Porque os banqueiros suíços têm o direito, garantido por lei, de não revelar quem são seus clientes.
Por Giovana Sanchez Do Brasil Post
Os bancos são a grande fonte de riqueza do país – os outros clichês suíços (chocolates, queijos e relógios) têm participação bem menor na economia. As 369 instituições financeiras mantêm cerca de US$ 2,4 trilhões em seus cofres – 27% de todo o dinheiro depositado fora de seu país de origem.
Seu grande atrativo é um recurso chamado sigilo fiscal, que garante anonimato ao cliente e atrai milionários de basicamente todos os países.
Na primeira metade do século passado, muitos europeus, descontentes com a inflação de seus países, levaram seus montantes para os bancos suíços. O recurso do anonimato, no entanto, atraiu todo tipo de investidor – principalmente quem queria esconder dinheiro.
Foi durante a 2ª Guerra que ocorreu o ápice da lavagem de dinheiro por bancos suíços: entre 1940 e 1945, eles haviam transformado em francos suíços 75% do ouro saqueado por Hitler dos países ocupados. Ou seja: o ouro roubado foi vendido para o exterior. Então as libras, dólares e marcos alemães pagos pelo metal precioso passou a servir como uma espécie de lastro para a moeda suíça.
Nisso, o dinheiro estava lavado: o ouro nazista tinha se metamorfoseado num franco suíço mais forte, com maior valor diante do dólar, da libra, do marco alemão (que era o “dólar da europa” antes do euro).
Para evitar abusos, o Parlamento suíço aprovou em 1988 a lei de combate à lavagem de dinheiro, que obriga todos os bancos a alertar as autoridades caso haja suspeita de que o dinheiro depositado em alguma de suas contas tenha origem ilegal.
Mesmo assim, o país continua sendo visto como um porto seguro para montanhas de dinheiro vindas de fontes duvidosas, já que a Suíça ainda mantém um grau elevado de sigilo, e é um país bem mais estável que outros destinos com bancos “discretos”, como as Bahamas e as Ilhas Cayman, no Caribe.