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    Ingrid Silva é a primeira bailarina negra e brasileira a ser palestrante principal em Harvard

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    2º Festival Frente Feminina abre inscrições e seleciona artistas negras para residência artística virtual

    A cantora Alaíde Costa Kazuo Kajihara/ Sesc-SP

    ‘Não tenho muito o que me queixar da vida’, diz a cantora Alaíde Costa

    Agência Brasil/EBC

    Mulheres pretas

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    Argentina, lei sobre o aborto e lições para o Brasil e a América Latina

    Bianca Smith, primeira treinadora negra da história do beisebol profissional nos EUA Imagem: Divulgação/Boston Red Sox

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      Arquivo Pessoal

      Governo do Rio sanciona Lei Ágatha, que prioriza investigação de crimes contra crianças e adolescentes

      ilustrações Amanda Favali (@favali_)

      Se os privilegiados estão cansados, imagine os negros

      Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense — Foto: Reprodução/Redes Sociais DHBF

      Oito corpos são encontrados em Belford Roxo, Baixada Fluminense

      Lucas afirma que gravou a abordagem porque esse foi o 4º 'enquadro' que levou esse ano em Santos, SP — Foto: Reprodução

      PM é flagrado dizendo que jovem tem ‘cara de ladrão’ durante abordagem

      Manifestantes protestam em memória de George Floyd em Mineápolis, nos Estados Unidos Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

      Keeanga-Yamahtta Taylor reflete sobre a força que vem do ativismo negro

      Ivanir Dos Santos / Arquivo Pessoal

      Comunidade judaica e movimento negro se movimentam contra dois prefeitos do Rio

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      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

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      Racismo e desigualdades: o que há de democrático na Covid-19?

      Pixabay

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        O protagonista de "Os Intocáveis", Omar Sy, (Foto: Jordan Strauss/Invision/AP - Jordan Strauss)

        Além de Lupin: conheça a carreira de Omar Sy em 5 filmes

        O escritor nigeriano Wole Soyinka, durante visita ao Brasil em 2015 - Bruno Poletti/Folhapress

        ‘Aké’ é oportunidade de ler Wole Soyinka, um dos maiores nomes da África

        Divulgação

        Série Oxalaive promove 14 encontros poéticos virtuais

        Regé-Jean Page (Foto: Reprodução/Instagram)

        Quem é Regé-Jean Page, a estrela da série “Bridgerton”?

        Arte por Raquel Batista

        O Movimento Negro Organizado Hoje: Vozes da Coalizão Negra Por Direitos #DesenraizandoRacismo

        Ana Hikari (Reprodução/Insytagram/@ _anahikari)

        Ana Hikari, 1ª protagonista asiática da TV: ‘Passei a vida reduzida a japa’

        Netflix

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        Aleksandr Púchkin e Machado de Assis (wikimedia commons)

        Púchkin e Machado, o ser negro, formas de ouvir o outro

        A cantora Alaíde Costa Kazuo Kajihara/ Sesc-SP

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              Vítima de estupro coletivo cometeu suicídio após ser humilhada no WhatsApp

              15/11/2016
              em Questões de Gênero
              Tempo de leitura: 6 min.

              Uma indiana de 40 anos cometeu suicídio em janeiro deste ano, logo após um vídeo do estupro coletivo do qual foi vítima ter sido compartilhado pelo WhatsApp. A jornalista da BBC Divya Arya foi ao Estado de Uttar Pradesh, no norte do país, para conhecer a sua história.

              Por Divya Arya, da BBC 

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              Geeta* era uma mulher valente. Atuava como profissional de saúde pública na zona rural da região onde vivia – um trabalho que exigia caminhar sozinha pelos vilarejos, algumas vezes após o anoitecer, e visitar as casas de estranhos.

              Sua renda sustentava toda a família, incluindo o marido, que sofre de alcoolismo. Eles moravam em uma casa de tijolos que não tinha porta ou banheiro, mas Geeta orgulhava-se de ter conseguido dar educação aos três filhos adolescentes – uma menina e dois meninos.

              No final de 2015, um morador de uma vila próxima a viu trabalhando no parto da mulher do irmão dele. E começou a persegui-la.

