Subjetividade da mulher negra na literatura

Bate-papo. Conceição Evaristo apresenta, amanhã, suas “escrevivências”

Do O Tempo 

Conceição Evaristo, 70, carrega a literatura por onde vai. “Sou daquelas escritoras que leva malinha de livros”, diz. A relação com as palavras escritas, porém, vai muito além do campo físico. Está enraizada de tal forma no falar e no agir da escritora que é dela o neologismo “escrevivências”. “Todos os meus textos, sejam eles teóricos ou literários, nascem profundamente marcados pela minha subjetividade de mulher negra na sociedade brasileira”, diz.

Agora é a vez de Conceição desembarcar com sua bagagem na cidade onde nasceu. Na mostra “Escrevivências de Conceição Evaristo: Literatura e Etnicidade” serão discutidos problemas relativos à escrita de mulheres negras e às várias dificuldades enfrentadas por elas na literatura. Na ocasião, também estarão presentes as pesquisadoras Constância Lima Duarte e Maria Nazareth Soares Fonseca.

“Temos que pensar na literatura como direito. As classes subalternas têm que se apropriar da escrita e da literatura, pois ela não pode pertencer somente a determinadas categorias”, diz Conceição. Ela afirma que a posição que assume como mulher e negra na escrita faz com que muita gente se sinta representada.

“Sou uma escritora oriunda de classes subalternas e populares. Gosto de afirmar que quero quebrar o imaginário que escritores nascem apenas de classes privilegiadas. Tenho 70 anos e só agora tenho essa visibilidade. Se eu tivesse nascido em outra classe social, talvez tivesse esse reconhecimento antes”, analisa.

Conceição luta, agora, para terminar de escrever o romance “Folhas de Mungulu”. “Meu grande desejo é ter uma bolsa de incentivo para conseguir terminar o livro. Trabalho em termos de sobrevivência”, conta.

AGENDA

O quê. Mostra “Escrevivências de Conceição Evaristo: Literatura e Etnicidade”
Quando. Amanhã, às 19h
Onde. Memorial Minas Vale (praça da Liberdade, 640, esquina com Gonçalves Dias)
Quanto. Gratuito, sujeito a lotação

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