Acusado de ‘parcialidade racial’, chefe de polícia renuncia nos EUA

O chefe de polícia de Ferguson, no Estado norte-americano do Missouri, renunciou ao cargo na quarta-feira (11) como consequência de um duro relatório do Departamento de Justiça dos EUA, que concluiu sobre a existência de uma disseminada parcialidade racial na atuação do departamento policial e do tribunal municipal.

Do Brasil Porst

A renúncia do chefe Thomas Jackson, anunciada pela administração municipal em um breve comunicado, é a mais recente em uma série de saídas desde a divulgação das conclusões do inquérito do Departamento de Justiça, em 4 de março.

Manifestantes vinham pedindo pela demissão de Jackson desde que um policial branco de Ferguson matou a tiros Michael Brown, um adolescente negro desarmado em 9 de agosto. A morte desencadeou protestos em cidades dos EUA e deu amplo destaque às reclamações sobre maus tratos da polícia em relação aos negros.

Um tribunal do júri resolveu não acusar Darren Wilson, o policial envolvido no incidente, pela morte, decisão que o inquérito federal manteve inalterada.

A saída de Jackson ocorre após o administrador de Ferguson, John Shaw, ter renunciado na terça-feira, assim como o juiz municipal Ronald Brockmeyer, que deixou o cargo na segunda.

Outros três funcionários do departamento policial e do tribunal municipal perderam seus empregos na semana passada em decorrência do relatório do Departamento de Justiça dos EUA.

Noite violenta

Após o anúncio, dois policiais foram feridos por disparos durante um protesto do lado de fora da sede da polícia de Ferguson.

O chefe de polícia de St. Louis, Jon Belmar, disse a repórteres que um policial de 41 anos de seu departamento foi atingido no ombro, e que um agente de 32 anos do departamento próximo de Webster Groves levou um tiro no rosto durante protestos.

Ele disse que os policiais, que não foram identificados por ele, estavam conscientes e sendo tratados em um hospital local. Mais tarde, o departamento disse em um comunicado que os dois estavam em uma condição grave.

“Esses policiais estavam parados lá e foram baleados simplesmente porque eram policiais”, disse Belmder.

A manifestação começou de forma pacífica, mas cerca de duas dezenas de policiais vestidos com equipamento de choque entraram em confronto com os manifestantes mais tarde. Pelo menos duas pessoas foram detidas.

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