O retrato da escravidão

Desde quando nem me lembro, tenho fascínio em imagens antigas, fotografias que mostram o costume e fisionomia das pessoas e, já há bastante tempo venho procurando fotografias de escravos no Brasil, já estamos mais que familiarizados com pinturas, como as de Debret e Rugendas.

O retrato da escravidão

Mas eu queria o registro real de um instante, porque a fotografia nos mostra sempre o algo mais, a imagem quase que fiel ao que se é na realidade, a pele, a cicatriz, as roupas, olhos marejando, algo que não foi pintado e, meio que por destino, para aqueles que acreditam em sua existência, me deparei com imagens de dois fotógrafos europeus, Augusto Stahl, italiano e o alemão Henrique Klumb, ambos fotógrafos da família real, tendo Klumb dado aulas de fotografia para a princesa Isabel.

Entre alguns de seus trabalhos encontramos registros de negros no século XIX, antes do tal histórico dia 13 de maio de 1888. Depois conheci fotografias de outros fotógrafos como, Marc Ferrez, Victor Frond e Cristiano Júnior.

Nas fotografias reais expressões de mulheres cuidando de crianças brancas, negros em lavouras, em outras mulheres negras e cafusas vestidas como se fossem apenas para aquele registro, de uma forma “romantizada” da mulher negra.

Negros com suas faces marcadas de cicatrizes e, mais profundamente em seus olhos tristes, fotos dos últimos anos de escravidão no Brasil.

Sem sorriso, sem alegria, apenas a beleza triste de um povo, de uma época infeliz e equivocada de nosso país. Em muitas fotos notamos a tentativa de amenizar o horror vivido por essas pessoas, que nem considerados seres humanos eram.

 ” Os visitantes estrangeiros pararam diante da “roda-viva” que caracterizava o mundo do engenho, das minas e das cidades. é de imaginar o impacto causado pela presença da massa escrava que, exercendo atividades quase que medievais – se comparadas com aquelas em vigência, nos países europeus já industrializados ou em vias de industrialização -, se prestou como modelo àqueles que buscavam documentar o singular”

 E assim a fotografia nos ajuda a entender um pouco dessa parte da história brasileira, nos faz imaginar e e perceber como que de fato viviam os negros.

A vida dura, ou quase vida, dos escravos que construíram esse país, não deixou morrer a beleza do povo negro, nem sua herança, apesar de tristes os rostos desses negros retratados, ainda se vê beleza.

Fonte: Super Olho

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