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    Linda Thomas-Greenfield (Foto: © Reuters)

    Senado confirma Linda Thomas-Greenfield como embaixadora dos EUA na ONU

    Pequena manifestação na avenida Paulista em homenagem a Plínio, homossexual assassinado - Marina Garcia/Folhapress

    Justiça adia para maio júri de acusado de matar cabeleireiro por homofobia em 2018

    Foto: AdobeStock

    “Sua raça é resistente à dor”: mulheres relatam racismo em atendimentos médicos

    Camila Moura de Carvalho (Arquivo Pessoal)

    Camila Moura de Carvalho: Por que o feminismo negro?

    Djamila Ribeiro – Filósofa e Escritora “Não é preciso ser negro para se engajar na luta antirracista” (Foto: Victor Affaro)

    Mulheres de Sucesso: Forbes destaca 20 nomes em 2021

    Anielle Franco (Foto: Bléia Campos)

    A importância da proteção de defensores e defensoras de direitos humanos 

    Ilustração/ Thaddeus Coates

    Quando eu descobri a negritude

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     A24 Studios/Reprodução

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      Neca Setubal Imagem: Sergio Lima/Folhapress

      A inaceitável desvinculação do investimento em educação e saúde

      Zilda Maria de Paula (à esq.), líder das mães de Osasco e Barueri, conversa com Josiane Amaral, filha da vítima Joseval Silva Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

      Defesa de réus de chacina tenta desacreditar mães de vítimas, diz defensora

      Foto: Reprodução/ TV Globo

      Carol Conká, a Karabá do BBB

      Bianca Santana, jornalista, cientista social e pesquisadora - Foto: Bruno Santos/Folhapress

      Notícia sem contexto contribui para o genocídio negro no Brasil, afirma pesquisadora

      Alice Hasters (Foto: Tereza Mundilová/ @terezamundilova)

      Alice Hasters – Por que os brancos gostam de ser iguais

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      Família diz que menino morto no Rio foi retirado da porta de casa pela PM

      Foto: Diêgo Holanda/G1

      Perigo: ele nasceu preto

      Foto: Ari Melo/ TV Gazeta

      Moradores carregam corpos e relatam danos psicológicos após ações da PM na Baixada Fluminense

      Keeanga-Yamahtta Taylor (© Don Usner)

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      Maíra Vida: Advogada, Professora, Conselheira Estadual da OAB BA e Presidenta da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa (Foto: Angelino de Jesus)

      Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

      GettyImagesBank

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        Junior Dantas (Foto: Rodrigo Menezes)

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        Mary Aguiar (Foto: Imagem retirada do site Bahia.ba)

        Mary Aguiar, primeira juíza negra do país, morre aos 95 anos

        Chiquinha Gonzaga aos 47 anos, em 1984 (Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Edinha Diniz/Ciquinha Gonzaga)

        Negritude de Chiquinha Gonzaga ganha acento em exposição em São Paulo

        Edusa Chidecasse (Foto: Reprodução/ @tekniqa.studios)

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        Itamar Assumpção/Caio Guatalli

        Itamar Assumpção para crianças

        Lula Rocha, expoente do movimento negro do Espírito Santo - Arquivo pessoal

        Morte: Agregador, articulou cultura e educação no movimento negro

        Chiquinha Gonzaga  Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Edinha Diniz/Divulgação

        Itaú Cultural abre a série Ocupação em 2021 com mostra dedicada à maestrina Chiquinha Gonzaga

        Vacinação contra a Covid-19 dos Quilombolas da comunidade Sucurijuquara, região isolada do Distrito de Mosqueiro, no Pará (Foto: FramePhoto / Agência O Globo)

        Covid-19: maioria da população, negros foram menos vacinados até agora

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              Marielle, um convite presente para que possamos enxergar, escutar e agir com os outros

              17/04/2018
              em Marielle Franco, Mulher Negra
              Tempo de leitura: 5 min.

              Fonte: Por Ana Míria dos Santos Carvalho Carinhanha*, do Alyne
              Foto: Imagem retirada do site Alyne

              Foto: Imagem retirada do site Alyne

              Há exatamente um mês fora brutalmente assassinada em uma emboscada no Rio de Janeiro uma mulher, preta, lésbica, favelada, desta vez uma parlamentar. O crime ainda segue sem resposta das autoridades competentes. Desde o dia 14/03/2018 o mundo inteiro está comovido com a morte da líder política e militante dos direitos humanos que sempre fez questão de demarcar gênero, raça, orientação sexual e classe. Marielle Franco representa a solidariedade e a congruência das forças em tempo de sectarismo e intolerância. Simboliza também a ruptura do silêncio dos que há muito tempo gritam e ainda são silenciados e oprimidos.

