‘Manifesto Porongos’ : documentário é premiado em festivais internacionais

O documentário gaúcho “Manifesto Porongos”, que fala da história omitida dos negros e negras gaúchos na Revolução Farroupilha, está fazendo sucesso em festivais de cinema internacionais. O curta-metragem independente foi lançado no dia 20 de novembro de 2016, por meio de uma união do grupo de hip hop gaúcho Rafuagi com a produtora Karen Lose e o diretor Thiago Köche. O projeto une videoclipe da música do grupo Rafuagi e um documentário sobre o Massacre de Porongos e dos Lanceiros Negros na Guerra dos Farrapos, capítulos omitidos dos livros de história até hoje.

no Sul 21

O filme foi selecionado para 20 festivais nos estados do Amapá, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Alagoas, Ceará, Minas Gerais e Goiânia. Venceu 5 prêmios no Brasil: Prêmio de Melhor Documentário pelo Júri da Crítica e Melhor Trilha Sonora no CineSerra 2017 (Caxias do Sul/RS), Prêmio de Melhor Curta-Metragem Documentário pelo Júri Popular – 5º Ver Cine 2017 (Duque de Caxias/RJ), Menção Honrosa no IV Favera Festival Audiovisual Vera Cruz 2017 (Goiânia/GO) e Menção Honrosa no Festival Internacional de Cinema da Fronteira 2017 (Bagé/RS).

Diante da repercussão, o diretor Thiago Köche legendou o curta em espanhol e inglês para inscrever em festivais internacionais. E em 2018 vieram os frutos destas inscrições. O filme foi selecionado para o Plateau Festival Internacional de Cinema em Cabo Verde (África) ainda em 2017 (www.cineplateau.cv). Em 2018, o filme foi selecionado para o 5th (In)Justice For All (www.injusticeforallff.com/) em Chigaco nos Estados Unidos, um festival estadunidense que fala especificamente de injustiças sociais vindas do racismo que atinge o mundo todo, inclusive em Chicago, um dos estados mais violentos e racistas dos Estados Unidos. Em Marbella, na Espanha, o curta foi selecionado para o Premios Latino 2018 (www.premioslatino.es/), vencendo nas categorias de melhor documentário social, melhor direção e melhor roteiro.

“Recebo relatos de muitas pessoas que não cantam mais o hino riograndense, sempre muito exaltado em diversos eventos. Com o nosso documentário, as pessoas perceberam o cunho racista não só na letra como em tudo o que aquela frase de ‘povo que não tem virtude acaba por ser escravo’ representa. Não queremos estragar a cultura gaúcha, mas sim não perpetuar mais o racismo que faz com que o RS seja o estado mais racista do país. Ver essa história muito particular gaúcha repercutir tanto em festivais de cinema internacionais mostra que o racismo está enraizado no mundo todo, e que casos particulares como o de Porongos são triste capítulos de um racismo, infelizmente, universal”, diz o diretor Thiago Köche.

O documentário também teve cópias em DVD disponibilizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Rio Grande do Sul (Sintrajufe-RS) para distribuição em escolas gaúchas. Diversas exibições foram feitas em ambientes escolares, majoritariamente em escolas públicas, onde crianças negras tiveram acesso a uma parte dessa história omitida. O grupo Rafuagi acompanhou muitas dessas sessões, dialogando com as crianças e cantando após as sessões. “Estamos muito felizes de ver o material sendo utilizado como suporte de apoio pedagógico aos educadores e educandos do estado, é mudando a educação que se transforma a realidade”, diz Rafa Rafuagi, vocalista do grupo Rafuagi.

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