Reeleita no último domingo (2) para seu sexto mandato como deputada federal, sempre pelo Partido dos Trabalhadores, ao qual é filiada desde 1980, a carioca Benedita da Silva completará 81 anos em abril do ano que vem, dois meses depois que reassumir a cadeira na Câmara Federal, em Brasília, para legislar pelos próximos quatro anos.
Benedita iniciará em fevereiro de 2023 seu terceiro mandato consecutivo na Câmara dos Deputados, onde também já esteve entre 1987 e 1994. Nas últimas semanas, a parlamentar esteve incansavelmente em campanha pelo estado do Rio de Janeiro, algumas vezes ao lado do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Em sua penúltima semana de campanha, Benedita compareceu com a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) à PUC-Rio, onde falou e emocionou um ginásio lotado de estudantes, professores e funcionários da instituição de ensino ao cantar o samba “Juízo final”, de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares.
Às suas eleitoras e eleitores fluminenses, a deputada costuma lembrar que sua origem é humilde, tendo passado a infância na favela do Chapéu-Mangueira, no Leme, zona sul carioca. Adolescente, Benedita interrompeu os estudos para ajudar a família de 14 irmãos e chegou a trabalhar como tecelã em uma fábrica de tecidos antes de iniciar sua militância nos movimentos negro e feminista nos anos de chumbo da ditadura militar no Brasil.
Nos anos 1980, ela voltou aos estudos, formando-se como auxiliar de enfermagem e, depois, em Serviço Social. Em 1983, chegou à política em mandatos eletivos, primeiro como vereadora na capital, e depois como deputada federal e senadora – a primeira senadora mulher e negra no Brasil.
Vice-governadora do Rio entre 1999 e 2002, Benedita assumiu neste último ano o cargo de chefe do Executivo fluminense. Na sequência, iniciou o ciclo de governos petistas, com o ex-presidente Lula, como ministra da Secretaria Especial de Trabalho e Assistência Social durante quatro anos. Em seguida, Benedita foi Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.
Chamada carinhosamente por amigos e eleitores de Bené, a parlamentar é evangélica da Assembleia de Deus, casada desde 1990 com o ator Antônio Pitanga. Entre os muitos projetos de valorização da cultura negra e de combate ao racismo, ela é autora do projeto que tornou Zumbi dos Palmares um herói nacional.
No auge da pandemia da covid-19, propôs na Câmara dos Deputados o projeto de lei que homenageava o compositor Aldir Blanc e ainda instituía a obrigatoriedade de o governo federal repassar R$ 3 bilhões aos estados e municípios para ações emergenciais de apoio ao setor cultural e aos artistas, uma das classes mais atingidas após o longo período de isolamento social.