Clássico da infância, As Tartarugas Ninjas: Caos Mutante retornam aos cinemas com um resgate sutil da adolescência

Se você foi um jovem dos anos 90, certamente acompanhou as aventuras das Tartarugas Ninjas pela TV ou quadrinhos. Com várias versões e produções cinematográficas, Leonardo, Rafael, Donatello e Michelangelo retornam para as telas do cinema com As Tartarugas Ninjas: Caos Mutante, nesta quinta-feira (31).

O reboot, que ganhou uma nova roupagem, traz uma nova perspectiva sobre a origem e os dilemas dos heróis que vivem nos bueiros de Nova York. A aposta do produtor Seth Rogen () e do diretor Jeff Rowe () foi justamente o resgate da adolescência dos personagens centrais. Em entrevista para o portal americano Screen Rant, o produtor expressou o seu incômodo com o fato de o lado adolescente dos personagens nunca ser explorado da melhor forma, nas produções cinematográficas:

Eu cresci assistindo As Tartarugas Ninja e a parte adolescente sempre foi a parte menos explorada. Sempre achei que seria muito interessante explorá-los dessa forma, especialmente porque, no meu entendimento, todas as versões anteriores deles foram realizadas por adultos.” Disse Rogen.

Além do resgate das características principais dos personagens, a trama também traz algumas mudanças em personagens como Splinter, que dessa vez tem o papel paterno colocado mais em evidência do que a função de mestre de artes marciais, e April O’ Neil, que foi retratada pela primeira vez nos cinemas, como uma adolescente negra e fora dos padrões adultizados adotados em produções anteriores. Com toda a estética, referências e trilha sonora, Caos Mutante abre o debate sobre temas importantes como a aceitação, empoderamento e representatividade para o público de todas as idades.

April O’ Hero: o protagonismo de uma mulher preta nas telas do cinema

Foto: Paramount Pictures/divulgação

É notável a importância da April O’ Neil, na construção da narrativa das tartarugas ninjas, e como fã da saga sempre me incomodei com a forma como ela era retratada em produções anteriores. Ao ver pela primeira vez o Despertar das Tartarugas Ninja (2018), não imaginava que seria possível mais uma evolução da personagem em outros produtos audiovisuais.

Quando recebi o convite para assistir Caos mutante na pré estréia, me animei por poder ver a retomada das suas características originais, mas não esperava me emocionar tanto com a sua construção ao longo da trama. Desajeitada, insegura e fora dos padrões, mas acima de tudo corajosa e determinada, April O’Neil nos faz entrar numa espécie de “jornada do herói” em apenas poucos minutos de filme, isso porque já no seu primeiro contato com as tartarugas, a forma como a aspirante a jornalista lida com a situação já diz muito sobre qual será a abordagem adotada, para retratar a sua personalidade durante o longa.

Seja por sua curiosidade ou pela personalidade que alterna entre a insegurança e determinação, a personagem aparece em Caos Mutante como protagonista da sua própria narrativa. Apesar de ser retratada como uma jovem impopular e que sofre uma certa perseguição, após uma tentativa mal sucedida de leitura na TV da escola, situação que eu e as outras jornalistas pretas que estavam comigo  se identificaram e que atribuiam somente aos ofícios da profissão, mas que depois do filme concluímos que não se trata “só” disso, April mostra ao longo do filme que não é preciso se encaixar em padrões para ser considerada “normal”, aliás ela sutilmente nos questiona sobre o que é considerado normalidade, e que tudo bem encararmos os nossos medos de uma forma não heróica. Independente dos motivos que te levem a assistir Tartarugas Ninjas: Caos Mutante no cinema, posso afirmar que April O’ Neil é uma personagem que nos deixa despidos de qualquer estereótipo e mostra toda a potencialidade de uma mulher, preta e jornalista que protagoniza a sua própria história.

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Tartarugas Ninja – Caos Mutante: das margens da sociedade para o mundo

O peso de representatividade negra 

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