais mulheres cientistas. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), isso é fundamental para alcançar a igualdade de gênero e...

Pesquisa revela como racismo e transfobia afetam população trans negra

Uma pesquisa inovadora do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans), intitulada "Travestilidades Negras", lança, nesta sexta-feira, 7/2, luz sobre as...
-+=