Líder do Ku Klux Klan em Montana diz que portas estão abertas para negros, gays e judeus

Defensor da supremacia branca nos EUA funda grupo que não irá discriminar as pessoas por raça, religião ou orientação sexual

No O Globo 

RIO – Um dos mais famosos defensores da supremacia branca no estado americano de Montana está recrutando membros para uma nova formação da organização Ku Klux Klan (KKK), que, segundo ele, incluirá negros, gays e judeus, e mostrará que ele não abraça mais a supremacia racial.

John Abarr, da cidade Great Falls, afirma que é um homem “reformado”, e, por isso, começou um novo grupo ligado à KKK batizado Rocky Mountain Knights (Cavaleiros das Montanhas Rochosas, em tradução livre). Embora ele não diga exatamente quantos membros este novo grupo da KKK tem, Abarr afirma que a organização não irá discriminar as pessoas por sua raça, religião ou orientação sexual.

“A KKK é para uma América forte. A supremacia branca é a velha Klan. Esta é a nova Klan”, disse Abarr ao jornal local “Great Falls Tribune”.

Embora, por muito tempo, tenha se envolvido com organizações de supremacia branca nos estados de Wyoming e Montana, Abarr garante que suas opiniões têm mudado lentamente. No ano passado, ele se reuniu com membros da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês), uma das mais antigas e mais influentes instituições a favor dos direitos civis de minorias étnicas nos Estados Unidos. O encontro inspirou o líder supremacista a organizar uma conferência de paz com a NAACP e outros grupos religiosos programada para meados de 2015.

“Eu achei que era realmente uma boa organização. Não sinto que precisamos ficar separados”, disse Abarr à NAACP, à época.

Autoridades na Rede de Direitos Humanos de Montana, porém, estão céticos quanto ao movimento de aproximação de Abarr. Rachel Carroll-Rivas, co-diretora da organização, acredita que Abarr não precisa usar a KKK para formar uma organização mais abrangente e que, se sua intenção fosse mesmo criar uma associação inclusiva, ele poderia apenas abandonar a KKK.

Abarr comentou que seu novo grupo da KKK é uma organização fraterna que procura membros que querem lutar contra uma “nova ordem mundial” ou um “governo mundial”, o que ele teme que o governo federal americano esteja tentando alcançar.

Os membros que se unirem ao grupo ainda terão que usar as roupas e capuzes brancos e participar de rituais secretos, mas, segundo Abarr, o Rocky Mountain Knights será um grupo aberto e não discriminatório.

Jimmy Simmons, um dos representantes da NAACP que se reuniu com Abarr no ano passado, acredita que ele está mesmo tentando mudar. Se Abarr cumprir sua promessa e realizar uma conferência de paz, ano que vem, Simmons disse que pensará “seriamente” em se unir ao congresso. O líder do movimento negro apoia a criação de uma organização fraterna inclusiva, mas ressalta que o uso das letras KKK ainda causa medo nas pessoas.

 

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