Apesar de apresentar provas sobre sua inocência, a modelo Bárbara Querino foi condenada, na última sexta-feira (10), pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, a cinco anos de prisão, por assalto. A defesa aponta que as acusações são frágeis e compara o caso ao de Vinicius Romão – preso por erro no testemunho.
De acordo com o advogado Bruno Cândido Sanfoka, o juiz desconsiderou as fotos e vídeos que comprovavam ela havia viajado ao Guarujá, litoral paulista, onde foi contratada para se apresentar em um evento, no dia 10 de setembro do ano passado, data em que ocorreram os assaltos.
“O argumento do juiz para condenar foi dizer que as fotos (do evento no Guarujá) não estavam datadas, mas o processo tem três testemunhas: uma que foi convidada a viajar junto; outra, que fez as postagens na rede social e afirmou em juízo que foi ela que postou e uma outra, que afirmou que a Bárbara estava no mesmo carro”, explica o advogado.
De acordo com Bruno, a acusação é frágil, já que a única prova contra Bárbara é o depoimento de duas vítimas que disseram reconhecê-la. Ele afirma que as declarações são rasas, e que uma das testemunhas relata estar de costas para a cena do assalto e a outra afirmou sobre Bárbara que “o cabelo era parecido”.
“O caso da Bárbara lembra o que aconteceu com o Vinicius Romão, que ‘todo preto é igual’. A vítima (do assalto) não reconhecer o fenótipo dela, e acha que, pelo cabelo e tamanho, ‘pode’ ser ela. Se fosse uma pessoa branca, fariam questão de verificar uma identidade”, critica o advogado.
Bruno lembra ainda que, quando o réu é negro, há uma relativização das garantias fundamentais. “A Bárbara não teve direito à presunção de inocência, assim como o Rafael Braga. Você percebe que não há uma vontade do Judiciário para isso”, lamenta.
O caso
Na época, uma série de roubos foram praticados na região de Santo Amaro, zona sul da capital. Em novembro passado, o irmão de Bárbara, não identificado, foi preso. Ao saber do caso, a modelo foi ao local da prisão do irmão, junto com outras duas amigas. Todas foram conduzidas ao 98º Distrito Policial de São Paulo.
O advogado conta que ela foi fichada e as imagens foram compartilhadas com um programa policialesco de televisão e um grupo de policiais nas redes sociais. “Não tinha nada contra ela, foi liberada, mas a imagem continuou correndo e pedindo que as pessoas fizessem reconhecimento”, conta.
“O irmão dela confessou que só ele cometeu o crime, ou seja, ela não estava no local. Isso não foi nem abordado na sentença. O juiz não considerou esses fatos, nem os testemunhos, nem os documentos apresentados. Na segunda instância dá para reverter, mas isso foi um absurdo. É total frágil”, acrescenta Bruno
Ainda de acordo com a defesa, a ação policial é uma retaliação ao caso de irmão da modelo. “Quando fez a confissão, a polícia queria os pertences roubados para apropriação, mas ele já havia se desfeito dos objetos. Então, os policiais disseram que prenderiam a Bárbara. Foi uma retaliação”, denuncia.