A falta de atividade contra o racismo e o discurso de ódio nos posts do Facebook está fazendo com que aumente o número de empresas que não querem anunciar na maior mídia social do planeta. Uma coalizão de grupos que lutam pelos direitos civis nos Estados Unidos lançou a campanha #StopHateforProfit na semana passada, quando instou as principais empresas do país a interromperem a publicidade no Facebook.
A reação no mundo dos negócios foi imediata e em poucos dias, redes como a The North Face e Patagonia disseram que apoiariam o movimento contra o Facebook. Outras empresas famosas nos Estados Unidos, como Upwork e Dashlane, além de marcas globais como a Coca-Cola, Hershey’s, Honda, JanSports, Levi Staruss, Verizon, Bem & Jerry’s e Unilever também aderiram.
A preocupação dessas empresas vai de encontro ao movimento de combate ao racismo nos Estados Unidos e, principalmente, o reflexo da polarização que a eleição norte-americana trará nos próximos meses, onde o presidente Donald Trump é a principal voz desses grupos radicais.
No primeiro trimestre deste ano, o faturamento total do Facebook foi de US$ 17,7 bilhões (R$ 96,9 bilhões), dos quais 98% ou US$ 17,4 bilhões (R$ 95,3 bilhões) vieram da publicidade, de acordo com o relatório divulgado a investidores.
Neste domingo (28), a Starbucks, sexto maior anunciante do Facebook – foram US$ 94,8 milhões em 2019 –, também disse que interromperia toda a publicidade em mídias sociais, embora não vinculasse explicitamente a ação ao #StopHateForProfit.
A CNN reuniu uma lista de empresas que aderiram ao boicote e pelo menos 19 empresas de nível global estão entre o grupo. A Unilever, por exemplo, retirou anúncios do Facebook, Instagram e Twitter, ação que deve perdurar até o final de 2020. A empresa disse que “continuar anunciando nessas plataformas não acrescentaria valor às pessoas e à sociedade”.
Na sexta-feira (26), após o anúncio das suspensões da mídia paga pela Unilever e Coca-Cola, as ações do Facebook tiveram uma queda de 8,3% e a empresa perdeu US$ 56 bilhões em valor de mercado.
Mark Zuckerberg emitiu comunicado na própria sexta-feira afirmando que vai marcar postagens que tenham discurso político e violem suas regras, além de adotar medidas para proteger a repressão a eleitores e proteger minorias contra abusos.
No entanto, declarou que não toma decisões políticas por causa da pressão das receitas, e um porta-voz disse que as mudanças são uma decorrência do compromisso feito por Zuckerberg de se preparar para as próximas eleições.