              As ameaças tiveram início quando Geeta se recusou a conversar com ele. Khushboo*, amiga e colega dela, conta que o homem a parou na rua, tomou seu celular e disse: “Se eu encontrar você sozinha, não vou te deixar ir.”

              Geeta certamente já tinha ouvido os relatos sobre abusos sexuais cometidos nos vilarejos onde ela trabalhava.

              Dezoito meses antes, o Estado de Uttar Pradesh virou manchete quando duas garotas foram estupradas e mortas em Badaun.

              Ela provavelmente também sabia que, pela cultura patriarcal da região, poderia ser considerada culpada por “convidar” as investidas sexuais de homens – mesmo que fossem não desejadas, intimidativas e violentas.

              Sem ter a quem recorrer

              Na última vez em que foi chamada para trabalhar no vilarejo do homem que a perseguia, Geeta disse a Khushboo estar com medo de ir sozinha. A amiga se ofereceu para fazer a visita com ela – e ficou preocupada ao vê-lo rondando a área.

              Khushboo pediu então que Geeta fosse até os anciões da vila e revelasse a eles o problema. Mas, convencida de que qualquer pedido poderia se voltar contra si, ela se recusou. “Só vão encontrar culpa em mim”, disse na época.

              Dias depois, quando as duas voltaram à vila para vacinar crianças contra a pólio, Geeta contou que algo terrível havia acontecido.

              O homem e três amigos tinham lhe seguido – eles a seguraram, rasgaram suas roupas e a estupraram.

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              Geeta virou alvo de comentários após vídeo ser divulgado

              Apesar de abalada, relata Khushboo, Geeta não estava a ponto de cometer suicídio. “Eu disse a ela: ‘nós estamos todas ao seu lado; não faça nada de drástico'”, conta a amiga.

              Naquele momento, Geeta realmente não estava planejando morrer – ela pensava, inclusive, em procurar a polícia. “Vou delatá-los. Vou descobrir os nomes dos homens que abusaram de mim e colocá-los na cadeia.”

              Temores confirmados

              Mas antes que isso ocorresse, um vídeo mostrando o estupro começou a circular no WhatsApp.

              Dentro de algumas horas, as imagens estavam sendo assistidas por homens e as mulheres da vizinhança – que as comentavam, aos sussurros.

              “Ela me ligou”, conta Khushboo. “Disse que estava difícil de sair de casa porque os vizinhos estavam sabendo (do estupro).”

              “Ela estava preocupada e me perguntou se alguém na minha vizinhança sabia”, lembra a amiga.

              A intuição de Geeta estava certa: ela acabou sendo considerada, aos olhos do povo local, culpada por ter “atraído” os homens.

              “Naqueles últimos dias, ela estava muito triste”, conta Khushboo.

              “Não estava nem se alimentando direito. Um dia antes de morrer, me disse que tinha ido ao médico e havia contado tudo a ele.”

              A reação do profissional teria sido a seguinte: “Vá para casa e fique quieta. Tudo isso é culpa sua.”

              Ela procurou ainda o ex-chefe do vilarejo, que também disse: “A culpa é sua, não há nada que possamos fazer.”

              Foi o baque final. Na tarde seguinte, Geeta foi encontrada à beira de uma estrada na periferia da vila.

              Espuma saía de sua boca – ela morreu antes que pudesse ser levada ao hospital. A autópsia confirmou as suspeitas de morte por envenenamento.

              _92133098_backofhead976

              Vítimas de estupro muitas vezes não têm a quem recorrer

              Triste realidade

              O estupro e condenamento público de Geeta não é um incidente isolado.

              A Índia tem testemunhado uma série de casos de compartilhamento de vídeos de estupros coletivos, todos filmados com celular.

              Em agosto de 2016, o jornal Times of India revelou que centenas – talvez milhares – de imagens mostrando abusos sexuais estavam sendo vendidas diariamente em mercados de Uttar Pradesh.

              O dono de uma loja afirmou à publicação: “O pornô é passado. Esses crimes da vida real é que estão na moda.”

              O jornal ainda ouviu outro vendedor dizer a clientes que eles poderiam até mesmo conhecer a garota das gravações mais “quentes” do momento.

