Grupos de matriz africana celebraram mais um ano do tradicional evento, pedindo respeito à sociedade alagoana
Por Jobison Barros, para Gazetaweb
Lavagem do Bonfim acontece há 17 anos, em Alagoas
Água de cheiro, vaso com flores, vassouras, pombos e muito axé. Este foi o cenário da tradicional Lavagem do Bonfim, evento que acontece há 17 anos, em Alagoas, e que reuniu centenas de religiosos de matriz africana na tarde deste domingo (8). O tema deste ano foi “Não à intolerância religiosa”.
Segundo o babalorixá Pai Célio, que comanda a Casa de Iemanjá, no bairro de Ponta da Terra, o objetivo da Lavagem do Bonfim é pedir à sociedade alagoana mais respeito, levando em conta uma crescente discriminação que assola os grupos ligados às religiões afro. Além disso, Pai Célio disse que todos os adeptos pedem a Oxalá – considerado o pai maior das nações na religião africana – paz, prosperidade, força e coragem.
Faixa mostra protesto de religiosos contra o preconceito
“Queremos, apenas, o respeito da sociedade alagoana. Não é possível que, nos tempos atuais, não tenhamos paz e harmonia. Precisamos nos unir e defender o que é nosso, e aproveitamos para clamar a Oxalá energias que vêm da água, do fogo, terra e ar”, comentou Pai Célio.
Além de contar com a presença de líderes da religião de matriz africana, o evento teve a participação do Estado, como a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) e a Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos, jornalistas, artistas e membros de casas de cultura.
Cortejo percorre ruas do Jacintinho e Poço com imagem do Bonfim
A secretária da Mulher, Cláudia Simões, falou sobre a importância de se apoiar o momento realizado pelas religiões afro, como uma “forma de externar a luta contra o mal”.
“A gente não pode faltar com respeito, seja a quem for. Precisamos respeitar uns aos outros, dizendo não à intolerância. Sou católica, mas estou aqui para apoiar os meus irmãos, mesmo com as diferenças. Portanto, que cada um faça a sua parte para que transformemos a realidade atual”, pontuou a secretária.
Cortejo antecede tradicional evento da Lavagem do Bonfim
PROGRAMAÇÃO
Vestidos de branco, os representantes de matriz africana se concentraram na Rua São João, no bairro do Jacintinho, de onde seguiram em cortejo até a Igreja Nosso Senhor do Bonfim, no Poço. No caminho, os grupos entoaram canções próprias, danças e carregaram o andor com a imagem do Senhor do Bonfim.
Vestidas com saias e colares, mulheres seguravam vasos com flores e água de cheiro, além de faixas em protesto contra a intolerância religiosa em Alagoas. Já na Praça do Bonfim, que fica em frente à igreja, houve a revoada de pombos, seguida da queima de fogos e a lavagem da escadaria do templo.
Cortejo da Lavagem do Bonfim reúne devotos no bairro do Poço
Cortejo da Lavagem do Bonfim reúne devotos no bairro do Poço
Religiosos se concentram na Praça do Bonfim, no bairro do Poço
Programação contou com revoada de pombos em frente ao templo
Queima de fogos marca evento das religiões afro na Praça do Bonfim
Mulheres lavam escadaria da Igreja Nosso Senhor do Bonfim