              Eleita por mais de 46 mil votos na segunda cidade mais populosa do Brasil, Marielle Franco fizera do seu “mandato coletivo” (como gostava de dizer) um incômodo e um questionamento constante às prioridades políticas, às estruturas, instituições, narrativas e práticas conservadoras do Rio de Janeiro e do país. Fugindo da obviedade de pautas econômicas fundamentalistas, Marielle e sua equipe superavam os discursos de instrumentalização da pobreza, e discutiam, além das pautas estruturais, pautas sociais, identitárias e de direitos humanos, trazendo como principais causas o enfrentamento ao racismo, ao machismo, à homofobia e à exploração. O enfrentamento à violência contra a mulher, o estímulo à representatividade dos grupos oprimidos nos espaços de poder, e a discussão de pautas que desvendassem a racialização das propostas políticas e econômicas constituíam as principais estratégias de atuação de Marielle.

              Trocar as lentes para se observar a sociedade. Enfrentar os tabus. Superar os mitos. Um exercício em três passos que traz como proposta, ao mesmo tempo simples e transgressora, a capacidade de enxergar, escutar e agir com os outros. Em uma sociedade ideológica e estruturalmente desigual, constituída sob as bases coloniais escravocratas e patriarcais, a inserção objetiva das pessoas encontra-se refletida em suas diferentes condições de vulnerabilidade, que vão além dos piores índices de pobreza, englobando a baixa expectativa de vida, os baixos salários, os empregos precários, os índices de analfabetismo, de violência e de morte, as formas de percepção e representação dessas pessoas na sociedade, as políticas públicas direcionadas (ou não) a elas, etc.

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              Cineasta Viviane Ferreira será a nova diretora-presidente da SPCINE

              20/02/2021

              A construção histórica do Brasil é marcada por experiências de exclusão que se sobrepõem, determinando o modo desigual como os indivíduos vivenciam as suas singularidades a depender dos eixos de subordinação ao qual estão submetidos. Façamos um pequeno exercício observando a sociedade brasileira a partir da sua estruturação racial.

              Trocar as lentes

              O Brasil, último país a abolir oficialmente a escravidão, possui uma população expressiva (54%) de negros e negras. Com um projeto de país sedimentado sob hierarquias raciais, fomos adeptos ao colonialismo escravocrata, executamos políticas eugenistas, promulgamos legislações racistas, construímos narrativas pautadas em diferenças hierárquicas raciais, e desenvolvemos o “racismo à brasileira”, negando a nossa história e falseando uma memória em prol do mito da democracia racial.

              Enfrentar os tabus

              O parlamento nacional brasileiro é comporto majoritariamente por homens brancos (71%) e por menos de 10% de mulheres, sendo que desses 10% mais de 8% são mulheres brancas. A renda dos negros corresponde apenas a 57,4% da renda dos brancos (IBGE). 64% da população penitenciária nacional é composta por negros (INFOPEN, 2017). Com relação à violência de gênero, entre 2003 e 2013, observamos que o número de mulheres negras assassinadas cresceu 54%, ao passo que o índice de feminicídios de brancas caiu 10% no mesmo período de tempo (Mapa da Violência, 2015). A Lei Maria da Penha (nº 11.340) teve um impacto na redução de vítimas entre a população feminina branca (2,1%), mas, entre as negras, a violência doméstica aumentou em 35% desde a criação dessa legislação, em 2006. De cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras (Atlas da Violência, 2017 – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança).

              Superar os mitos

              O mito da democracia racial não se sustenta, mas se propaga sobretudo pela negação do racismo enquanto um problema social brasileiro, o que dificulta o seu enfrentamento. A instrumentalização da pobreza a partir da pauta econômica é um dos instrumentos utilizados para escamotear as demais pautas sociais, identitárias e democráticas. É sintomático perceber que mesmo apresentando dados tão assombrosos com relação à qualidade de vida (e de morte) dos negros e negras no país, o país não se interrogue a respeito de políticas públicas de combate ao racismo e voltadas especificamente para a população negra.

