A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, defendeu nesta terça-feira (23) políticas públicas como a Lei de Cotas para ampliar ações de igualdade racial no país.
A manifestação da empresária ocorreu durante um seminário na sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no centro do Rio de Janeiro. O evento foi batizado como Empoderamento Negro para Transformação da Economia.
“Cota é uma das coisas melhores depois de quase 400 anos de escravidão que tivemos no país”, disse Trajano. “Uma coisa que resolve mesmo é política pública, olha o que Lei de Cotas mudou”, afirmou a empresária em outro momento.
Trajano ainda criticou a desigualdade nas oportunidades para negros e brancos no país. “A desigualdade, seja ela social ou racista, é um câncer para a sociedade”, disse.
Em um dos momentos iniciais do seu discurso, a empresária relembrou a experiência que o Magazine Luiza teve ao criar um programa de trainee exclusivo para negros, em 2020.
Segundo ela, a iniciativa foi anunciada em uma sexta-feira pela área da empresa voltada às relações com o mercado. A partir do comunicado, a companhia passou a receber uma série de críticas, disse a empresária.
“Foram 72 horas da maior paulada, e olha que tomo paulada, que já tomei na vida. Eu e o Magazine. Criaram qualquer tipo de discriminação que nem existia”, afirmou.
De acordo com a empresária, o programa buscou ampliar a inserção de profissionais negros em postos de liderança na companhia.
Mesmo com as críticas, a iniciativa seguiu como um projeto de “mudar a empresa”, segundo Trajano. “A gente aguentou firme, e depois apareceram 22 mil pessoas”, disse.
Ela lamentou a falta de oportunidades para negros no Brasil e frisou que tratar do assunto não é “mimimi”.
‘PRECISA BAIXAR O JURO’
Após o discurso, Trajano foi questionada por jornalistas sobre outro assunto: a taxa básica de juros (Selic). Em uma breve declaração à imprensa, ela defendeu o corte da Selic como forma de estimular a economia brasileira.
“Precisa baixar o juro”, disse Trajano.
A empresária também afirmou que espera “pelo menos um sinal” de corte da Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central). O comitê volta a se reunir nos dias 20 e 21 de junho.
“Se não vier [o corte], vai ser muito triste. O pequeno e o médio estão sofrendo muito”, declarou.
O Copom vem mantendo a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Ao tentar esfriar a demanda por bens e serviços, a Selic de dois dígitos busca frear os preços e ancorar as expectativas para a inflação.
O efeito colateral esperado é a perda de ritmo da atividade econômica, já que o crédito fica mais caro para empresas e consumidores.
Esse cenário preocupa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano inicial de governo. Ao longo de 2023, Lula já fez uma série de críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, em virtude dos juros altos.