Um emblemático julgamento pelo homicídio de um homem negro em um furgão da polícia começou nesta quinta-feira em Baltimore, cidade símbolo nos Estados Unidos da ruptura entre comunidades.
Edward Nero, o policial acusado, compareceu livremente e tomou seu lugar na sala vestindo terno e gravata, cercado de seus advogados. Nem ele, nem seus defensores estão autorizados a falar com a imprensa.
O policial é acusado de violência intencional, colocando em risco a vida de terceiros, e erros pessoais, e é um dos seis agentes que será julgado separadamente na cidade portuária pela morte de Freddie Gray, de 25 anos.
A vítima sofreu uma fratura brutal nas vértebras cervicais enquanto era transportado pela polícia. Sua morte reavivou o debate nos Estados Unidos sobre a suposta brutalidade das autoridades policiais contra afro-descendentes.
Um dos seis agentes já foi julgado em dezembro, mas após duas semanas de audiência, o processo foi concluído com uma surpreendente anulação: os juízes não conseguiram chegar a um veredicto.
Assim, mais de um ano depois da morte de Gray, ninguém ainda foi condenado e não existem respostas sobre o que se passou naquele furgão.
Os policiais acusados (três brancos e três negros, incluindo uma mulher) sustentam a versão de morte acidental.
Para a família de Gray e boa parte dos afro-americanos da cidade, se trata, pelo contrário, de um caso clássico de brutalidade policial contra a sua comunidade.
“O homicídio“, como o promotor do estado de Maryland se refere ao caso, foi considerado racista em algumas ocasiões.
Os fatos deram espaço a motins, distúrbios, saques e vandalismo. O presidente Barack Obama condenou a violência, ainda que assinalando os “inquietantes questionamentos” que continuavam sem resposta.
De muitas maneiras, o caso Grey se tornou emblemático, por ilustrar a ruptura entre as comunidades e os supostos abusos da polícia de Baltimore, acusada de atuar apenas de forma repressiva contra os negros.