Ser feminista negra é uma coisa.Ser feminista branca é outra coisa.

Pra quem não sabe, Eliane é esposa do Mano Brown e produtora dos Racionais MCs. Esse é um trecho da entrevista a repórter  Marie Declercq.

Por  Arísia Barros, Do Cada Minuto 

Ser feminista negra é uma coisa. Ser feminista branca é outra coisa. Os problemas que uma mulher branca tem não chega aos pés dos problemas que uma mulher negra tem. A branca tem o problema de ser mulher, a negra tem o problema de ser os dois: mulher e negra. Se nós tivéssemos a mesma idade hoje, com certeza você teria 80% talvez mais de chances de ter um bom trabalho e de ser respeitada. Uma mulher branca não é sozinha, ela tem um homem branco. E o homem negro quer a mulher branca também.

A mulher negra da periferia sempre foi feminista. Por que? Porque a gente faz tudo, mas só não temos consciência disso. Minha mãe criou quatro filhos, de quatro homens diferentes. Ela sempre foi independente, sempre fez as coisas dela. Ela nunca se submeteu a nada, ela nunca ficou, nas palavras dela, sob o pé de ninguém. Ela criou três filhas dessa forma. Somos três mulheres e um homem. Às vezes lutamos de uma forma mais silenciosa, outras vezes a gente vai pra cima, mas a gente luta.

Inúmeras mulheres negras são assim. As mulheres negras nunca abandonam seus netos, seus filhos, os terreiros de candomblé na maioria são chefiados por mulheres negras e são elas que abraçam e acolhem todo mundo. Então o feminismo é presente. Conheço mais de 30 casas que são chefiadas por mulheres negras. Elas criam os filhos, se tem marido vai bem, se não tem marido vai bem também.

Está enriquecedor e estamos se conhecendo, adquirindo um novo conhecimento para saber que não é coisa do destino que define a vida da mulher negra. É o seu gênero e sua raça que define o que vai acontecer.”

http://www.vice.com/pt_br/read/eliane-dias-mulher-negra-feminismo-periferia?utm_source=vicefbbr

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