              A preponderância das análises econômicas em detrimento das análises sociais, incluindo a racial, apresenta-se como sintoma de manutenção de uma estrutura neoliberal, violenta, anti-democrática e racista.  Primeiro, por conta da percepção unifocal e deturpada da realidade. As lentes a-históricas, inócuas e potencializadas pelo desejo de invisibilização das discussões sobre direitos humanos e especificamente sobre o racismo no país, faz com que muitos vejam esses problemas como processos de vitimização. Segundo, porque essa percepção deturpada favorece a criação de tabus. Estes, potencializam a percepção parcial e orientada da realidade, o que contribui, por exemplo, para a hipervalorização de discursos como o discurso meritocrático em detrimento das políticas redistributivas que impedem o enfrentamento das mazelas sociais. Em terceiro lugar, e não menos importante, destacamos que o país não possui uma experiência democrática madura, que está frequentemente comprometida pelos arbítrios e corrupção dos setores público e privado que lucram material e simbolicamente com as estruturas de poder estabelecidas. De maneira arbitrária, a falsa atribuição de objetividade que se dá à economia e à meritocracia, é utilizada para ignorar os seus usos políticos e manter estruturas de opressão.

              O enfrentamento ao racismo, assim como o enfrentamento ao machismo, à homofobia e à exploração, ainda não são programas de Estado no Brasil. Pelo contrário, o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, é um fenômeno que evidencia o descompromisso do Estado, sobretudo de um governo que interrompeu novamente a recente e abalada experiência democrática do país e que teve como uma de suas primeiras medidas a extinção do  Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (MMIRDH). Esse crime é uma execução política que marca a falência de uma sociedade que ainda precisa trocar as lentes para se observar; enfrentar os tabus e superar os mitos.

              “Enxergar, escutar e agir com os outros”

              Esse crime merece um direito de resposta eficaz, que só será possível a partir do interesse e da busca por uma maturidade política democrática que se oponha às mais distintas opressões. Contra o racismo, contra o machismo, contra a homofobia, contra o fascismo, contra o arbítrio, o terror, a intolerância e o medo. Que os direitos humanos sejam pauta perene em busca de uma experiência democrática de alteridade na qual possamos exergar, escutar e agir com os outros. Que a imponência e a doçura de Marielle continuem aquecendo os corações revolucionários com força e ternura.

              Marielle Franco tinha como lema a frase “eu sou porque nós somos”. Sim, nós somos! Marielle vive em nós! 


              * Advogada e artista, formada pela UNEB e pela UFBA, respectivamente, doutoranda em Ciências Sociais e Jurídicas na UFF, e em Direito pela UFRJ, mestre em Criminologia pela Faculdade de Direito e Criminologia da Université Catholique de Louvain. Participa de coletivos e grupos de pesquisa em Criminologia, Sexualidade, Direito, Raça e Democracia. Em Criola é pesquisadora e realiza a consultoria “Sistema de Justiça em Foco: dinâmicas de reprodução, combate ao racismo e promoção da igualdade racial” para o Fórum de Justiça.

