Feministas estão lutando pela igualdade factual entre homens e mulheres – tanto na prática como na teoria. Abordagens mais bem humoradas para assuntos feministas existem – e estão recebendo a atenção de muitos. “Humor”, diz Rebecca Hains, professora de estudos de mídia na Salem State University, é poderoso porque ele “cresce nas pessoas, os faz dar risadas, e depois os faz pensar”.
Por Nur Lalji, na Yes! Magazine. Tradução de Ítalo Piva
Abaixo estão cinco paródias que estão fazendo muitos rirem, e depois – se espera – os fazendo pensar sobre a desigualdade entre os sexos:
1) A culpa é sua
Um ano depois do brutal estupro coletivo de uma jovem em Nova Déli, a cidade teve um aumento de 125% em casos de estupro. Porém, como o The Hindustan Times relata – a notícia talvez não seja tão ruim. Pode significar que mais mulheres estão se sentido fortes o suficiente para denunciarem os incidentes à policia. A quantidade de atenção na mídia e os protestos que surgiram depois do ataque de 2012 botaram pressão na cultura patriarcal da Índia, e nos forçou a observar a nossa própria.
Mesmo que estejamos fazendo pouco progresso na criação de um mundo mais seguro para as mulheres, ainda precisamos avaliar as atitudes sobre os sexos. “A culpa é sua”, um vídeo realizado pela companhia de comédia All India Backhold, expõe o absurdo de se culpar a vítima e as táticas que mulheres devem usar para evitar o estupro.
Mesmo que o vídeo possua algum material intenso, seu estilo de abordar um assunto que milhões de mulheres indianas enfrentam o tornou viral. Parte do que o vídeo descreve é especifico para a Índia – mas ainda é relacionado às atitudes globais comuns sobre o estupro e sobreviventes.
2) Linhas demarcadas
A canção de Robin Thicke “Blurred Lines” (linhas não muito claras) virou um dos hinos do ano passado. O retrato de mulheres no vídeo e as letras são incrivelmente machistas e alguns argumentam que perpetuam a cultura do estupro. Foi até banida em mais de 20 universidades do Reino Unido.
“Defined Lines” (linhas demarcadas), um clipe de paródia criado por estudantes de Direito da Universidade de Auckland, reverteu os papéis para objetivar homens ao invés de mulheres, e refez as letras justamente pra mostrar o quão ridículos e machistas esses retratos femininos são. Eles cantaram: “Somos escolásticos, espertos e sarcásticos – não feitos de plástico”.
O Youtube brevemente removeu o vídeo dos estudantes, afirmando que havia conteúdo sexual explícito, mas deixou o original de Thicke no site. Essa decisão chamou atenção para a aceitação universal da exploração de mulheres na mídia – e acabou trazendo mais visualizações ainda para “Defined Lines”.
3) Conselhos para garotinhas de uma princesa dos desenhos
“O meu melhor atributo é minha voz, então a vendi para cirurgia plástica”, começa Danielle Uhlark, com uma peruca vermelha e um vestido de baile azul no vídeo “Conselho para garotinhas da Pequena Sereia”.
“Se você não gosta da sua aparência – corta, corta”, ela acrescenta. O vídeo é parte de uma série digital do grupo de teatro cômico Second City chamado “Conselhos para garotinhas de uma princesa dos desenhos”, que desvenda a façanha de conto de fadas das histórias da Disney, e mostra de fato qual mensagem está sendo transmitidas às pequenas meninas.
“As pessoas amam a Disney e têm dificuldade de fazerem uma análise de um ponto de vista feminista crítico”, Hains disse a YES!. Mesmo assim, o número crescente de paródias desses filmes comprova que há uma mudança na maneira como são vistos.
4) “Anticoncepcional com iogurte”
Com certeza você já assistiu na TV um comercial destinado às mulheres. Sempre é igual – a ocupada mulher com a carreira; aquele corpo de biquíni inalcançável ou aquele vestido que é só um pouquinho apertado; e as referências diretas a sapatos, casamentos ou chocolate (sabe, coisa que mulher gosta…).
A publicidade destinada às mulheres tem sido criticada como altamente simplista. Vários tipos de comerciais são culpados de retratarem mulheres com estereótipos. Esse vídeo tira sarro de dois dos maiores acusados – anúncios de anticoncepcionais e iogurte.
5) Mulheres engraçadas estão por toda parte
Nos últimos anos, a ideia geralmente aceita que homens são mais engraçados que as mulheres têm sido contestada. Neste ano, foi praticamente esmagada. Mulheres como Tina Fey, Amy Poehler, Mindy Kaling e Kristen Schaal têm tido um aumento enorme de popularidade. A performance de Fey e Poehler nos Golden Globes superou por muito a de Ricky Gervais nos três anos anteriores; o seriado de Kaling, “O Projeto Mindy”, foi o primeiro programa americano a estrelar uma mulher do sul da Ásia como protagonista; e o curta de Kristen Schaal no “The Daily Show” sobre fantasias de Halloween sexy virou um sucesso.
Muitas destas mulheres estão usando o poder do humor para dialogarem sobre coisas importantes. Acima está um clipe do discurso de Tina Fey na gala de inauguração do Centro dos Direitos Reprodutivos – onde ela derruba a teoria de “estupro legítimo” de Todd Atkins.
6) (Menção honrosa) Uma resposta necessária
Esse vídeo foi feito em reação ao estupro de uma jovem em Steubenville antes no ano (ano passado). Mesmo que não tudo possa ser categorizado como sátira, é importante de se assistir. O que exatamente se deve fazer se uma menina bêbada fica inconsciente no seu sofá? Bem, assista pra saber.
Fonte: Revista Fórum