As entidades do movimento negro estão convocando para esta quinta-feira (24) um ato nacional contra a violência racista. O foco da manifestação é denunciar a alta letalidade das operações policiais nas periferias e crimes contra lideranças negras pelos país.
Entre as principais reivindicações da mobilização estão a defesa de uma lei federal que regulamente o uso das câmeras nos uniformes dos policiais, uma política nacional de drogas e o fim das operações policiais invasivas nas periferias sob o pretexto de combate ao tráfico de drogas. A pauta tem como precedente a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 635, conhecida como a “ADPF das Favelas”, que tinha como objetivo limitar as operações policiais no Rio de Janeiro.
Além disso, os manifestantes cobrarão a criação de uma política nacional de reparação às vítimas de violência policial no Brasil.
Jackson Augusto, do Movimento Negro Evangélico, está na articulação nacional dos atos e falou sobre a programação das manifestações no programa Central do Brasil desta quinta-feira (23). Ele destacou ainda a lista de reivindicações que serão apresentadas nas manifestações.
Ele citou a indignação da população com o alto índice de letalidade das operações policiais e disse que o objetivo da mobilização é demonstrar que esta agressividade é exclusiva para um segmento da população.
“Não podemos tolerar a violência armada do Estado. A gente tem alguns dados que mostram que as crianças, os adolescentes e a juventude negra são as mais expostas hoje. Então, essas são as principais reivindicações dos movimentos negros que vão se juntar nesse ato nacional no dia 24”, explicou.
As manifestações também vão homenagear as mais recentes vítimas da violência, como Mãe Bernadete, líder quilombola que foi assassinada dentro de casa, na Bahia, e Thiago Menezes, de 13 anos. Ele foi morto a tiros durante uma operação policial na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, no dia 7 de agosto. As 20 vítimas da Operação Escudo, no litoral de São Paulo, também serão lembradas pela manifestação.
Os atos estão sendo convocados na data do aniversário de morte de Luiz Gama, advogado negro que foi um importante agente na luta abolicionista no Brasil. Para Jackson, é uma iniciativa para garantir a memória daqueles que lutam pela libertação do povo negro.
“A gente precisa exercitar a memória. A gente tá vindo de tempos em que a memória estava sendo apagada e esquecida, e a memória negra mais ainda. Luiz Gama foi uma figura negra importante que libertou mais de 500 escravizados. Foi um advogado negro que fez história e que peitou o Estado brasileiro”, relembrou.
As mobilizações desta quinta-feira(24) marcam o início da Jornada dos Movimentos Negros Contra a Violência, organizada por mais de 250 entidades, entre elas a Coalizão Negra por Direitos, a Uneafro Brasil e o Movimento Negro Unificado, e seguem até o ápice da mobilização, com os atos do dia 20 de novembro.
“Procurem as organizações e movimentos negros na sua região. É dia de ir para rua para dizer que a gente não pode mais tolerar o assassinato de crianças, jovens, de pessoas negras a partir do braço armado do Estado”, concluiu Jackson.