por marcos romão
Assistir ao último jogo entre o Santos e Grêmio na Arena do Grêmio já foi dose prá leão.
Durante 90 minutos o estádio parecia o Coliseu Romano, onde os cristãos eram entregues às feras.
Toda uma torcida em uma manifestação racista, como que orientada por bons advogados e diretorias, gritava e vaiava durante 90 minutos, tomando o cuidado de não usarem palavras que não a incriminasse por racismo.
Foi o refinamento do refinamento. Como punir toda uma torcida que afirma a plenos pulmões, “somos racistas e daí, se vocês não podem provar?”.
90 minutos de manifestação e ninguém parou o jogo, ninguém gritou, parem com isto. Em qualquer liga esportiva civilizada, o Grêmio só poderia jogar por um tempo punitivo com as portas fechadas, sem acesso da torcida. É uma prática que funciona em vários países. Pois proibir a torcida de assistir a um jogo de seu time preferido é como tirar a carteira de um motorista apaixonado por seu carro.
Sabemos que não é fácil mudar a cabeça de quem é racista assumido. A sociedade brasileira precisa encontrar maneiras de cortar este mal do racismo pela raíz.
Patricia Moreira não estava sozinha em seu ato racista, como ficou comprovado neste retorno de Aranha ao Coliseu do Apartheid,
É preciso ter muito sangue frio para suportar toda uma torcida, que lotava um estádio e vociferava contra o goleiro Aranha, por ter tomado uma atitude digna contra o racismo.
Racismo que parece ter uma fábrica de clones racistas.
Os noventa minutos já causavam engulhos suficientes para quem assistia ao linchamento racista da moral do jogador Aranha.
Para arrematar, e acabar com todas as fronteiras do respeito à dignidade, vários repórteres apareceram nas coxias do estádio gaúcho para entrevistarem o jogador do Santos que garantira o 0 x 0.
A principal pergunta ao jogador em relação à sua atitude tomada no jogo anterior, foi se ele não achava normal receber vaias da torcida. Ao que ele respondeu que sim, desde que dentro do espírito esportivo.
Além disso destacou, que todo mundo sabia e via que a vaia daquele momento era diferente… ao que um repórter e uma repórter além de com cinismo perguntarem porque ele não havia gostado das vaias, ao receberem a pergunta de volta se eles concordavam com o que tinham visto, a repórter respondeu com carinha de anjo que não tinha opinião a respeito.
Nesta mesma entrevista, Aranha havia dito inicialmente , que dava para perceber muito bem nas manifestações da torcida, qual era o pensamento do torcedor gremista.
Para uma resposta diplomática e inteligente de Aranha, que dizia que os 90 minutos de vaias eram uma resposta da torcida do Grêmio, que demonstrava reprovação à sua atitude antirracista em pedir punição aos racistas, que não era só a moça que foi fotografada. Os dois repórteres ao darem de ombros aos fatos que todos pudemos assistir, nos faz pensar, que tipo de pensamento e resposta não dada, estariam nas cabeças destes colegas jornalistas, aos serem retrucados por Aranha que perguntou à reporter: ” Você concorda com o que viu?”. E o silêncio e a mesma carinha cínica já conhecida, como clone, apareceu nas telas, desta vez no rosto da imprensa.
O goleiro Aranha está cercado pelos racistas que posam de vítimas. Pelo que se lê na grande imprensa.
Enquanto os racistas serão canonizados, ele está sendo linchado lentamente como um encrenqueiro e como estraga festas.
Aranha precisa de ajuda e muita ajuda de todos as pessoas antirracistas do Brasil. Manifestações racistas como aconteceu no 0x0 que ele garantiu contra o Grêmio, não podem e não devem ser aceitas pela sociedade brasileira.
O movimento negro e todos os antirracistas do Brasil, estão fazendo o que podem para darem apoio moral ao goleiro Aranha, que com sua atitude rasgou o véu do racismo contemporâneo, não só nos esportes como em todas as instituições brasileiras, mas é ainda muito pouco diante da máquina racista que o está a moer lentamente.
O goleiro Aranha está em perigo. Cada um faça o que puder para ajudá-lo, seja no seu local de trabalho como jornalista ao denunciar a campanha de relativização do racismo na grande imprensa, seja como cidadão comum que sabe, que a manifestação racista da torcida do Grêmio foi um ultrapassar de todas as barreiras da convivência interracial no Brasil, e pode abrir as portas para que o racismo latente em muita gente se extravase e aí será o caos.
Muitos anos de trabalho de muita gente, para que o Brasil alcance uma igualdade racial de forma pacífica, serão então jogados fora.
O exemplo da torcida do Grêmio já está encontrando clones entre jovens nas rede sociais. A hidra do racismo, assevero, tem mais de sete cabeças.
Aqui mostro um “screen” tomado de uma “comunidade” do Facebook., que a Mamapress já denunciou e aguarda providências.
Fonte: Mamapress