Manifestação no IFSP pede demissão do professor que proferiu declarações racistas

Alunos e docentes do Instituto Federal de São Paulo organizaram um protesto dentro do campus em repúdio às declarações do professor José Guilherme de Almeida, que havia dito que “odeia pretos e pardos falando alto”; comunidade acadêmica em geral pede sua saída

no Revista Fórum

Reprodução/Facebook

Dezenas de estudantes e docentes do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) realizaram, por volta das 12h desta segunda-feira (12), uma manifestação dentro do campus, em frente à diretoria, contra as declarações racistas do professor José Guilherme de Almeida.

Conforme noticiado pela Fórum no sábado (10), o docente, que é professor e pesquisador na Diretoria de Humanidades do IFSP, fez uma postagem de cunho racista em que afirma que “odeia pretos e pardos”. “Horror de turismo. Odeio pretos e pardos falando muito e comendo de tudo por muito tempo, em bandos, nos hotéis três estrelas de orla de praia! Um café da manhã macabro com tanta algazarra e gulodice. Alguém consegue comer carne de sol logo cedo lotando o prato por 3 vezes? Eles conseguem, todos! Queria ser muito rico e ter o café no meu quarto sempre nu e escutando Mozart”, havia escrito Almeida, que estava em viagem no Nordeste.

Após a repercussão negativa, o professor excluiu a postagem e seu perfil no Facebook.

Nesta segunda-feira (12), o Instituto Federal de São Paulo se manifestou sobre o caso, por meio de nota, afirmando que “repudia quaisquer formas de preconceito e discriminação dentro ou fora de seus muros, seja por parte de um servidor ou de outro cidadão. A Instituição se compromete com a construção de uma sociedade plural e de múltipla representatividade. Nesse sentido, vale lembrar que o IFSP mantém grupos de debates, abertos à comunidade interna e externa à Instituição, que abordam tais temas em sua agenda”.

A nota do IFSP, no entanto, não faz qualquer menção a medidas que possam ser tomadas com relação ao professor. E foi exatamente essa a demanda cobrada por alunos e professores no protesto desta segunda-feira. Com faixas e cartazes, os estudantes e docentes pediam a implementação de “políticas antirracistas, já”, além da demissão de Almeida. Também foram impressos e distribuídos cartazes com o “print” da postagem racista do professor com a frase “professores racistas não passarão”.

Além da manifestação, foram divulgadas cartas de repúdio ao racismo em ambiente educacional. Uma delas é a do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) do IFSP. A outra é dos professores em licenciatura em Geografia do Instituto. [Confira a íntegra de ambas ao final desta nota]

O professor em questão, por sua vez, procurou a Fórum para enviar um pedido de desculpas pelo gesto que ele mesmo assume que “foi, sim, racista”. “Não quero me justificar, nem me estender. Quero apenas pedir perdão”, diz. Confira a íntegra de sua carta de desculpas aqui.

+ sobre o tema

EUA: Zimmerman detido e acusado de homicídio de Trayvon Martin

Homem que diz ter agido em legítima de defesa...

Cidinha da Silva fala de ‘relações raciais’ no Brasil através de textos reflexivos

Virou moda falar por aí na palavra "antirracismo". No Brasil,...

Marcha denuncia mortes e racismo na periferia de São Paulo

  A caminhada, realizada pelo Comitê Contra o Genocídio da...

para lembrar

Escravidão [388] + Abolição [130] = Desumanização Negra [518]

Disputa do capital cultural na sociedade brasileira Por Juarez Tadeu de...

Respeito é bom e nossa liberdade agradece!

Durante o programa do Big Brother Brasil deste ano,...

Federação expõe caso de racismo de Suárez no Inglês

A Federação Inglesa de Futebol (FA, na sigla em...

Aranha reclama de racismo no futebol: ‘Era trocado pelo concorrente branco’

O ex-goleiro Aranha, com passagens por Ponte Preta, Atlético-MG, Santos...
spot_imgspot_img

‘Piada’ de ministro do STJ prova como racismo está enraizado no Judiciário

Ontem, o ministro do STJ João Otávio de Noronha, em tom de "piada", proferiu uma fala preconceituosa sobre baianos durante uma sessão de julgamento. A suposta...

Identitarismo, feminismos negros e política global

Já faz algum tempo que o identitarismo não sabe o que é baixa temporada; sempre que cutucado, mostra fôlego para elevar o debate aos trending topics da política...

Gilberto Gil, o filho do tempo

Michel Nascimento, meu amigo-irmão que esteve em Salvador neste ano pela milésima vez, na véspera da minha viagem, me disse que uma das coisas...
-+=