Por Ana Mota
A FLUP, em parceria com o CEAUP, tem cursos de Mestrado e Doutoramento em Estudos Africanos que, para além de oferecerem estágios em África, proporcionam empregos em organizações internacionais, como a ONU e a UE.
O Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP) foi criado em 1998 por um grupo de professores da Faculdade de Letras (FLUP), que entendeu ser necessário e urgente dinamizar estudos africanos no norte do país.
Dividida em três dimensões, a instituição é, por um lado, uma unidade de investigação e desenvolvimento financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), por outro, uma associação de investigação sem fins lucrativos e, por outro, uma organização para o desenvolvimento com o objetivo de colaborar com os atores de cooperação para o desenvolvimento em Portugal.
De acordo com Miguel Filipe Silva, investigador do CEAUP e editor da revista “Africana Studia”, a organização tem como principal objetivo a “investigação, a reflexão e a ação sobre problemáticas de contexto africano, em África ou em qualquer geografia onde África esteja presente”.
Apesar de pertencer à Universidade do Porto, o Centro de Estudos Africanos está aberto a toda a comunidade científica e civil e não apenas à académica, uma vez que é um espaço multi e interdisciplinar, com investigadores de várias áreas científicas.
África como referência para a investigação científica
O facto de África ser um espaço de referência para o CEAUP tem uma explicação. Segundo Miguel Silva, este continente tem “uma ligação histórica com o europeu, uma riqueza cultural e intelectual, e é um desafio procurar conhecer mais e melhor um espaço que é uma explosão de heterogeneidade”, mas para o qual quase todos olham “como um imenso bloco homogéneo e cristalizado”. Segundo o investigador, “quando dizemos ‘Em África’, na realidade não estamos a dizer nada”.
Embora o foco do trabalho seja o continente africano, existem outras áreas geográficas contempladas. O CEAUP opera com o conceito de “Sul Global”, dando aos seus investigadores e associados a possibilidade de explorarem temas como a “exclusão, a pobreza e as hegemonias (colonialismo) em qualquer continente”. De acordo com o investigador, “os problemas ditos ‘africanos’ não são um produto exclusivo de África”.
Mestrados e Doutoramentos em estudos africanos
A FLUP oferece Mestrados e Doutoramentos em estudos africanos, cujo objetivo é preparar investigadores na área e lançar profissionais para o mercado de trabalho como, por exemplo, técnicos de cooperação para o desenvolvimento que pretendam trabalhar em organizações internacionais, agências da Organização das Nações Unidas (ONU), da União Europeia (UE) ou nas embaixadas portuguesas. Neste sentido, Miguel Filipe Silva acredita que estes cursos “auxiliam na construção de uma cidadania mais intensa e participativa”.
A cooperação científica e pedagógica com as universidades africanas é um dos projetos da instituição e consiste no “estabelecimento de parcerias com centros de investigação e universidades africanas, que permitem a abertura de um corredor que facilita a inclusão de docentes e discentes africanos em cursos de formação em Portugal”. O CEAUP possibilita estágios a alunos portugueses no continente africano e convida os seus investigadores a prestar serviços de docência em África.
Fonte: JPN