A mortalidade de homens pretos e pardos por Covid-19 nos últimos dois anos na cidade de São Paulo foi maior que a média de pessoas que morreram pela doença em toda a capital paulista, segundo um estudo realizado pelo Instituto Pólis.
Na primeira onda da Covid-19, entre maio e junho de 2020, a taxa média de mortalidade geral no município foi de 30,9 para cada 100 mil habitantes, já a de homens negros, no mesmo período, foi de 62 a cada 100 mil habitantes.
Do começo da pandemia, em março de 2020, até janeiro deste ano, a taxa de mortalidade por Covid-19 entre homens negros foi de 599 mortes par100 mil habitantes, 60% maior do que a média da capital paulista, que foi de 375 mortes para cada 100 mil habitantes.
Na comparação entre homens brancos, que registraram 459 mortes/100 mil habitantes, negros morreram 30% a mais.
Entre março e abril de 2021, na segunda onda, a morte de homens negros foi de 80,9 para cada 100 mil habitantes.
O instituto colheu dados sobre a mortalidade por Covid-19 na plataforma DataSUS inseridos de março de 2020 até 3 de fevereiro deste ano.
Ainda segundo o levantamento, no momento em que a pandemia se agravou e aumentou o número de óbitos, o impacto foi maior entre mulheres e homens negros. Segundo os pesquisadores, sempre que existe um aumento expressivo no número de mortes, a curva da mortalidade de homens negros fica ainda mais distante dos outros grupos.
Quando a pandemia piora (com aumento de mortes), o impacto é maior entre pretos e pardos.
Mortalidade por regiões de SP
Segundo os pesquisadores, as áreas com as menores taxas de mortalidade se concentram em regiões da cidade de São Paulo com maior padrão de renda.
Quem tem mais renda também tem mais acesso a serviços de saúde, assim como a melhores condições de habitação, com maiores possibilidades de isolamento, o que pode ser determinante para as chances de infecção, de cura ou morte por Covid-19.
De acordo com os dados, a população negra que mora em regiões com maior renda média parece ter sido menos impactada, em termos de mortalidade, do que a população negra que reside em áreas mais vulneráveis.
Aumento de casos
O levantamento aponta que, em janeiro de 2022, o número de óbitos aumentou 638%, em comparação com dezembro de 2021. Foram registradas 864 mortes em decorrência da doença no primeiro mês do ano, contra 117 em dezembro de 2021.