Em fórum da Unesco, Geledés aponta necessidade de incluir os meninos em políticas antimachistas

Artigo produzido por Redação de Geledés

Coordenadora de Geledés na área de Educação, Suelaine Carneiro, relatou experiências de diálogos com meninas negras

Neste segundo dia do 3º Fórum Global contra o Racismo e a Discriminação da Unesco, que aconteceu nesta quinta-feira 30 no SESC 14 Bis, em São Paulo, Suelaine Carneiro, coordenadora de Educação de Geledés – Instituto da Mulher Negra, fez um relato sobre a experiência da organização em ações antirracistas na área da Educação.

A explanação aconteceu no painel “Romper com o status quo: avançando na resiliência baseada no gênero”, do qual também participaram Felicia Marie Knaul, copresidente da Comissão Lancet sobre Violência de Gênero e Maus-Tratos contra Jovens, Diretora do Instituto de Estudos Avançados das Américas da Universidade de Miami (Canadá), Euphrasie Kouassi Yao, ex-ministra da Mulher, Família e Crianças e Conselheira Especial da Costa do Marfim para Questões de Gênero, Sohela Nazneen, bolsista sênior de Pesquisa do Instituto de Estudos de Desenvolvimento da Universidade de Sussex (Bangladesh), Himanshu Panday, cofundadora da Dignity in Difference (Índia) e Anna Rita Manca, coautora do Relatório de Resiliência Baseada em Género (Itália).

A mediadora Mariagrazia Squicciarini, diretora da Divisão de Políticas Sociais do Setor de Ciências Sociais e Humanas da Unesco, abriu o painel com a apresentação de dados do “Relatório de Resiliência Baseada em Gênero”, do qual é coautora. Entre as questões colocadas por ela está a importância de se medir o custo da violência contra a mulher e de se conseguir uma porcentagem do PIB para políticas públicas para a erradicação desse tipo de violência.

Já a ex-ministra da Costa do Marfim, Euphrasie Kouassi Yao, que também é representante da Unesco, destacou o avanço nos programas de combate à violência em seu país, com uma rede de engajamento formada entre governo e organizações da sociedade civil estabelecida nos últimos anos. A canadense Felicia Maria Knaul discursou sobre as graves consequências da violência contra a mulher na área da saúde, com doenças do coração, câncer e doenças mentais, como depressão.

Ao descrever o trabalho de Geledés na área de Educação, Suelaine Carneiro, que ainda falou em nome do Fundo Malala e da Coalizão Negra por Direitos, trouxe os resultados das escutas de rodas de conversas com meninas e mulheres negras, que têm como objetivo aliviar as frustrações, as violências, o racismo, o sexismo, o capacitismo e as LBTfobias.

Suelaine relatou que o trabalho de diálogos iniciados com as meninas negras do Ensino Fundamental II se estendeu para o Ensino Médio. “Elas clamam por espaços de escuta e acolhimento para que a resiliência se realize”, disse ela. Segundo a educadora de Geledés, esses relatos demonstram que as barreiras de contenção do avanço das mulheres seguem firmes e fortes apesar do ciclo de conferências da ONU sobre os direitos das mulheres e meninas. Ao finalizar sua apresentação, Suelaine apontou a necessidade de a Unesco e demais organizações internacionais incluírem em seus propósitos uma educação antimachista para os meninos para que eles façam efetivamente parte do combate à violência de gênero.

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