A respeito da postagem “feminista” do Geledés sobre o concurso da 1a. Miss black Power do Brasil, promovido pelo Mercado di Pret@, onde fiz parte do juri.

Estou absurdamente confusa no que algumas pessoas entendem como representatividade…
Por Alessandra Mattos no Preta&Gorda
Não vejo problema algum nos concursos de beleza negra feito por nós sem aqueles estereótipos brancos incutidos… galera precisa definir com urgência conceito de visibilidade e representatividade
Uma coisa é vc gritar sobre programas sexistas de tv usando nossas mulheres… Outra coisa é você achincalhar projeto de pret@s pra pret@s.
A autora feminista (ou autor) argumenta que pela visão feminista, concursos geram atrito e competitividade entre mulheres pretas. Postagem idiota, em vários sentidos. Pela minha ótica haviam inúmeros segmentos políticos envolvidos ali naquele dia inclusive não feministas como eu. Quem participou tanto como expectador quanto juri, sabe muito bem os critérios essenciais de avaliação das moças e do intuito do concurso como um todo. Chamo à responsabilidade de se saber com exatidão sobre o que se fala, ainda mais quando se propõe ser um veículo de comunicação.
E mas grave ainda: chamo à responsabilidade de se definir o que está à frente do que: a luta antirracista ou discussão de problemas de gênero. Porque eu como mulher preta e mulher gorda entendo sem precisar pensar muito que a estética perpassa pelo racismo assim como todas as questões de luta que envolve nosso povo. E que elevar a beleza estética em nosso meio é resistência e posicionamento preto contra um padrão eurocêntrico racista.
Alessandra Mattos.
Preta&Gorda.

Resposta do Geledés

Prezada Alessandra Mattos tomamos a liberdade de publicar a sua crítica à postagem do artigo Sobre os concursos de beleza negra extraido do site Não Aguento Quando. Mas queremos fazer algumas ressalvas:

Em primeiro lugar divulgamos exaustivamente   1º Concurso Miss BlackPower do Brasil como você pode ver por estes links

 que resultaram em mais de 12.000 compartilhamentos nas redes sociais o que dá a medida do quanto nós e noss@s leitores consideramos importante  iniciativas de valorização de nossa negritude sempre necessárias, enquanto perdurar a  discriminação que nos afeta. No entanto a própria ideia de Concurso de Beleza não é isenta de críticas e questionamentos pois entendemos que, no mundo ideal pelo qual lutamos, concursos de beleza não serão mais necessários porque a beleza de cada pessoa humana será valorizada pelo simples fato de cada uma e cada um de nós existirmos com nossa exuberante diversidade  (veja Cabelo BlackPower ). Até lá, devemos tanto valorizar a nossa negritude quanto estar criticamente atentas aos padrões consagrados que nos impõem a necessidade dessa mesma valorização. As duas perspectivas tem lugar em nossas lutas. Obrigada por seu comentário.

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