Representatividade nos palcos: projeto tem aulas de teatro centradas no protagonismo negro

Enviado por / FonteO Globo, por Vittoria Alves

A iniciativa é da professora Graciana Valladares, de 36 anos, moradora de Cavalcanti

Desenvolver sonhos e criar oportunidades foram os combustíveis para a atriz, pedagoga e mestre de artes cênicas Graciana Valladares, de 36 anos, moradora de Cavalcanti, começar o projeto “Teatro na Zona Norte”. No mês em que é comemorado o Dia Internacional na Mulher, a iniciativa completa cinco anos de atividade. Ao longo desse tempo, mais de 300 jovens, moradores do bairro, foram contemplados.

As oficinas de interpretação acontecem aos sábados, em dois horários, e cada turma dura um semestre. Atualmente, cerca de 50 alunos têm aulas com uma metodologia afrocentrada, fortalecendo a representatividade negra para crianças e jovens locais. O projeto surgiu da vontade de Graciana de transformar a realidade de um local marcado pela violência.

— Eu fiquei pensando no que eu poderia fazer para a comunidade, visto que ela é marcada pela violência, por outros interesses, e eu queria muito transformar isso. Hoje estou muito feliz porque, apesar de ser um projeto que ainda não tem patrocínio, ele é feito por muitas mãos, pessoas que acreditam em sonhos. Muitas crianças e adolescentes que moram em comunidades chegam falando que não acreditam em sonhos, então nós queremos fazer com que eles acreditem em si, acreditem que é possível mudar, transformar, apesar do meio em que vivem. Eu via muitas crianças que de repente estavam no tráfico e perdidas, sem perspectiva de vida — conta Graciana.

O projeto vai ao encontro do espetáculo “Makeda — Rainha da Arábia Feliz”, musical infantojuvenil do qual é protagonista, que cumpre temporada de hoje até 12 de maio no Teatro II do CCBB Rio. As apresentações acontecem aos sábados e domingos, sempre às 15h, com intérprete de Libras e recurso de audiodescrição.

Com texto e direção de Allex Miranda, a peça conta e canta a história de uma princesa preta que, por meio de conversas com seu trisavô e do encontro com outros reis e rainhas negros do passado, aprende lições de ancestralidade, memória e pertencimento. Através da abordagem positiva das características do povo negro, “Makeda” busca incentivar identificação e a autoestima do público. Graciana reconhece a importância e a responsabilidade do trabalho de levar representatividade para as crianças negras, que se enxergam nela.

— Esse espetáculo é um grande presente para mim este ano. Estar ali representando essa rainha que muita gente não conhece, mas que é uma mulher muito poderosa, traz a ideia de um empoderamento de crianças negras que podem se ver ali como reis e rainhas. Por muito tempo, eu, por exemplo, não tinha isso em livros, nem em peças. Vamos falar da nossa pele, falar do nosso cabelo, da nossa identidade — destaca Graciana.

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