Laudo revela trajetória do disparo que atingiu Kathlen Romeu

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirma que o disparo partiu do local onde estavam policiais militares que, naquele dia, participavam de uma ação no Complexo do Lins. Kathlen Romeu estava grávida de quatro meses.

O laudo de necropsia feito pela perícia da Polícia Civil mostra que o tiro que atingiu e matou a designer de interiores Kathlen Romeu pode ter tido uma trajetória de cima para baixo. A jovem, que estava grávida de quatro meses, foi baleada no dia 8 de junho.

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que teve acesso ao laudo cadavérico da vítima, afirma que o disparo partiu do local onde estavam policiais militares que, naquele dia, participavam de uma ação no Complexo do Lins.

Segundo o laudo, obtido pelo G1 com exclusividade, o projétil de fuzil entrou em um trajeto oblíquo, “da esquerda para direita, com ângulo de inclinação caudal estimado em 10º, transfixando o tórax. “

O documento ainda diz que o tiro seguiu trajetória e passou pelo braço direito de Kathlen, com fratura do úmero direito, antes de sair.

De acordo com o documento, a morte foi decorrente de hemorragia interna, provocada por lacerações nos pulmões, e aorta torácica, devido a ferimento transfixante no tórax”.

O laudo da perícia de local poderá determinar a posição do corpo de Kathlen no momento em que foi atingida pelo disparo.

Fraude processual

Inicialmente, dois policiais militares que estavam na ação disseram ter feito cinco disparos – segundo eles, contra bandidos que estavam em um ponto de venda de drogas próximo.

Segundo a comissão, o disparo que atingiu Kathlen partiu da direção do beco onde estavam os PMs estavam.

Ainda de acordo com a OAB, ainda houve um possível crime de fraude processual, uma vez que a cena do fato foi alterada momentos depois que Kathlen foi removida.

“A cena do crime foi totalmente desfeita antes da perícia chegar”, afirmou a vice-presidente da comissão da OAB, Nadine Borges.

A Polícia Civil fará uma reprodução simulada na próxima quarta-feira (14).

“Esperamos sinceramente que todos os policiais que participaram da operação estejam presentes e contribuam para a investigação”.

30 dias

Parentes, amigos e o namorado de Kathlen publicaram textos e vídeos em redes sociais lembrando os 30 dias de morte da designer. Mãe da

“São 30 dias de pesadelo, são 30 dias de tristeza, são 30 dias vivendo o inacreditável, são 30 dias que eu não sou feliz, que eu não sou completa. São 30 dias que eu não penso no amanhã, são 30 dias que eu desaprendi a viver, são 30 dias de um vácuo na alma, são 30 dias horrorosos. Uma atitude impensada, uma falta de técnica, uma falta de inteligência, uma falta de tática. Uma falta, antes de tudo, de amor ao próximo. Eu não sei como vai ser daqui para frente, porque estou apenas sobrevivendo”, disse a mãe de Kathlen, Jaqueline Oliveira.

A investigação da morte de Kathlen está na Delegacia de Homicídios da Capital. Os PMs que estavam em ação naquele dia foram intimados a participar.

A investigação da Polícia Civil não é a única sobre o caso. A Polícia Militar tem dois inquéritos abertos: um na Corregedoria da corporação e outro na Coordenadoria de Polícia.

O Ministério Público também conduz uma investigação para apurar as circunstâncias da morte de Kathlen. A Procuradoria também apura possível crime militar, que teria sido cometido pelos PMs ao alterarem a cena do crime.

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