              Assine a petição: Justiça para Marielle Franco

              Foto em destaque: Reprodução/ Alyne

              Tags: Marielle FrancoMulher Negraviolência racial e policial
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              • "Quando resolvi organizar o livro Diálogos Contemporâneos sobre Homens Negros e masculinidades, junto com o professor Rolf de Souza, um projeto pensado, e escrito exclusivamente por homens negros (das mais diferentes matizes fenotípicas, ideológicas, sexuais, etc.), um dos motivos, era que nos últimos anos vinha sentindo uma “atmosfera” de desqualificação sistemática e generalizada sobre nós. Havia uma retórica inflamada por parte de um segmento do movimento das mulheres negras que identificavam os homens negros como a síntese de todos os males da população negra: violência, preterimento, violação, alienação, abandono, enfim o degenerado perfeito." Leia o Artigo de Henrique Restier em: www.geldes.org.br
              • Para fechar fevereiro, a coluna Nossas Histórias vem com a assinatura da historiadora Bethania Pereira, que nos convida a pensar sobre as camadas de negação da história do Haiti. Confira um trecho do artigo do artigo"O Pioneirismo haitiano nas lutas pela liberdade no Atlântico"."A partir de 1824, o presidente Jean-Pierre Boyer passou a oferecer terras e cidadania para os imigrantes exclusivamente negros, vindos dos Estados Unidos. Ao chegar no Haiti, as pessoas teriam acesso a um lote de terra, ferramentas e, após um ano, receberiam a cidadania haitiana. A fim de fazer seu projeto reconhecido, Boyer enviou Jonathas Granville como seu representante oficial para os Estados Unidos. Lá, Granville pode se reunir com afro-americanos de diferentes locais mas, aparentemente, foi na cidade de Baltimore, onde ele participou de reuniões na African Methodist Episcopal Church – Bethel [Igreja Metodista Episcopal Africana] e pode se encontrar com homens e mulheres negros e negras. Acesse o material na íntegra em: A Coluna Nossas Histórias é parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs, o Geledés e o Acervo Cultune #Haiti #Liberdade #Direitos #SéculoXIX #HistoriadorasNegras #NossasHistórias.
              • #Repost @naosomosalvo • • • • • • A @camaradeputados, o @senadofederal e o @supremotribunalfederal precisam frear a política armamentista da Presidência da República, que coloca em risco nossa segurança e nossa democracia. 72% da população brasileira é contrária à proposta do governo de que é preciso armar a população: precisamos unir nossas forças e vozes contra esses retrocessos! Pressione agora: www.naosomosalvo.com.br As armas que a gente precisa são as que não matam.
              • No próximo sábado, dia 27 de fevereiro, às 17h, as Promotoras Legais Populares- PLPs, realizam uma live para falar sobre ações e desafios durante a pandemia, no canal do YouTube de Geledés Instituto da Mulher Negra.
              • Abdias Nascimento, por Sueli Carneiro “Sempre que penso em Abdias Nascimento o sentimento que me toma é de gratidão aos nossos deuses por sua longa vida e extraordinária história fonte de inspiração de todas as nossas lutas e emblema de nossa força e dignidade. A história política e a reflexão de Abdias Nascimento se inserem no patrimônio político-cultural pan-africanista, repleto de contribuições para a compreensão e superação dos fatores que vêm historicamente subjugando os povos africanos e sua diáspora. Abdias Nascimento é a grande expressão brasileira dessa tradição, que inclui líderes e pensadores da estatura de Marcus Garvey, Aimé Cesaire, Franz Fannon, Cheikh Anta Diop, Léopold Sedar Senghor, Patrice Lumumba, Kwame Nkruman, Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Steve Biko, Angela Davis, Martin Luther King, Malcom X, entre muitos outros. A atualidade e a justeza das análises e das posições defendidas por Abdias Nascimento ao longo de sua vida se manifestam contemporaneamente entre outros exemplo, nos resultados da III Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, ocorrida em setembro de 2001, em Durban, África do Sul, que parecem inspiradas em seu livro O Genocídio do Negro Brasileiro (1978) e em suas incontáveis proposições parlamentares.Aprendemos com ele tudo de essencial que há por saber sobre a questão racial no Brasil: a identificar o genocídio do negro, as manhas dos poderes para impedir a escuta de vozes insurgentes; a nos ver como pertencentes a uma comunidade de destino, produtores e herdeiros de um patrimônio cultural construído nos embates da diáspora negra com a supremacia branca em toda parte. Qualquer tema que esteja na agenda nacional sobre a problemática racial no presente já esteve em sua agenda política há décadas atrás, nada lhe escapou. Mas sobretudo o que devemos a ele é a conquista de um pensar negro: uma perspectiva política afrocentrada para o desvelamento e enfrentamento dos desafios para a efetivação de uma cidadania afrodescendente no Brasil, o seu mais generoso legado à nossa luta.” 📷Romulo Arruda
              • #Repost @brazilfound • • • • • • InstaLive Junte-se a nós para uma conversa com Januário Garcia, ícone da história do movimento negro no Brasil, enquanto celebramos o mês da história negra (Black History Month).⁠ ⁠ 📆: Terça-feira, 23 de fevereiro ⁠ ⏱: 18 hs horário de Brasília⁠ 📍: Instagram da BrazilFoundation (@brazilfound)⁠ ⁠ Fotógrafo brasileiro, Januário Garcia há mais de 40 anos vem documentando os aspectos social, político, cultural e econômico das populações negras do Brasil. Formado em Comunicação Visual, passou por prestigiados jornais e grandes agências de publicidade do Rio de Janeiro e é autor das fotos de álbuns icônicos de artistas consagrados. ⁠ ⁠ Januário participa de importantes espaços de memória, arte e cultura do povo negro; é co-fundador do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras, é membro do Conselho Memorial Zumbi e, atualmente, Presidente do Instituto Januário Garcia, um Centro de Memória Contemporâneo de Matrizes Africanas.⁠ ⁠ *⁠ #BrazilFoundation #mêsdahistórianegra #blackhistorymonth #januáriogarcia #brasil @januariogarciaoficial
              • Hoje é o dia nacional de luta por um auxílio emergêncial de 600 reais até o fim da pandemia! Fortaleça em todas as redes: #AuxilioEmergencial600reais #AteOFimDaPandemia #VacinaParaTodesPeloSUS Acompanhe os atos: https://coalizaonegrapordireitos.org.br/ato-nacional-pelo-auxilio-emergencial/
              • "As estratégias de liberdade desempenhadas pelos escravizados tiveram muitas dinâmicas. Em algumas oportunidades, era a carta de alforria o recurso daqueles que buscavam conquistar a saída da escravidão." Leia o artigo do historiador Igor Fernandes de Alencar, para a coluna
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              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

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