Justiça condena universitária que chamou colega da Faculdade Dois de Julho de macaca

Mulher foi condenada a 1 ano e quatro meses de reclusão e terá que pagar multa de R$ 2 mil

no Correio 24h

Jéssica estava em uma fila quando foi ofendida (Foto- Reprodução)

A Justiça condenou a estudante de Direito Vera Lúcia Santos Barbosa por ter chamado a colega de “macaca” dentro da Faculdade Dois de Julho, no Garcia. A vítima da agressão, Jéssica Pimentel da Silva, 25 anos, registrou a queixa de injúria racial em junho de 2016 e a sentença saiu na semana passada. A acusada foi condenada ao pagamento de uma multa no valor de R$ 2 mil e a reclusão de 1 ano e quatro meses convertidos em serviços prestados à comunidade.

“Esperava condenação. Foi um caso que aconteceu publicamente, repercutiu muito na mídia. Não tinha dúvida quanto
à condenação. O julgamento foi até rápido”, declarou a vítima. A agressão ocorreu quando Jéssica esperava em uma fila para pagar a mensalidade do curso. Na ocasião, ela fez um relato em redes sociais narrando o que aconteceu. “Não podemos permitir que pessoas com esse tipo de conduta permaneçam impunes”, escreveu.

Jéssica disse que a sentença pode abrir um precedente para outros processos semelhantes. “Acredito que a questão de ter sido julgado procedente é uma grande vitória. A decisão deve servir como base em outras situações, porque o racismo acontece diariamente. Ainda há um pouco de receio das pessoas de denunciar. Mas eu não podia me calar. A agressão foi feita por uma estudante Direito, fiquei preocupado que tipo profissional seria ela e a denunciei. A multa é muito pouco para o crime que ela cometeu. Ela foi condenada a reclusão a um ano e quatro meses, mas foi convertida em prestação de serviço à comunidade. A gente está aguardando qual tipo de serviço que será definido em audiência”, declarou.

Ela comentou o fato do racismo ainda ser uma questão latente em Salvador. “Acho um absurdo que ainda exista isso aqui. Você está num lugar onde a cada 10 pessoas nove são negras. Pessoas que costumam ter esse tipo de conduta vão medir as palavras antes de proferir qualquer ofensa”, disse ela.

Jéssica informou ainda que, ao longo desse tempo que transcorria o processo, a acusada nunca a procurou. “É uma idosa que estava prestes a se formar – ela se formou em 2018. A gente se cruzava, mas acredito que ela se sentia envergonhada, porque, assim como me perguntam, perguntavam para a ela também. Mesmo a gente no mesmo ambiente, não houve nenhum tipo de aproximação, nenhum pedido de desculpa”, declarou.

+ sobre o tema

Comentarista da ESPN vê “componente racista” em críticas a Cristóvão Borges

Talvez não exista outro técnico brasileiro no momento que...

Kathlen e os laços de forca

É que eu estava de férias, finalmente de férias!...

‘O racismo deixa marcas na alma’

Belo-horizontina e médica, Júlia Rocha tem sido alvo de xingamentos...

Parques de Santo André terão ação contra á intolerância, preconceito sexual e racial

Prefeitura inicia projeto de conscientização e combate à intolerância A...

para lembrar

Racismo sem limites nas redes sociais

Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ vai acionar MP...

Consciência e presença Negra no surfe

No Brasil, 20 de novembro, comemora-se o Dia da...

Brancos e Negros em São Paulo – Florestan Fernandes

Após a Segunda Guerra Mundial, a Unesco financiou uma...
spot_imgspot_img

Justiça decreta prisão preventiva de PM que atingiu jovem em São Paulo

O policial militar Tiago Guerra foi preso em flagrante e encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, onde cumpre prisão preventiva decretada pela Justiça paulista,...

A maldição da eterna introdução

Discursos não são livres. Assim pontuou Michel Foucault em um dos seus principais textos, de 1971. Há estruturação, angulação, filtragem e mecanismos específicos para limitar e...

Processos por racismo aumentam 64% no Brasil em 2024, mas punições demoram e são brandas

Para a gerente de uma pet shop de Salvador, Camilla Ferraz Barros se identificou como juíza, disse que poderia prendê-la e a chamou de...
-+=