Nova ordem mundial?

As consequência futuras do covid 19 são imensuráveis. Existe um questionamento constante sobre o que será de nós em meio a ansiedade e estar em casa: trabalhando, refletindo, nos vivenciando de forma ininterruptível e intensa (claro, para quem tem pode estar). Para além disso, é necessário pensar os reflexos da articulação dos novos acontecimentos.

Por  Eduarda da Silva Pereira Santos, enviado para o Portal Geledés

(Foto: Getty Images)

A partir disso, convoco para canalizarmos nossas emoções e pensamentos na “Nova ordem mundial” que está sendo firmada pelo coronavírus. Seria a introdução de uma nova crise de paradigmas? Aquele momento da história que “tudo muda”? Sendo isso ou não, não podemos esvaziar o sentido político, econômico e social que a “guerra biológica” está pondo em cheque, é para além de uma questão de saúde, o que, por sí só, já é muita coisa.

Hoje, um dos serviços mais valorizados são os de entrega, como Rappi, UberEats, etc. Como pensar a supervalorização, do dia para noite, de serviços socialmente preteridos e quais os desdobramentos disso? Seria utópico pensar que quem deveria ganhar mais com o aumento da quantidade de pedidos seriam os entregadores e não as grandes empresas?

Para pensarmos tal questão, o recorte racial precisa ser preponderante. Se essa for realmente a introdução de um novo cenário, as novas teoria não devem silenciar a raça e o racismo, como foi feito anteriormente em nome de uma questionável estabilidade, mas sim, coloca-los como fator normalizado dentro de uma estrutura estruturante mundial.

Dito isso, é impossível não abarcar a questão capitalista nessa nova configuração de um possível desenvolvimento. Silvio Almeida em seu livro “Racismo estrutural” diz que seria impossível pensar um Brasil desenvolvido sem pensar em um projeto nacional que atacasse o racismo. Será que realmente a nova ordem vai se interessar em quebrar estruturas que sustentam e regulamentam instituições e, mais do que isso, que moldam os perfis dos dominados e dominadores?!

Enfim, acredito que agora seja hora de questionar e tentar mudar uma realidade opressora que impera há muito tempo. Adiante, em meio a pandemia, cuidar do mais velhos, cuidar de quem te criou, é necessário. Essencial. Vamos nos mantes seguros, confiantes, e, como diz Caetano, atentos e fortes.

Leia Também:

Coronavírus na África, a terceira onda

A importância de estarmos juntos, mesmo à distância.

 


** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

+ sobre o tema

Racismo: Tiago Paulino contratou um taxi que o levou direto para a porta da delegacia

Jovem é preso por atitude preconceituosa de taxista Tiago...

No Sul, neonazistas queriam criar um novo país

Por: Mônica Ribeiro e Ribeiro Objetivo foi descoberto em investigações...

Ministério Público denuncia preparador físico por racismo e pede que ele continue preso

O Ministério Público de São Paulo ofereceu denúncia, nesta...

para lembrar

Erradicar a fome

O título desta coluna deveria ser “e não vai...

Julgamento de jovens brancos relança debate sobre racismo na África do Sul

Mural com imagem de Nelson Mandela: 16 anos...

Lugar de fala e ético-política da luta

O lugar de fala é o lugar democrático em...

Inocente é amarrado e torturado no meio da rua

Homem inocente foi amarrado e agredido por moradores (Foto: José...
spot_imgspot_img

X se assemelha a cidade sem lei

Faz poucos dias, o IBGE apresentou ao país as projeções atualizadas da população. Território inteiro, grandes regiões, todas as 27 unidades da Federação, 100% dos 5.570...

‘Gay não opina aqui’: estudante de 14 anos denuncia que sofreu injúria racial e homofobia de colegas de escola na Zona Sul do Rio

Um estudante de 14 anos foi alvo de injúria racial e homofobia por parte de colegas de turma do Colégio pH, no campus de...

Abordagens por reconhecimento facial têm 10% de falsos positivos, diz PM na Alerj

As abordagens conduzidas pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) com o uso do sistema de reconhecimento por biometria facial tiveram uma taxa de falsos...
-+=