Emicida não assinou B.O. pois frase foi alterada no documento, diz nota

Rapper foi preso por desacato a autoridade após show em BH no domingo.

Em seu site oficial, músico afirma que policiais mudaram suas palavras.

Preso por desacato a autoridade neste domingo (13) em Belo Horizonte e liberado poucas horas depois, o rapper Emicida publicou uma nota em seu site oficial na madrugada desta segunda-feira (14) dando sua versão do fato. De acordo com o texto, o cantor não assinou o boletim de ocorrência na delegacia, uma vez que seu comentário feito no palco – que levou os policiais a prendê-lo – era diferente daquele que foi colocado no documento.

Logo no início do show, o rapper, antes de apresentar a primeira música, disse ao público do festival Palco Hip Hop: “Antes de mais nada, somos todos Eliana Silva, certo? Levanta o seu dedo do meio para a polícia que desocupa as famílias mais humildes, levanta o seu dedo do meio para os políticos que não respeitam a população e vem com nós nessa aqui. Mandando todos eles se f****, certo, BH? A rua é nós”. O momento, registrado em vídeo, pode ser visto no site do rapper.

No entanto, no histórico da ocorrência, reproduzido em foto também no site de Emicida, a frase está diferente: “Eu apoio a invasão do terreno Eliana Silva, região do Barreiro, tem que invadir mesmo, levantem o dedo do meio para cima, direcione aos policiais, pois todos esses tem que se f****”.

A publicação no site afirma ainda que “em nenhum momento o rapper se dirigiu diretamente aos policiais militares que trabalhavam no evento ou pediu que o público fizesse algum gesto obsceno a eles. O show ocorreu sem nenhuma confusão”.

Emicida prestou depoimento e foi liberado e vai responder a processo por desacato. Segundo a Polícia Civil, que não divulga o depoimento, as penas para caso de TCO são alternativas. Após deixar a delegacia, ele ainda publicou em seu Twitter: “Obrigado comunidade hip hop de BH, rapaziada da ocupação Eliana Silva e produção do palco hip hop! Seguimos na mesma luta! #DedoNaFerida”.

emicida-dedo na feridaCena do clipe de ‘Dedo na ferida’

(Foto: Reprodução)

Pinheirinho e Cracolândia

O single “Dedo na ferida” foi lançado por Emicida em seu blog no início de março. Com uma batida pesada, que remete à era mais politizada do rap, o músico critica a polícia e aborda as polêmicas em torno do despejo de moradores de Pinheirinho e da cracolândia de São Paulo, entre outras. (Assista ao clipe da música.)

O rap é “dedicado às vítimas do [favela do] Moinho, Pinheirinho, Cracolândia, Rio dos Macacos, Alcântara e todas as quebradas devastadas pela ganância”, como o artista diz logo no início. Na letra, há frases fortes como “Auschwitz ou gueto? Índio ou preto?/ Mesmo jeito, extermínio”.

“Dedo na ferida” foi produzida por Renan Samam, colaborador habitual do rapper, e o clipe foi dirigido por Nicolas Prado, parceiro de Emicida na produtora Laboratório Fantasma.

Leia também:

Rapper Emicida é preso por desacato

 

Fonte:G1

+ sobre o tema

Frente Favela Brasil aciona William Waack no MPF-RJ por declarações racistas

“O partido entende que não cabe mais esse tipo...

Racismo, sexismo e elitismo ‘assombram’ clube mais tradicional do mundo no golfe

O Augusta National Golf Club definitivamente é um local...

Estudar com a classe média, jogar bola com a periferia.

por Stephanie Paes Algumas pessoas me chamam de extremista. Muitas...

UFMA: Racismo e preconceito sociorracial mesma Universidade novos casos

POR SAMANTHA FERNANDES Estudantes denunciam caso de preconceito sociorracial na...

para lembrar

Caminhos da Reportagem recebe Menção Honrosa do Prêmio Vladimir Herzog

“A Pele Negra”, episódio do programa Caminhos da Reportagem,...

Sounds of a War Against Favelas

June 29, around 6pm, more than 4 hours of...

Saramago: a cegueira social e o dever moral dos que enxergam

José Saramago foi um dos maiores intelectuais que nós...
spot_imgspot_img

Justiça decreta prisão preventiva de PM que atingiu jovem em São Paulo

O policial militar Tiago Guerra foi preso em flagrante e encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, onde cumpre prisão preventiva decretada pela Justiça paulista,...

A maldição da eterna introdução

Discursos não são livres. Assim pontuou Michel Foucault em um dos seus principais textos, de 1971. Há estruturação, angulação, filtragem e mecanismos específicos para limitar e...

Processos por racismo aumentam 64% no Brasil em 2024, mas punições demoram e são brandas

Para a gerente de uma pet shop de Salvador, Camilla Ferraz Barros se identificou como juíza, disse que poderia prendê-la e a chamou de...
-+=