dos 54 países africanos, pelo menos 40 já testaram positivo para o COVID-19; as maiores incidências estão localizadas em Burkina Faso, no Egito e na África do Sul.
curiosamente, não são os chineses os maiores propagadores do vírus no continente negro; embora haja um grande fluxo de chineses por lá.
a maioria dos casos está ligado a pessoas que vieram da Europa.
não se sabe como o vírus vai reagir em temperaturas elevadas, sabe-se que ele não é fatal para organismos jovens e sabemos que a África é um continente de população não muito longeva; apenas 5% dos mais de 1 bilhão e 300 milhões de africanos têm mais de 65 anos.
para se ter uma ideia, na Itália esse contingente é maior que 23%.
no entanto, há milhões de jovens infectados com o vírus da aids, sobretudo na África do Sul e ainda há surtos de ebóla, meningite, malária e tuberculose; e para piorar, muitas regiões apresentam quadros dramáticos de subnutrição.
na África subsaariana, 63% da população – 258 milhões de pessoas – não tem sequer acesso a sabão e água limpa para lavar as mãos.
o continente, atordoado, tenta se precaver, Angola, África do Sul, Senegal, Mauritânia, Argélia, Líbia e Egito já se fecharam para a Europa, turistas estão sendo colocados em quarentena.
a Mauritânia impôs toque de recolher e fechou cafés e restaurantes; a Nigéria, que é o país mais populoso de África, fechou escolas e impôs um limite a eventos religiosos, o Egito também esvaziou os espaços públicos com grandes concentrações de pessoas e fechou todos os centros educacionais ; a África do Sul criou restrições para botecos e afins.
muitos países já começam a fazer o controle de temperatura e dispõem de equipamentos para realizar os testes; o diabo é que os sintomas iniciais da malária, que mata 400.000 africanos por ano, são bem parecidos com os do coronavírus, o que dificulta o diagnóstico.
o precário sistema de saúde é outro agravante, faltam equipamentos, unidades de terapia intensiva e médicos.
para se ter uma ideia, a Itália, que tá perdendo de sete a um para o vírus, tem 41 médicos para cada dez mil habitantes, no continente africano há dois médicos para cada dez mil pessoas.
lembrando que a epidemia do Ebóla, entre 2014 e 2016 que atingiu Libéria, Nigéria, Serra Leoa, Senegal, Mali… levou o sistema de saúde ao colapso, deixando mais de 11 mil mortos no continente e mais de 28 mil infectados.
um drama gigantesco se desenha, é preciso saber como o mundo vai se comportar.
quando essa imagem passar a exibir rostos negros e máscaras com bandeiras de países que muita gente nem sabe o nome, saberemos se alguma coisa mudou no mundo por conta desse vírus, ou se a solidariedade humana é mesmo uma coisa epidérmica.
veremos se realmente há neste mundo as pessoas e as não-pessoas.
** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.
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