              Sunita Krishnan, ativista responsável por uma ONG de combate ao tráfico sexual em Hyderabad, disse recentemente à Suprema Corte do país que havia coletado mais de 90 vídeos de estupros nas redes sociais.

              Pavan Duggal, advogado na Suprema Corte, disse à BBC que os juízes ficaram chocados com dois relatórios sobre estupros coletivos cujos vídeos circularam pelo WhatsApp.

              Eles enviaram uma ordem especial ao órgão indiano responsável por investigações para que os suspeitos fossem identificados e levados à Justiça.

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              Autoridades locais culparam Geeta pelo ataque

              A corte também solicitou que o ministro de Tecnologia da Informação examinasse medidas para interromper a circulação desse tipo de vídeo.

              “Mulheres são alvo constante”, disse Duggal, “e o fato de os casos não estarem aparecendo na mídia não nos dá motivos para sermos complacentes e acharmos que está tudo bem.”

              Em muitos vilarejos, porém, é mais comum que as pessoas se incomodem com o fato de mulheres estarem usando celulares do que com homens que utilizam os aparelhos para intimidar vítimas de estupro e compartilhar vídeos dos crimes na internet.

              Como resultado, vários governos locais de Uttar Pradesh proibiram garotas de portar celulares.

              “A pressão sobre as mulheres é enorme e, se por um acaso, elas colocarem suas mãos em um telefone ou usarem fones de ouvido para escutar música elas passam a ser taxadas de ‘sem caráter’ (sem moral)”, diz Rehana Adib, uma assistente social que se dedicou a estudar o caso de Geeta.

              “Quando a família e a sociedade colocam o peso da honra e do bom caráter sobre os ombros das mulheres, enquanto os homens são absolvidos de qualquer teste de integridade… Como uma mulher que ousa ser forte e independente pode sobreviver?”

              Prisão

              Após protestos liderados por profissionais de saúde que atuam nas vilas vizinhas, três homens foram presos pelo estupro de Geeta e pela produção e circulação do vídeo.

              Mas em seu próprio vilarejo, a revolta com a morte ainda é silenciada pelos questionamentos sobre sua honra.

              Mesmo o marido de Geeta, que ficou sabendo do vídeo pelos vizinhos, afirma que sua principal suspeita é de que ela tenha feito algo para encorajar o ataque.

              “Se ela tivesse me contado”, diz ele, “nós teríamos perguntado se isso foi feito com seu consentimento. Então teríamos procurado os anciãos da vila para decidir o que deveria ser feito.”

              Ele não demonstra qualquer sinal de revolta com o crime – e não fez nenhum pedido de ação policial contra os estupradores.

              Procurados pela BBC, o médico da vila e o ex-líder do local negaram ter desencorajado a mulher a procurar a polícia, mas voltaram a culpá-la pelo que aconteceu.

              Para outro morador, que pediu para não ter o nome divulgado, a morte de Geeta não requer explicações. “Como ela poderia continuar vivendo com essa humilhação pública?”

              O mesmo sentimento é compartilhado por Pradeep Gupta, policial responsável por investigar o caso. “Aparentemente a mulher deve ter sentido a pressão social, e isso a forçou a tirar sua própria vida”, disse. “É algo lamentável.”

              Na vila, a noção de o estupro resulta em um fardo de culpa jogado sobre os ombros da vítima continua incontestável. A morte de Geeta foi, para muitos, inevitável.

              Para quem ficou, especialmente a filha de Geeta, nada mudou.

              “Ainda é muito difícil”, diz ela. “Sempre que saio, alguém aponta para mim e zomba, perguntando: ‘você não sente vergonha do que aconteceu com a sua mãe?.”

              *Os nomes “Geeta” e “Khushboo” são fictícios para proteger as identidades das mulheres e de suas famílias.

