Salvador – O presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, disse que a indicação da socióloga Luiza Bairros para a SEPPIR representa uma completa mudança na forma de interlocução política que setores do Movimento Negro vinham mantendo com o Governo, e abre espaço para a entrada em cena de outros atores, que eram mantidos à margem pela lógica partidária.
Desde a criação da Secretaria, que é ligada à Presidência da República e tem status de Ministério, a SEPPIR é dirigida por uma coalizão de forças partidárias que inclui o PT, o PC do B – representados por lideranças negras desses partidos – e do PMDB, representado pelo Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB).
O convite a Bairros foi feito como parte da cota pessoal da Presidente eleita, que teria ficado impressionada com a desenvoltura da socióloga depois de conhecê-la à época em que Dilma ocupou a chefia da Casa Civil da Presidência.
“A ida da Luiza Bairros para a SEPPIR significa o desaparecimento dessa lógica, pois ela vai ampliar o diálogo para além dos setores do movimento negro que tem atuação partidária. Não tenho dúvidas de que ela convidará o Movimento Negro a participar de formulação de políticas públicas, de idéias e projetos não apenas para a SEPPIR, mas em relação a diferentes ministérios, como o Desenvolvimento Agrário, Ciência e Tecnologia e outros”, afirmou, acrescentando que isso também inclui as forças que dirigiram a SEPPIR nesses quase oito anos de existência da Secretaria.
“Precisamos ter unidade na ação. É preciso que novos atores do Movimento Negro entrem em cena em diferentes lugares. O que nos cabe agora é construir pontes, não cavar abismos. Pontes sempre levam a algum lugar, abismos não”, salientou.
Tranversalizar a SEPPIR
Segundo João Jorge, não faz sentido que o Movimento Negro continue tendo como referência de presença na Esplanada, apenas ao Ministério da Cultura, por meio da Fundação Palmares, e a própria SEPPIR.
Ele atribui o convite feito pela Presidente eleita Dilma Rousseff, a Secretária Estadual de Promoção da Igualdade da Bahia, também a reivindicação feita pelo Movimento Negro baiano, que dialogou com o governador Jacques Wagner, avalista da indicação da Presidente eleita.
“Com Luiza, ganha o Movimento Social Negro, ganham os militantes, ganham as mulheres negras. Além do que, nossa alegria não é só porque a Luiza é da Bahia. Se trata de alguém que chega a SEPPIR por conta também de um pleito nosso ao Governador Jacques Wagner. É a primeira ministra a ser indicada pela Bahia, uma mulher negra e do Movimento Negro”, afirmou.
Para o presidente do Olodum, a tarefa agora é ajudar a nova ministra. “Todos nós o que temos de fazer é ajudar a construir políticas nas áreas da juventude, para a mulher negra. Pouco atuamos até aqui no Ministério do Trabalho, na Educação, na Ciência e Tecnologia, na Justiça… É preciso ampliar essas políticas com maiores beneficiários, incluir questões que são do dia a dia da população negra. Estamos bastante animados”, concluiu.
Fonte: Afropress