A torcida do Espanyol não atacou apenas Neymar no jogo de ontem em Barcelona. Messi (problemas com o Fisco), Piquet (xingamentos à sua mulher Shakira) e Suárez (chamado de canibal) também foram vítimas. Mas os insultos racistas a Neymar ganharam repercussão planetária. Só se fala nisso.
por Marcondes Brito no Terceiro Tempo
Neymar manteve o silêncio. Não postou nada em suas badaladas páginas nas redes sociais (só no Twitter tem mais de 20 milhões de seguidores), mas é quase certo que tenha ficado abalado, muito chateado mesmo!.
Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em 2011, a seleção brasileira enfrentou a Escócia em amistoso em Londres. Neymar jogou muito bem, fez dois gol, mas o jogo ficou marcado por um ato externo: o atleta disputava uma bola próximo à linha de fundo quando foi atirada uma banana em sua direção. O jogo foi paralisado, a banana retirada, e o autor do lançamento identificado e punido, horas depois.
Em abril de 2014, após mais uma derrota do Barcelona, a torcida do time catalão foi até o centro de treinamentos da equipe e insultou os jogadores, dizendo que eles “só pensam na Copa do Mundo” e não se comprometem com a equipe. Quando passou Neymar, os torcedores imitaram o som emitido por macacos. O ídolo da seleção brasileira não falou nada sobre o assunto, limitando-se a postar mensagens enigmáticas no Instagram: “Tem horas que a caminhada é difícil”.
A grande verdade é que essa questão do racismo incomoda Neymar muito mais do que podemos imaginar. Quando tinha 18 anos e atuava pelo Santos, o craque deu entrevista à jornalista Sonia Racy, do Estadão, e surgiu a inevitável pergunta:
“Já foi vítima de racismo?”, questionou Racy.
A resposta de Neymar: “Nunca. Nem dentro e nem fora de campo. Até porque eu não sou preto, né?”.
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