              Tags: estuproestupro coletivoQuestões de Gênero
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              • ✊🏾 1960-1970: Grupo Palmares de Porto Alegre e a afirmação do Dia da Consciência Negra ✊🏾 Está disponível mais uma sala da Exposição “20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra” no Google Arts & Culture! Link: https://artsandculture.google.com/culturalinstitute/beta/u/4/exhibit/1960-1970-grupo-palmares-de-porto-alegre-e-a-afirma%C3%A7%C3%A3o-do-dia-da-consci%C3%AAncia-negra/tgLSJakjmcizKA 🙌🏿 Esta sala é especialmente dedicada à movimentação do Grupo Palmares em Porto Alegre, fundado em 1971, afirmando o Vinte de Novembro como Dia da Consciência Negra. Em 2021, o Vinte completa 50 anos! Conecte-se ao compromisso de ativistas negros e negras gaúchas em defesa de uma história justa sobre as lutas negras por liberdade por meio de depoimentos, fotografias, poemas, anotações, cartas, entre outros documentos. Vamos junt@s! 🖤 O material pode ser acessado em português e inglês e é mais um resultado da parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs(@historiadorxsnegrxs , Geledés Instituto da Mulher Nega e o Acervo Cultne! (@cultne) 🎉 Ao longo de todo 2021, muitas outras “Nossas Histórias” sobre vidas, lutas e saberes da gente negra serão contadas em salas de exposições virtuais!
              • "A história do indigenismo no século XIX tem importantes pontos de conexão com a história do tráfico escravista. A investigação dessas conexões permite compreender como possibilidades de branqueamento foram projetadas na nação brasileira, para além da mais conhecida: a imigração europeia ocorrida entre o último quartel do século XIX e 1930." Leia o artigo do historiador Samuel Rocha Ferreira publicado na coluna “Nossas Histórias” **A coluna “Nossas Histórias” é uma realização da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros em parceira com o Portal Geledés e o Acervo Cultne.
              • "Afirmar que este ano foi ganho para a EDUCAÇÃO parece beirar à cegueira. Escolas fechadas, estudantes, professores, gestores todos os servidores em casa e sem aulas presenciais." Leia o Guest Post de Jocivaldo dos Anjos em: www.geledes.org.br
              • Territórios negros e periféricos no enfrentamento à pandemia da COVID-19: um estudo sobre as ações desenvolvidas na região metropololitana de São Paulo Por compreender a importância das diversas iniciativas realizadas para o enfrentamento da Covid-19, Geledés Instituto da Mulher Negra, Rede Conhecimento Social e um grupo de coletivos e movimentos sociais realizaram uma pesquisa sobre as formas de atuação e enfrentamento à pandemia da COVID-19 protagonizadas pela sociedade civil na região metropolitana de São Paulo, de forma a identificar as experiências, as problemáticas enfrentadas e os desafios para a continuidade das iniciativas. Para saber mais acesse www.geledes.org.br
              • "Enquanto um fenômeno multidimensional da política estadunidense que envolve dinâmicas de classe, gênero e raça, o trumpismo revelou diferentes faces, que na maioria das vezes se materializou em manifestações públicas de homens brancos da classe trabalhadora." Leia o Guest Post de Flávio Thales Ribeiro Francisco em: www.geledes.org.br
              • "A construção da mulher negra como ser inferior, como aquela que se contenta com pouco a faria feliz até com um homem perdido, afinal, ele tinha a branquitude como posse, além da cidadania." Leia o Guest Post de Fabiane Albuquerque em www.geledes.org.br
              • Graças à parceria entre a Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros (@historiadorxsnegrxs), o Geledés e o Acervo Cultne (@cultne), desde o dia 16 de setembro, em todas as quartas-feiras, são apresentados conteúdos produzidos especialmente com o objetivo de fortalecer o diálogo com profissionais da Educação Básica, ativistas e demais pessoas interessadas em História Negra e Antirracista. E que tal aproveitar as férias para maratonar o material completo?  Acesse em www.geledés.org.br
              • “Para aqueles de nós que gostam de música de dança cubana, estamos familiarizados com a palavra “negra’ na letra, refrão e frases individuais entre os guias das canções mais populares. Esta voz alude àquela mulher que é a figura central, em torno da qual o roteiro que inspira nos concertos ao vivo, o público cantará em voz alta porque se reconhecem nas canções." Leia o Guest Post de Lisset González Batista com tradução de Denise Braz em www.geledes.org.br
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              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

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