“O feminismo branco foi construído em cima da precarização do trabalho da mulher negra”, diz Ana Maria Gonçalves

Enviado por / FonteCultura

Autora da obra 'Um Defeito de Cor' defendeu a manutenção de cotas raciais e de gênero na política

O Roda Viva recebe nesta segunda-feira (17) a escritora Ana Maria Gonçalves, autora do premiado livro ‘Um Defeito de Cor’.

Durante a entrevista, a autora defende a manutenção de cotas raciais e de gênero na política e em outras instituições, além de criticar a não contemplação da mulher negra no início do movimento feminista.

“O papel (das mulheres negras), acho que nunca foi valorizado na sociedade brasileira. Como eu disse, por exemplo, quando a gente começou a falar de feminismo… o feminismo branco foi construído em cima da precarização do trabalho da mulher negra. Então, ou seja, ela sempre foi relegada à essa invisibilidade dentro do tecido social brasileiro, embora ela seja maioria. Ela é 28% da população brasileira hoje”, comenta.

Segundo ela, ainda hoje, mulheres negras são preteridas em processos como entrevistas de emprego mesmo apresentando currículos melhores em relação às concorrentes brancas.

“Acho que a gente precisa começar a diferenciar sim (…) tratar os desiguais de maneira diferente para que a gente possa realmente tentar conseguir aí alguma igualdade. As cotas acho que são extremamente necessárias e importantes, não só dentro da política, mas dentro de todas as instituições brasileiras”, completa.

Participam da bancada de entrevistadores Adriana Ferreira Silva, jornalista e escritora; Rinaldo Gama, coordenador de conteúdo do Laboratório Arq. Futuro de Cidades do Insper e editor da BEI; Rosane Borges, jornalista e professora; Pedro Cesarino, antropólogo e escritor, professor do departamento de antropologia da FFLCH/USP e Paula Carvalho, editora do podcast 451MHz.

As ilustrações do programa são feitas pela artista e arte-educadora Nazura, de apenas 22 anos, que tem foco conceitual no pensamento decolonial e perspectiva afrofuturista.

Assista ao programa na íntegra:

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