Resiliência

Geledés

Na finta perfeita donde possa surgir tanto armada quanto queixada cavando, segue meu povo caminhando.

Enviado por Neymar Ricardo Santos da Silva para o Portal Geledés

Na potência da voz, do canto e do coro, segue meu povo de astúcia tranquila.

Descendo o morro, favela e vila.

Nunca foi só resistência, a força é grande, mas na ginga da sequência de Bimba, do jogo de baixo e jogo de cima, sai meia lua de compasso sendo ao mesmo tempo chute e esquiva em lateral.

Numa luta que só é dança na aparência, segue meu povo, com coro e com canto do berimbau, feito biriba verde que enverga, mas não quebra nem a pau, mostrando que mais que resistência é um povo de resiliência.

E o que é essa tal resiliência?

Palavrinha estranha ao linguajar do dia-a-dia. Entretanto anuncia que na malícia do floreio, há arma e armadilha, no sorriso e na leseira.

No saber milenar de que a reta é o mais rápido meio de um ponto a outro, contrariamos a lógica. Fingimos tapa quando na verdade marcamos a rasteira.

Não é biológica nossa contenda, isso já se sabe, até pela sua ciência.

É questão de grana, maldade, falta de amor. E nesse dissabor que temperaste este mundo. Segue meu povo, com coro e com ginga de um canto profundo, que ensina de criança, que apesar da violência que tanto espalhas, seguimos ainda aqui, firmes e resistentes, sem malemolência, por sermos cada vez mais, a própria RESILIÊNCIA.


** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

+ sobre o tema

Ações afirmativas sob ataque

O receio e o sentimento de ameaça sentidos por...

Mulheres sofrem mais microagressões no ambiente de trabalho e têm aposentadorias menores

As desigualdades no mercado de trabalho evidenciam que as empresas têm...

Agentes de Pastorais Negros: entidade nacional do movimento negro brasileiro completa 41 anos

Março é o mês do aniversário dos Agentes de Pastorais...

para lembrar

“Não me venha falar da malícia de toda mulher”

Não me venha falar da malícia de toda mulher”:...

Racismo e Solidão, precisamos falar sobre isso

Vamos falar sobre cor? Não, não vamos falar sobre...

Pela Ampliação da Maioridade Penal!

Em tempos de PEC 171, que propõe o rebaixamento...

Exposição “todo dia é dia 18”

Campanha “todo dia é dia 18” O objetivo da campanha...
spot_imgspot_img

As Ações afirmativas em tempo Espiralar: (re)existência, luta, palavra e memória

“A voz de minha bisavó ecoou criança nos porões do navio, ecoou lamentos de uma infância perdida. A voz de minha avó ecoou obediência...

Espelho, espelho meu… Na bolinha dos olhos, há alguém mais preto do que eu? O colorismo como elemento de divisão da negritude e da...

Ao menos nos últimos dez anos, ocorre um fenômeno em meio ao universo intelectual e militante do movimento negro brasileiro, que é a retomada...

Dois anos sem Moïse

No mês de janeiro a morte do refugiado congolês Moïse Mugenyi Kabagambe completará dois anos. Moïse foi vítima de uma agressão brutal que o...
-+=