Racismo e identidade negra são questões sociais abordadas em A Seat at the Table(Um Lugar à Mesa), novo álbum da cantora Solange, irmã de Beyoncé.
Por Amauri Terto, do HuffPost Brasil
Você viu aqui no HuffPost Brasil que esse disco levou quatro anos para ser realizado, traz diversas parcerias e participações especiais e tem uma mensagem de empoderamento tão forte e contundente quando Lemonade, lançado no primeiro semestre por Queen Bey.

Para acompanhar o álbum, Solange lançou também dois videoclipes, um deles para a música Don’t Touch My Hair – em que ela exalta os traços e a estética afro de forma poética.
O registro codirigido pela cantora e seu marido, Alan Ferguson (assim como todo o álbum), reúne dançarinos negros uniformizados, exibindo penteados variados e participando de coreografias inusitadas com ares de dança contemporânea.
Em declarações à imprensa, Solange citou a obra de Lynette Yiadom-Boakye, aclamada artista plástica britânica de ascendência ganesa, como uma das influências em A Seat at the Table. O que não se sabia até o lançamento do videoclipe de Don’t Touch My Hair que essa influência seria explícita.
O usuário do Twitter @joshjenks foi um dos primeiros a apontar que um trecho do vídeo de Do not Touch My Hair se assemelha a uma das pinturas de Lynette.
Amo como Solange usa o trabalho de Lynette Yiadom-Boakye ncomo inspiração para a dela. Esta peça se chama ‘Compilation’ (2013).
Love how Solange is uplifting Lynette Yiadom-Boakye’s work in hers. This piece is called “Complication” (2013). pic.twitter.com/KHXWCJnCGl
— Joshua Henry (@joshjenks) 3 de outubro de 2016
Depois que a revista W Magazine revelou semelhanças entre trechos do clipe e obras de Lynette Yiadom, o site The Fader resolveu fazer uma compilação desses frames.
Veja a seguir:
Assista ao clipe de Don’t Touch My Hair:
O jornal The Guardian descreve Lynette Yiadom Boakye como “uma das grandes manipuladoras da vida quando se trata de pintar”. Suas obras retratam basicamente indivíduos fictícios, sempre de pele escura. A artista afirma que não vê seu trabalho (e a visibilidade que dá à figura do negro na arte) como algo extraordinário, já que ela também é negra.
“Quando a questão da cor vem a tona, eu acho que seria estranho se minhas pinturas retratassem brancos; afinal de contas, fui criado por pessoas negras […] Para mim essa sensação de uma espécie de normalidade não é necessariamente de comemoração, é mais uma ideia geral de normalidade. Este é um gesto político para mim. Estamos acostumados a olhar para retratos de pessoas brancas na pintura.”
Conheça mais obras de Lynette Yiadom-Boakye aqui.