O perfumista Jean-Paul Guerlain é acusado de racismo

Por: Julia Salgueiro

Ao usar uma palavra inadequada na TV ele gerou uma polêmica que chegou ao governo e corre o risco de ser processado


Jean-Paul Guerlain, famoso perfumista francês, se envolveu numa grande polêmica recente e foi acusado de racismo. Em uma entrevista para o principal canal público de TV, o France 2, Guerlain disse: “Uma vez, trabalhei como um crioulo. Não sei se alguma vez os crioulos trabalharam tanto assim”.

Ao usar a palavra “nègre” (em francês tem sentido depreciativo), ao invés de “noir” (com sentido mais neutro), um dos homens mais ricos da França se envolveu num escândalo que chegou ao governo. A ministra da economia, Christine Lagarde disse à uma rádio local que espera que o comportamento “patético” do perfumista tenha sido um sinal senil e que ele manifeste desculpas.

Associações como a SOS Racisme e o Conselho representativo das Associações Negras já falam em denunciá-lo e visam acabar com as ofensas que se disfarçam em vícios de linguagem coloquial.

Guerlain, que já manifestou opiniões xenófobas antes, pediu desculpas, lamentando profundamente o desconforto causado e disse que as palavras não refletiam seu pensamento íntimo.

O perfumista tem 73 anos, não trabalha e nem tem ações na empresa que leva seu nome. Ele é conselheiro para tendências olfativas. Em 2002, ainda à frente da perfumaria, após denúncia de trabalho clandestino em suas plantações em Mayotte, uma colônia francesa situada no Oceano Índico, ele declarou que já sabia que “a mão de obra clandestina no local é um mal endêmico”, e transferiu suas atividades para Anjouan, no arquipélago de Comores.

 

Fonte: ClosetOnline

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