Mascaradas de encerramento – Gelede

Artigo produzido por Redação de Geledés

Assim como as mascaradas introdutórias trazem o festival ao mundo, outras mascaradas marcam a conclusão da noite de Ęfę e a transição do segmento noturno ao segmento diurno do espetáculo. A conclusão da noite de Ęfę em Ketu, Anago e das regiões setentrionais de Ęgbado é marcada pela aparição de um tipo diferente de mascarado, um dançarino numa perna-de-pau muito alta, vestido com volumoso traje de ráfia e uma máscara esculpida em forma de hiena, denominada koriko, ikoko ou ayoko (Beier 1958: 14; Huet 1978: pl. 85; Bernolles 1973: 23). O dançarino segura, em ambas as mãos, longos bastões de madeira, usando-os para equilibrar-se e para fazer gestos ameaçadores, que complementam a mandíbula escancarada da hiena, repleta de dentes.

(…)Em outras localidades, a hiena pode ser acompanhada ou substituída por outra máscara, semelhante quanto ao conceito a algumas máscaras introdutórias, aquelas que representam Exu/Elegba. Nas vizinhanças de Ketu, um mascarado representando Exu/Elegba chega para encerrar a noite de Ęfę; sua máscara é coberta de cabaças mágicas (Moulero 1970: 61).

(…) Seja um animal ou a divindade das encruzilhadas (Exu/Elegba), essas máscaras de encerramento comunicam uma transição: das preocupações da sociedade, expressadas por Ọrọ Ęfę, à reafirmação dos seres da floresta e das criaturas sobrenaturais como representantes de reinos situados além da sociedade humana. Assim como os dançarinos introdutórios trouxeram o espetáculo para o mundo, estes mascarados de encerramento marcam a conclusão de Ęfę e a transição da noite ao dia, do comentário verbal ao comentário não verbal, pois, a exemplo das palavras de Ęfę, as danças e mascaradas de Gęlędę, que começam no fim da tarde do dia seguinte, avaliam a sociedade segundo critérios próprios.

+ sobre o tema

Negros no mundo corporativo

A Gerente de Negócios Camila Ramos fala sobre sua...

“O dia 25 de julho é um marco de luta para as negras”

por Kátia Mello Em sua quinta edição, é possível dizer...

Geledés recebe a maior condecoração do Ministério das Relações Exteriores

Geledés - Instituto da Mulher Negra recebeu ontem, em cerimônia do Palácio...

Valor mapeia ações de Geledés em prol do empoderamento econômico de afrodescendentes

Valor Econômico publicou, nesta terça-feira 30, uma matéria exclusiva...

para lembrar

Em São Paulo, mulheres pretas são as mais impactadas pela fome

Na cidade mais rica do Brasil, as mulheres pretas...

O samba que virou cesta básica

A reportagem abaixo faz parte da série Geledés- Retratos...

“A poesia nos une pela cor, pela dor e pelo amor”, diz o poeta Sérgio Vaz

Mineiro de Ladainha, o aclamado poeta da periferia, Sérgio...

Chef Aline Chermoula – Um tempero da diáspora

Conversamos com Chef Aline Chermoula, do Chermoula Gastronomia. Neste vídeo Aline fala sobre comida inspirada na diáspora africana, empreendedorismo e maternidade. Conheça mais sobre Aline Chermoula Instagram:...

“Apenas com mobilização social e mandatos será possível mudar o sistema eleitoral” diz Benedita da Silva

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), ex-senadora e primeira vereadora negra do Rio de Janeiro, participa de um grupo de 16 parlamentares que apresentou...

“O Brasil é um modo de violência racista” diz Luiz Eduardo Soares

Luiz Eduardo Soares é escritor, dramaturgo, antropólogo, cientista político e pós-doutor em Filosofia Política. Foi Secretário Nacional de Segurança Pública, Sub-Secretário de Segurança Pública...
-+=