Qual é a cor do protagonismo na bancada jornalística?

Ignorância, ingenuidade ou negligência podem demarcar o posicionamento de pessoas que não consideram a mídia como uma via complexa que apresenta interesses econômicos e políticos constituída de espaços e práticas discursivas e não-discursivas, estas que influenciam em nossos modos de existências e processos de subjetivação nas relações. A linguagem utilizada, o conteúdo roteirizado e o corpo-território apresentam aos consumidores um posicionamento ético, estético e político nas bancadas de jornais inseridas nas mídias televisivas.

O que se espera de forma sucinta de um canal de televisão e de um jornalista? Quais são as reações inscritas nos repertórios comportamentais das pessoas que percebem um semelhante em um lugar de saber-poder? A representatividade de Cláudio Bento França impacta de qual forma as funções mentais: atenção, sensação, percepção, memória, orientação, consciência, pensamento e linguagem das pessoas negras que assistem este jornalista como pivô em uma bancada jornalísitca de alta audiência? A atuação de um jornalista na mídia televisiva representa simbolicamente a possibilidade de sonhar? O lugar ocupado pelo jornalista impacta de qual forma as relações de força na sociedade?

Foucault (1988) evidencia que é no campo das relações de força que se deve analisar o poder. Desta forma, questionamos: quais são as relações de força que podemos visualizar no campo da comunicação, quais estratégias acionadas, quais alianças têm sido empreendidas?

A SIC Notícias é um canal de televisão português que transmite programação jornalística, criado em 8 de janeiro de 2001 e em 2020 um homem preto ocupa este lugar de prestígio social.

Talvez o conceito de representatividade seja interessante para análise, entretanto reconheço que não seja o suficiente para o quantitativo necessário e real da população que é violada, silenciada, desumanizada simbolicamente e fisicamente no cotidiano, além de que o termo pode ser utilizado como um flagelo nas situações de multiculturalismo e negação do racismo estrutural citado por Silvio Almeida.

Feliz por Cláudio Bento França, mas ciente que falta muito para mudarmos nossa realidade nas mídias de comunicação.

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE.

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