Nós não aceitamos a família que vocês estão impondo, deputados!

Com uma salva de palmas e gritos de “viva a família”, deputados festejaram nesta quinta-feira (24) a aprovação do projeto que restringe o conceito de família a casais heterossexuais.

por  no Brasil Post

O Estatuto da Família interdita as diferentes composições familiares, formadas por casais de gays e lésbicas.

Impede, portanto, que laços de amor entre duas pessoas sejam reconhecidos na lei como um arranjo familiar. Simplesmente porque são do mesmo sexo.

Desde novembro do ano passado, o Brasil Post se posicionou contra esse estatuto e propôs o Manifesto da Família, a fim de incorporar os novos formatos de núcleos familiares à legislação brasileira.

familia

Entretanto, a comissão especial responsável por apreciar o estatuto na Câmara dos Deputados optou por reforçar a célula-chave da sociedade como exclusivamente fruto da relação entre homem e mulher.

Foram 17 votos contra a diversidade.

Os nomes dos parlamentares com os quais não concordamos são os seguintes:

Anderson Ferreira (PR-PE)
Aureo (SD-RJ)
Carlos Andrade (PHS-RR)
Conceição Sampaio (PP-AM)
Diego Garcia (PHS-PR)
Pastor Marco Feliciano (PSC-SP)
Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ)
Evandro Gussi (PV-SP)
Flavinho (PSB-SP)
Eduardo Bolsonaro (PSC-SP)
Geovania de Sá (PSDB-SC)
Marcelo Aguiar (DEM-SP)
Pastor Eurico (PSB-PE)
Silas Câmara (PSD-AM)
Elizeu Dionisio (SD-MS)
Jefferson Campos (PSD-SP)
Professor Victório Galli (PSC-MT)

O problema de uma votação como essa é a influência da Bancada Evangélica e grupos religiosos no Legislativo brasileiro.

Quando religião e política se imiscuem, a arena de debates públicos dá lugar a demonstrações de fundamentalismo e intolerância.

Se os 17 parlamentares acima dizem que pretendem resguardar os direitos das famílias, por que estão sonegando a oportunidade àqueles que pensam diferente de suas crenças religiosas?

Em seu post de comemoração no Facebook, o presidente da comissão especial, Sóstenes Cavalcante, deixa claro a força-motriz de sua agenda “política” (grifos meus):

“Parabéns a todos os parlamentares envolvidos e a você que orou, que compartilhou a informação e agora sabe que avançamos para que o Estado tenha responsabilidade com as famílias brasileiras e as assegure direitos!”

A votação do texto principal foi concluída, mas ainda restam quatro destaques para serem votados.

Se eles forem aprovados, o projeto não precisa nem passar pelo plenário da Câmara e vai direto para o Senado.

Mas nós, brasileiros que defendemos os direitos humanos e as liberdades individuais, não vamos aceitar esse conceito restritivo de família que vocês estão nos impondo, deputados!

E nós não estamos sozinhos nesta batalha!

O Judiciário está do nosso lado, tendo reconhecido a legitimidade da união homoafetiva em diversas dimensões.

A nossa família, quem define somos nós. Cada um de nós.

Não precisamos de um Congresso Nacional para legislar sobre nossa vida afetiva, em vez de trabalhar efetivamente para organizar o País.

+ sobre o tema

Dois pesos, duas medidas, por Rodrigo Viana

E foi-se Santiago, repórter cinematográfico que fez uma...

Saúde Reprodutiva da População Negra no Brasil: Entre Malthus e Gobineau

Saúde reprodutiva da população negra representa um novo campo...

Desnutrição cresceu entre crianças indígenas em 2023, e acesso a educação seguiu pior entre negros

A desnutrição infantil aumentou entre crianças indígenas, e a...

Jornalista lança mapeamento de escritoras negras da Bahia

O projeto contempla três diferentes produtos: um site, um...

para lembrar

Flávia Oliveira: dividida entre o jornalismo e a atuação em movimentos sociais

“Meu médico tem convicção, mas não tem provas”, conta,...

As identidades indígenas na escrita de Daniel Munduruku

  SANTOS, Waniamara J. Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Resumo: Conforme...

Direitos humanos e a atividade policial

Por Direitos Humanos ou direitos do homem devemos entender...
spot_imgspot_img

Serrapilheira anuncia edital que prevê R$ 440 mil em apoio a podcasts liderados por pessoas negras e indígenas

O Instituto Serrapilheira lança nesta terça-feira (8) uma nova chamada pública para apoiar podcasts com a ciência na pauta e liderados por pessoas negras ou indígenas....

Saúde amplia acesso a medicamento para pacientes com doença falciforme

O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (3) que vai incorporar o medicamento deferiprona para o tratamento da sobrecarga de ferro em pacientes com...

3º Prêmio MOL destaca trabalhos que unem jornalismo e cultura de doação

Dedicado a reconhecer o trabalho de comunicadores que buscam fortalecer a cultura de doação no país, o Prêmio MOL de Jornalismo para a Solidariedade...
-+=