Ainda nos arredores

Os temas superação das desigualdades raciais e eliminação do racismo terão alguma importância na campanha eleitoral de 2010? Há capacidade de pressão política no movimento negro para estabelecer um contexto em que os candidatos fossem avaliados por sua adesão ou não a esses temas?

No ano passado, quando do desligamento da senadora Marina Silva do Partido dos Trabalhadores, algumas vozes que insuflavam sua candidatura à presidência da República sugeriram que ela poderia vir a captar um possível efeito Obama entre nós.

É certo que ninguém fez na ocasião referência ao fato de que uma temática marginal teria visibilidade excepcional caso a candidata assumisse politicamente uma identidade negra e se dispusesse a discutir, com propriedade e legitimidade, o papel estrutural do racismo e a exclusão da população negra.

Nada disso. Tratava-se apenas de definir o perfil da “irmã de Obama” e colher votos concretos em domínios simbólicos. A cor poderia fazer a diferença – desde que dissociada dos constrangimentos que a temática das desigualdades raciais e a eliminação do racismo provocam entre nós.

Por que a exclusão dos negros não afeta a legitimidade dos governos que se sucedem desde o início da República? Quem pensa nisso? Quem precisa mesmo da legitimidade de seres considerados inferiores, de uma subumanidade?

Vinícius Queiroz Galvão, repórter do jornal Folha de S. Paulo questionava dias atrás a legitimidade de um representante branco do Haiti, país de maioria negra. Nossa República nunca teve sua legitimidade questionada pelo fato de ignorar solenemente a maioria da população. Ao contrário, essa parcela majoritária é que tem sua existência negada e vilipendiada: não há negros, não há racismo.

A movimentação de ativistas negros nos arredores dos partidos só confirma o quanto estamos fora do espaço público. Enquanto isso não ocorrer – a ocupação do espaço público de forma coletiva, organizada e não-subalterna, a superação das desigualdades raciais e o combate ao racismo não serão elementos de destaque de nenhuma estratégia política.

+ sobre o tema

Após bronze, Adriana critica presidente da Confederação

'Essa é para calar a boca do presidente da...

Sadé, Disney anuncia filme com sua primeira princesa africana

O estúdio fará a adaptação de Sadé, tendo assim...

A lição de Mário de Andrade – I, por Walnice Nogueira Galvão

Celebrações da passagem do aniversário de 70 anos da...

para lembrar

Anistia critica Brasil por não condenar Cuba

Por: LUCIANA COELHO Representante de entidade para a região...

PANAMÁ – En ocasión de los Censos Panamá 2010 / Antecedentes

ANTECEDENTES: Actualmente no existen estadísticas recientes...

Toni Blackman, rapper e ativista:‘O rap faz até a Matemática ser popular’

Além de cantar e compor, americana, que veio ao...

Encontro Afro-Brasileiro pela Consciência Negra

Neste mês da Consciência Negra, a Prefeitura de Teresina...
spot_imgspot_img

50 anos de Sabotage: Projeto celebra rapper ‘a frente do tempo e fora da curva’

Um dos maiores nomes no hip hop nacional, Sabotage — como era conhecido Mauro Mateus dos Santos — completaria 50 anos no ano passado. Coincidentemente no mesmo ano...

Iza faz primeiro show grávida e se emociona: “Eu estou muito feliz”

Iza se apresentou pela primeira vez grávida na noite do sábado (27), em um show realizado no Sesc + Pop, em Brasília, no Distrito Federal. Destacando...

Juçara Marçal e Rei Lacoste lançam o Amapiano “Sem contrato”

A dupla Juçara Marçal (Rio de Janeiro) e Rei Lacoste (Bahia) lançam nesta sexta-feira (26) o single “Sem Contrato” nas principais plataformas digitais e...
-+=