Deputado Hank Johnson critica acordo e discursa contra base americana em Alcântara

O deputado Hank Johnson usou a tribuna do Congresso dos Estados Unidos para criticar o acordo entre Brasil e EUA que prevê o uso da Base da Alcântara, no Maranhão, pelos estadunidenses para lançamento de foguetes e satélites. O discurso ocorreu na última sexta-feira (27).

por Igor Carvalho no Brasil de Fato

O deputado Hank Johnson usou a tribuna do Congresso dos Estados Unidos para criticar o acordo entre Brasil e EUA que prevê o uso da Base da Alcântara, no Maranhão – enviado por Douglas Belchior

“Esse acordo entre as administrações de Trump e de Bolsonaro ameaça remover centenas de famílias quilombolas afro-brasileiras de suas terras, deslocando ainda mais comunidades marginalizadas. A Constituição brasileira providencia proteção explícita às terras quilombolas, e Trump e Bolsonaro quebram, descaradamente, desconsiderando essa proteção e tomando posse da terra”, afirmou o parlamentar, que integra os quadros do partido Democrata.

Johnson insistiu que o acordo prejudica os povos originários de Alcântara. “As expansões anteriores dessa base militar removeram mais de 300 famílias. Uma nova expansão dessa base em terras quilombolas poderá remover mais de 800 famílias de quilombolas das suas terras ancestrais constitucionalmente protegidas”, explicou o democrata, para quem o uso da base “desumaniza as pessoas nativas.”

Representante da Uneafro Brasil, organização membro da Coalizão Negra por Direitos, frente que reúne movimentos negros de todo o país, Douglas Belchior celebrou o apoio do congressista estadunidense.

“Esse debate não passou pelo Congresso americano. Os congressistas americanos não tinham conhecimento do conteúdo desse acordo. Um grupo de parlamentares ficou horrorizado com as consequências desse acordo para as comunidades afro-brasileiras. Foi fundamental levar esse assunto para lá e internacionalizar esse debate”, explicou Belchior.

Para o ativista brasileiro, a internacionalização da pauta é importante para que as reivindicações dos quilombolas de Alcântara sejam atendidas. “As nossas demandas não tem eco aqui dentro e a grande imprensa continua ignorando questões raciais como fundamentais no Brasil, internacionalizar e fazer barulho é a estratégia mais importante desse momento”, pontua.

A Coalizão Negra por Direitos também atua na luta por direitos da população negra brasileira junto ao Congresso Nacional e fóruns internacionais.

+ sobre o tema

Rompendo a invisibilidade do contexto de violência e desrespeitos as religiões de matriz africana

Palestra Período: 26/02/2018 Local: OAB/RJ Horário: 15:00 até 20:00 Palestra Intolerância religiosa? Racismo? Terrorismo? – Rompendo a...

Nota de repúdio contra resolução do Incra que viola direitos quilombolas

Ao reduzir o território por ato administrativo, sem consulta...

Do ensino público à Nasa, conheça a história de Julio Cosmo

Segundo a gigante tecnológica Oracle, o brasileiro é o...

para lembrar

NEN – Estamos de luto, mas na luta.

Faleceu no dia de hoje VICENTE FRANCISCO DO ESPÍRITO...

O IV Ìgbà e o desafio de escalar os buracos que nos levam a Palmares

por Arísia Barros A Serra da Barriga é considerada um...

III curso de extensão iniciativas negras – trocando experiências

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ III CURSO DE EXTENSÃO...

Caravana Trançando Idéias na Bienal do Livro Estande da Biblioteca Nacional

Em parceria com o CISANE- Centro de Integração...
spot_imgspot_img

Morre o escritor Nêgo Bispo, referência da luta quilombola

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas, Conaq, confirmou a morte, neste domingo, 03, do escritor e ativista Antônio Bispo dos Santos, conhecido...

Quilombolas vão à COP28 cobrar justiça climática

Comunidades tradicionais do Brasil estão presentes na COP28, conferência do clima da ONU que começou na quinta-feira (30), em Dubai, nos Emirados Árabes. Apesar disso,...

Fux volta atrás e admite entidades antirracistas em julgamento de ação contra racismo estrutural

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux recuou e admitiu que organizações que se dedicam ao enfrentamento do racismo participem como amicus curiae (amigo da corte) da ADPF...
-+=