A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo investiga se parte do tráfico na região da cracolândia é comandada por dois policiais civis, um deles do departamento criado unicamente para combater esse tipo de crime: o Denarc.
Ontem, em busca de informações sobre esses policiais, agentes em um carro da Corregedoria da Polícia Civil acompanharam à distância a operação na região.
A Folha apurou que a prisão desses policiais deve ser acelerada porque a presença desse veículo foi notada, o que pode provocar a fuga dos dois suspeitos.
A Polícia Civil confirmou que um carro da Corregedoria esteve no local. Disse, porém, que o órgão foi acionado pelos usuários da cracolândia, durante a ação policial, por causa de supostos excessos.
A operação na cracolândia visava prender traficantes, segundo o Denarc.
A reportagem apurou que, para a cúpula da polícia, a prisão desses suspeitos não tem ligação com os policiais corruptos e, por isso, foi apoiada pela diretoria do departamento e pela Secretaria da Segurança Pública.
A pasta divulgou nota atestando que a ação “legítima”.
No texto, o governo também reforçou a versão da polícia de que não foram usadas balas de borracha contra os usuários de crack. Vítimas dizem que houve disparos desse tipo de munição.
DESASTROSA’
“Dez carros da Polícia Civil fecharam a via e fizeram um incursão desastrosa com bala de borracha e bomba”, disse o secretário municipal da Segurança Urbana, Roberto Porto, que presenciou a ação da polícia.
A diretora do Denarc, Elaine Biasoli, nega que ação tenha sido desastrada ou que seus policiais tenham utilizado munição de borracha.
Admite o uso apenas de bomba de efeito moral.
“Teve esse confronto por quê? Porque eles vieram para cima. Temos viaturas danificadas, policiais feridos.”
Segundo a delegada, as espingardas calibre 12, usadas para disparar balas de borracha, vistas no local estavam descarregadas: “Nós estamos sem bala de borracha. Nós fizemos o pedido, mas elas ainda não chegaram. [A espingarda] Era só para intimidar”.
A delegada rebateu as críticas feitas pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e negou que operação tenha sido “surpresa”.
“Não é operação surpresa. Nós temos ação diária, costumeira, rotineira, na cracolândia. Desde dezembro, prendemos 65 traficantes só na cracolândia.”
Fonte: Folha de São Paulo