À frente de muitas lutas por direitos iguais na sociedade, as mulheres negras nem sempre têm seus méritos reconhecidos. Os Estados Unidos pretendem mudar essa realidade: nesta semana, a Casa Branca anunciou que dará seguimento ao projeto de mudar a figura da nota de US$ 20 para a da ativista negra Harriet Tubman, ex-escravizada que ajudou outras pessoas negras a se libertarem do mesmo destino antes e durante a Guerra Civil. Com isso, se tornou uma importante figura no movimento abolicionista dos EUA.
O governo Biden retomará a proposta de colocá-la no dinheiro que circula por aí. Segundo o porta-voz presidencial estadunidense, Jen Psaki, “é importante que nossas cédulas, nosso dinheiro… Reflitam a história e a diversidade de nosso país”.
A mudança, se confirmada, colocará Tubman no lugar do rosto do ex-presidente americano Andrew Jackson, que teve uma estátua com sua figura atacada durante protestos pela morte de George Floyd.
No Brasil, o silenciamento de ativistas também acontece, como no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco. Universa então tomou a dianteira para sugerir nomes de ativistas negras que fazem parte da nossa história e que ficariam ótimas homenageadas em cédulas de real.
Trouxemos sete sugestões, mas você pode sugerir outros nomes nos comentários deste texto.
Dandara dos Palmares
Dandara foi uma heroína brasileira sinônimo de resistência e organização dentro do Quilombo dos Palmares durante o período de escravização no país. Apesar disso, por vezes, sua participação na história é reduzida ao lugar de “esposa de Zumbi”, líder negro do maior quilombo do período colonial.
Dandara dos Palmares foi reconhecida por sua contribuição como guerreira há pouco tempo. Em 2019, seu nome foi escrito no livro de heróis e heroínas da Pátria, que está no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, 22 anos depois do registro de Zumbi.
Tereza de Benguela
É rainha que chama, né? Se a Inglaterra tem o rosto de Elizabeth 2ª nas cédulas de libra esterlina, no Brasil, essa impressão seria com a imagem de Tereza de Benguela. Manda-chuva no Quilombo do Piolho, ou do Quariterê, no Mato Grosso, ela chefiou o grupo após o companheiro, José Piolho, ter sido assassinado. Não há informações de onde ela nasceu. Em meados de 1770, a líder foi morta por soldados do Estado.
Em sua homenagem, em 2014, foi instituído que 25 de julho é o Dia Nacional da Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Um ícone que merecia estar circulando por aí nas cédulas do dinheiro que usamos no dia a dia, não é?
Tia Ciata
A cultura afro-brasileira também representa luta e, ao longo da história, foi construída, resguardada e difundida por muitas mulheres negras. A mais emblemática na história do samba é Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata. A baiana que se mudou para o Rio de Janeiro no início do século 20 era mãe de santo e abrigava em sua casa, no lugar hoje conhecido como Pequena África, salões para dança, música e um terreiro. Seu nome nunca foi cravado na composição do primeiro samba gravado, “Pelo telefone”, mas há estudiosos que a colocam também neste lugar central do nascimento do gênero musical.
Maria Firmina dos Reis
A romancista Maria Firmina dos Reis antecipou o abolicionismo na literatura brasileira e denunciou, em 1857, as opressões que mulheres e homens escravizados viviam no sistema escravagista. Foi a primeira autora negra a publicar no país, que até então só tinha escritores brancos falando sobre o escravismo pela perspectiva deles.
Laudelina de Campos
Laudelina de Campos tem em sua biografia um termo muito associado às mulheres negras: pioneirismo. Primeira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas, ela foi uma mulher negra que fundou, no início da década de 1930, um sindicato para representar a categoria, em Santos (SP). Seu nome é um marco na história das conquistas dessas mulheres que, só em 2013, com a PEC das Domésticas, conseguiram ter acesso a direitos já previstos para outras categorias de profissionais.
Luiza Mahin
Nem todo historiador reconhece a existência de Luiza Mahin, por alegarem falta de comprovação histórica. Ela, no entanto, teria sido uma liderança na Revolta dos Malês, em janeiro de 1835, como africana livre, em Salvador. Ela é tida como mãe do abolicionista Luís Gama, figura importante na história dos negros e negras brasileiros.
Lélia Gonzales
A militante, filósofa e intelectual Lélia Gonzales bem que poderia também estar nas cédulas da nossa moeda. Uma das principais feministas negras brasileiras, ela foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado, o MNU, no final dos anos 1970, e sempre projetou as necessidades e as conquistas das mulheres negras em meio à desigualdade social e racial do país.